2. A Segunda Queda.

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Thomaz Rizzi.

A segunda queda veio através do dia em que perdi minha honra, transformando-me em um monstro que tinha ódio de ver ao encarar o espelho.

O que é um rei sem sua honra?

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Eu me irritava facilmente com as pessoas ao meu redor. Era paranóico e evidentemente perturbado, como todos diziam. Um adolescente que se comportava como um adulto, eles diziam. Um adolescente mais cruel que qualquer homem feito, eles diziam. 

O que eles não diziam, afinal não sabiam, é que eu não havia sempre sido assim. Eles não sabiam que eu vomitava todas as vezes depois de torturar alguém; eles não sabiam eu não queria ser um monstro. Mas eu era e nem mesmo querendo poderia negar isso. 

O centésimo assassinato ocorreu de forma arrastada, longa, tortuosa. Cem vezes; cem vezes que eu matei um ser humano. Em sua maioria homens cruéis, mas nem sempre. Alguns eram inocentes. 

Inocentes como a mulher me encarando fixamente, olhos arregaldos, peito subindo e descendo rapidamente. 

— Faça. — Meu pai disse com um sorriso presunçoso. — Faça ou eu machucarei sua mãe. 

Era sempre a mesma coisa. Quando ele percebeu que não poderia mais me machucar, que eu era imune a dor e a tortura, ele passou a machucar minha mãe. No começo achei que era mentira, mas ele provou quando a surrou até que ela perdesse a consciência. 

Eu olhei novamente para a menina encolhida na cama. Ela deveria ser um ou dois anos mais nova que eu; seus cabelos eram loiros e longos, sua pele branca como alabastro, seus olhos cinzentos carregados de pavor. Silenciosamente ela implorava por misericórdia, mas ela não teria misericórdia. 

— Porque devo matar uma garota? — Perguntei com um tom desinteressado, como se achasse aquilo algo estúpido. Como se meu coração não estivesse acelerado no peito. Ela era inocente. 

— Não, não. Ela é bonita demais para morrer. — Salvatore disse com sua risada nojenta. — Tome-a. O pai dela me deu ela para pagar suas dívidas de jogo. Virgem e intocada. Toda sua. 

Eu senti vontade de vomitar quando compreendi suas palavras, o que ele estava me ordenando a fazer. Eu preferia ter que mata-la. Eu preferia qualquer coisa do que aquilo. 

— Vamos lá, Thomaz. É um presente! Que homem não gostaria de foder uma virgem? 

A garota soltou um soluço desesperado. Ela era pequena e delicada, mal tinha 1,60 de altura. Meu pai apontou para a câmera na parede frente para a cama. 

— O que eu ver quando sair desse quarto, é o que estará entre sua mãe e a morte. — Ele avisou com um sorriso frio. — Divirta-se. 

A sala de câmeras ficava no segundo andar da casa, ele teria que subir as escadas e atravessar o corredor, isso me dava precisos vinte segundos antes que ele estivesse me vigiando. 

— Eu não quero machucar você. — Eu disse me aproximando até ficar de joelhos na frente dela e segurei suas mãos. — Mas eu não tenho outra escolha. Me ajude nisso para que você não sofra tanto. 

— Eu não quero. — Ela disse com um soluço trepido. — Por favor, eu não tenho culpa. 

— Qual seu nome? 

— Alice. — Ela sussurrou. 

— Meu nome é Thomaz. — Eu disse como se isso mudasse alguma coisa. — Quantos anos você tem? 

A Queda Do Rei: Segunda Geração - Livro 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora