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Os lábios quentes de Xiao Xingchen pressionam os de Xue Yang com avidez, como se a muito seu corpo ansiava por este toque tão terno.

Existe algo de muito extraordinário na forma com que o mundo parece ganhar uma nova forma quando o amor passa a correr por nossas veias, algo de belo na pureza do coração, que como uma simples criança não sabe controlar suas próprias emoções e desata em acelerar como um louco ao menor sinal de afeto, existe uma certa luz no mar turbulento dentro do ser que se julgava incapaz de ser amado, que agora se vê mergulhando em um amor, que como o próprio tempo, tende a aumentar.

Os lábios de Xue Yang se abrem lentamente, logo provando o sabor doce de Xiao Xingchen, que se misturava com o seu como se fossem feitos um para o outro. As mãos envoltas em luvas apertam a cintura fina do monge daoísta, com certa força fazendo com que este caísse em suas pernas, seus corpos unidos pareciam estar em combustão.

Os dedos de jade se apertam no fino tecido negro, deslizando pelos ombros largos com traços de uma luxúria contida.

Dois corpos estão dançando no universo contido em seus peitos, um aprendendo o que é amar alguém além do comum, outro que carrega cicatrizes de uma longa vida em que havia perdido aquele que hoje se encontra em seus braços. Nem em seus sonhos mais ousados ele pensava que um dia estaria assim...

Em tempos amarelados ele odiou Xiao Xingchen com cada pequena parte de seu ser, julgava que queria o destruir, mas quando este se foi nada lhe restou além de dor e miséria, algo imundo que corroia seu corpo todos os dias, algo que gritava em sua cabeça que havia perdido a única pessoa que o fazia se sentir um pouco mais humano, um pouco mais comum... e nesta vida a sombra do monge daoísta ainda pairava em sua mente, vez o outra lhe roubava a razão, entorpecia seus sentimentos obscuros.

Xue Yang se perguntava o que era aquela dor que havia tomado seu corpo quando o ser de beleza imortal estava sem vida em seus braços, o que eram aquelas lágrimas, aquela raiva e aquela chuva em seu coração. Nesta vida, ele soube que nada mais era do que amor, a qual ele não sabia sentir e não sabia demonstrar, jurou para si mesmo em um silêncio que por vezes se mostrava atormentador, que jamais tocaria em Xiao Xingchen, que não o mancharia... não dessa vez.

Mas o que fazer caso Xiao viesse até ele?

Cada pequena parte de seu corpo está sendo invadida por uma luz nunca antes sentida, uma primavera nos dias de inverno... parecia um pecado, provar este desejo e renunciar.

Apenas quando já não restava mais fôlego que ambos se separam, os olhos negros do monge daoísta estão carregados de certa vergonha e as maçãs de seu rosto se enchem de rubor. Xue Yang ainda está ferido, como ele pode ser tão descuidado assim?

Rapidamente ele se levanta e parece inquieto "Você está bem? Você ainda nem poderia se levantar desta forma o ferimento foi muito recente e te causou muitos danos..."

"Xiao" Xue Yang sorri com o rosto corado segurando a mão direita do outro, rapidamente ele se arruma na cama e logo deposita um beijo na mão que segurava "Eu estou bem, garanto a você, não se preocupe."

"Certo... vou chamar Meing e A-Qing."

Como se estivesse fugindo de um demônio poderoso, Xiao Xingchen praticamente corre porta à fora, sendo apenas um vulto branco para aquelas que passavam por aquela parte do pico Pétalas ao Vento.

Desta forma, Xue Yang fica sozinho no cômodo, com um sorriso bobo nos lábios e com o coração escorrendo por entre seus dedos.

■ ■ ■

Xiao Xingchen passa a toda velocidade com Shuanghua até chegar no pátio principal da seita, onde Meing estava treinando e A-Qing o observava. Ele para ao lado da pequena que estava com a Fênix.

"Daozhang" Ela sorri o gesto sendo retribuído por Xiao "O que veio fazer aqui?"

"Mestre Xue Yang acordou."

Um largo sorriso se estende pelo rosto da mesma "Meng Zhaoyin ficará muito feliz."

"Também acho..." Seus olhos correm pelo local "Aonde ele está?"

"Ali." A-Qing aponta para uma grande árvore e Xiao logo vê o jovem delicamente enrolando uma faixa na mão de um discípulo de Jiang.

"O que aconteceu?"

"Eles estavam treinando, por acidente Meing acertou uma pequena adaga na mão dele."

"Vamos esperar então."

Xiao Xingchen senta ao lado da pequena e passa a fazer carinho na manhosa Fênix. Seus olhos pousam em Meing que tem um leve sorriso em seus lábios para o jovem discípulo de Jiang.

"Me perdoe, não foi minha intenção machucar a sua mão... prometo que cuidarei dela todos os dias até que o corte tenha se curado."

O Jovem balança a cabeça em negação "Não precisa chegar a tanto, quando me proponho a treinar tenho que estar preparado para o risco de me ferir algumas vezes."

"Acho que você está certo" Meing ri "Eu vivo me machucando."

Ele passa a faixa na mão com cuidado, quase acabando a mesma, o sorriso em seus lábios morre aos poucos ao observar uma pequena marca de nascença na mão do mesmo, um risco vermelho "Dizem que quem nasce com uma marca assim, está fadado a ter grandes conquistas."

"Perdão?"

Meing ri amarrando a faixa "A linha vermelha em sua mão, é um bom presságio, ninguém nunca havia lhe dito isso?"

O mesmo nega "Não... sempre achei que era uma marca qualquer. E não me parece que me destina grandes conquistas, nunca fui um grande talento."

Meng Zhaoyin bagunça o cabelo do mesmo, em um ato de afeto "Não seja tolo, grande esforço sempre supera talentos."

Neste momentos seus olhos se voltam para a direção em que A-Qing estava e logo encontra a familiar figura do monge daoísta com ela.

"Tenho que ir." Ele se vira mas logo o discípulo de Jiang o chama fazendo seus passos cessarem.

"Obrigada."

Meing sorri "Claro, mais tarde trarei vinho para que possamos tomar juntos."

"Eu não bebo." O pobre discípulo grita sendo ignorado por Meng Zhaoyin que já estava correndo até Xiao.

Assim que o mesmo escuta que seu Mestre havia despertado ele sai na frente com Feilian, partindo a toda velocidade para o pico Pétalas ao Vento. Antes mesmo de passar pela porta, Xue Yang abre um sorriso notando a presença de Meing.

"Essa criança afobada..."

"Mestre" Ele corre apertando Xue Yang em seus braços que por um tempo fica estático. É raro o jovem o abraçar desta forma...

Quando pequeno Meing tinha um estranho hábito de dormir abraçado com Duas Faces em Sangue, ele parecia ter medo de estar sozinho em seu quarto e todas as noites se esgueirava para a cama de seu Mestre, Xue Yang sempre o repreendia quando o sol nascia outra vez, mas ainda era incapaz de o tirar de lá todas as noites. Talvez porque no fundo ele entendia, ele sabia a falta que fazia ter alguém em quem confiar, alguém que o fizesse se sentir protegido.

Com um sorriso leve Xue Yang abraça seu discípulo de volta "Não me aperte muito."

Meing ri "Me desculpa. Eu estive esperando muito para que você acordasse."

"E A-Qing?"

"Esta vindo junto ao Daozhang. Naquele dia que chegamos a Fortaleza consegui protegê-la" pela primeira vez ele solta seu Mestre se afastando um pouco, sentando na beira da cama "Eu consegui fazer sua técnica dos espectros da espada..."

Seus olhos brilham ao falar e mesmo os de Xue Yang parecem surpresos, mas por um breve momento sua atenção se volta para o curativo no rosto de Meing "O que é isto? Algum cadáver feroz te atingiu?"

Meing nega "Não... isto foi Zidian."

A expressão de Xue Yang se torna fria no segundo seguinte "Jiang Cheng o feriu?"

"Eclipse em um Lampejo de Luz" *XueXiao* Onde histórias criam vida. Descubra agora