Quando estaciono o carro em frente à casa que Anna Wilkinson descreveu na mensagem, seguida do endereço, não contenho a expressão de espanto e o olhar surpreso que percorre os grandes pilares da entrada.
Caminho pela pequena estrada de cimento no meio do relvado frontal e pouso o dedo na campainha branca ao lado da alta e larga porta em madeira.
Olho para o meu reflexo no metal do puxador da porta e estremeço ao encarar as minhas bochechas vermelhas, talvez não devesse ter vindo com o ar quente ligado no carro.Sou surpreendida quando uma figura de um e noventa e cinco abre a porta à minha frente. A expressão surpresa no seu rosto alegre e vívido traz um calafrio pela minha pele.
Caramba, Jonas Griffin é mais intimidante de perto.Ele deixa-me entrar quando o pequeno Brian me avista parada na porta. Ele corre até mim com um sorriso alegre e uma gotinha de suor na sua testa indica que ele estava a fazer alguma coisa que exige esforço.
– Professora Bruna.
As minhas pernas são rodeadas pelos braços pequenos e as suas mãos ficam espalmadas nas minhas coxas enquanto os seus olhos se enchem de felicidade, o típico sorriso com janelinhas também me acolhe com ternura.
– Oh, professora, já chegou. – Wilkinson aparece do mesmo lugar de onde surgiu Brian e o seu rosto vermelho indica que estava a acompanhar o filho na atividade. Futebol americano, imagino. Quando ela olha o relógio, fica espantada. – Gosta de chegar cedo?
Ela diverte-se com o rubor nas minhas bochechas e com o meu olhar tímido assim como Jonas, que me encara sorridente e com um tom descontraído.
– Não queria chegar atrasada.
Confesso e ela concorda. Sugestiva, guia o caminho até a sala e engulo em seco ao ver que é três vezes maior que a minha.
Enquanto a minha casa fica no canto da minha mente, examino com atenção o sofá enorme que preenche o ângulo de noventa graus de uma forma absurda.O tom de couro preto está perfeitamente limpo e consigo sentir o cheiro a novo vindo dele quando me aproximo. As almofadas brancas deixam-me com medo de encostar e sujar, mas relaxo quando ela me lança o olhar terno.
Ela estica as pernas sobre o tapete felpudo e reparo que em baixo da mesa de centro retangular está um conjunto de jogos infantis.
Brian corre para poder alcançar um jogo perto da grande parede onde está a televisão para depois sair.
Não evito engolir em seco quando vejo as prateleiras pretas preenchidas de todo o tipo de livros sobre Futebol Americano, regras de jogo, nomes de equipas e... reconheço o símbolo do Tampa Bay Buccaneers ao lado de um troféu dourado que reluz fortemente.
O ouro esculpido brilha com o reflexo da luz e sou obrigada a piscar várias vezes enquanto fito as curvas sensuais da taça que me encara com aspeto de «Sou vencedor!».
O meu reflexo aparece distorcido, mas mesmo assim consigo ver que o dourado reluz a forma como as minhas bochechas estão vermelhas e os meus olhos estão vidrados nele.
– Quer tocar?
A minha atenção é desperta quando viro a cabeça e sou surpreendida pelo par de olhos claros e grandes a examinarem-me com divertimento e um quê de reconhecimento.
Só então entendo que estou prestes a deixar a baba escorrer pela minha boca enquanto olho para a taça exageradamente bem polida.
– Perdão, – confesso, envergonhada. – é que o meu pai é muito fã do jogo e lembro-me de quando a equipa ganhou esse troféu. – aponto com o olhar.
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Jogada do Amor
RomanceDuas pessoas com um passado em comum, separadas por traumas obscuros. Uma vida que gira em torno de ter futebol americano com refúgio. Outra vida que não quer deixar de ensinar crianças prodígios. Será possível ultrapassar os segredos no meio de ta...