Capítulo 17

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Quando estaciono o carro em frente à casa que Anna Wilkinson descreveu na mensagem, seguida do endereço, não contenho a expressão de espanto e o olhar surpreso que percorre os grandes pilares da entrada.

Caminho pela pequena estrada de cimento no meio do relvado frontal e pouso o dedo na campainha branca ao lado da alta e larga porta em madeira.
Olho para o meu reflexo no metal do puxador da porta e estremeço ao encarar as minhas bochechas vermelhas, talvez não devesse ter vindo com o ar quente ligado no carro.

Sou surpreendida quando uma figura de um e noventa e cinco abre a porta à minha frente. A expressão surpresa no seu rosto alegre e vívido traz um calafrio pela minha pele.
Caramba, Jonas Griffin é mais intimidante de perto.

Ele deixa-me entrar quando o pequeno Brian me avista parada na porta. Ele corre até mim com um sorriso alegre e uma gotinha de suor na sua testa indica que ele estava a fazer alguma coisa que exige esforço.

– Professora Bruna.

As minhas pernas são rodeadas pelos braços pequenos e as suas mãos ficam espalmadas nas minhas coxas enquanto os seus olhos se enchem de felicidade, o típico sorriso com janelinhas também me acolhe com ternura.

Oh, professora, já chegou. – Wilkinson aparece do mesmo lugar de onde surgiu Brian e o seu rosto vermelho indica que estava a acompanhar o filho na atividade. Futebol americano, imagino. Quando ela olha o relógio, fica espantada. – Gosta de chegar cedo?

Ela diverte-se com o rubor nas minhas bochechas e com o meu olhar tímido assim como Jonas, que me encara sorridente e com um tom descontraído.

– Não queria chegar atrasada.

Confesso e ela concorda. Sugestiva, guia o caminho até a sala e engulo em seco ao ver que é três vezes maior que a minha.
Enquanto a minha casa fica no canto da minha mente, examino com atenção o sofá enorme que preenche o ângulo de noventa graus de uma forma absurda.

O tom de couro preto está perfeitamente limpo e consigo sentir o cheiro a novo vindo dele quando me aproximo. As almofadas brancas deixam-me com medo de encostar e sujar, mas relaxo quando ela me lança o olhar terno.

Ela estica as pernas sobre o tapete felpudo e reparo que em baixo da mesa de centro retangular está um conjunto de jogos infantis.

Brian corre para poder alcançar um jogo perto da grande parede onde está a televisão para depois sair. 

Não evito engolir em seco quando vejo as prateleiras pretas preenchidas de todo o tipo de livros sobre Futebol Americano, regras de jogo, nomes de equipas e... reconheço o símbolo do Tampa Bay Buccaneers ao lado de um troféu dourado que reluz fortemente.

O ouro esculpido brilha com o reflexo da luz e sou obrigada a piscar várias vezes enquanto fito as curvas sensuais da taça que me encara com aspeto de «Sou vencedor!».

O meu reflexo aparece distorcido, mas mesmo assim consigo ver que o dourado reluz a forma como as minhas bochechas estão vermelhas e os meus olhos estão vidrados nele.

– Quer tocar?

A minha atenção é desperta quando viro a cabeça e sou surpreendida pelo par de olhos claros e grandes a examinarem-me com divertimento e um quê de reconhecimento.

Só então entendo que estou prestes a deixar a baba escorrer pela minha boca enquanto olho para a taça exageradamente bem polida.

– Perdão, – confesso, envergonhada. – é que o meu pai é muito fã do jogo e lembro-me de quando a equipa ganhou esse troféu. – aponto com o olhar.

Jogada do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora