Capítulo 89

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– Um pedido de desculpas? – Parker diz estupefacto.

– Desculpe? – o diretor respira fundo e vira-se completamente para ele.

– Ela não merece nada! Ela engana-o, ela manipula todos para que não descubram as coisas que ela anda a fazer nas nossas costas e você acha que lhe deve um pedido de desculpas? Não seja palerma! – exclama irritado.

– Quem é você para me levantar a voz? – tenho um pequeno susto quando o diretor se levanta da cadeira num rompante e fala com tom duro. – Atreve-se a falar-me assim depois de tudo o que fez? – acusa. – Eu bem me parecia que todas as suas bondades vinham acompanhadas de segundas intenções...

– Nunca, senhor Stoltz. Sempre fui verdadeiro consigo. – ele assume. Tsc, mentiroso.

– Não se enterre mais! – Stoltz ordena. – Cale-se e deixe-se ficar calado até que a polícia chegue.

– Polícia? Mas para que vai colocar a polícia no meio disto? Não sabe resolver as coisas pacificamente? – o nervosismo dele enfurece-me.

– Não acha que o facto de ter colocado o emprego de uma excelente professora em causa seja motivo suficiente? – Stoltz parece ainda mais irritado. – E não me venha com desculpinhas de meia-tigela porque não vou tolerar isso. O seu tempo aqui, acabou. E no que depender de mim, não vai trabalhar nesta área nunca mais. – ele corta as palavras de Parker.

– Mas-... – tenta protestar.

– Bruna, ofereço-lhe as minhas mais sinceras desculpas por toda esta situação. Cabe-lhe a si aceitá-las ou não. O que realmente me importa é saber se está disposta a voltar a trabalhar aqui. – o arrependimento do diretor é-me estranho mas bem recebido.

– Estou sim, senhor diretor. – concordo.

– Perfeito. Ainda não tinha enviado as minhas cartas e não o vou fazer, mas sei que vou ter outros trabalhos demorados daqui para a frente. – ele suspira e debruça-se sobre as coisas que depositei em cima da sua mesa. – Se não se importar vou ficar com estas provas para quando a polícia chegar.

– Esteja à vontade, senhor diretor. – concordo e recolho o meu telefone.

– Quanto à gravação do seu telefone, envie-me por e-mail agora mesmo. – ele ordena e assim eu faço.

Em poucos minutos, somos surpreendidos por duas batidas fortes na porta do escritório do diretor. Na verdade, eu e o Parker somos os únicos surpreendidos porque o diretor ordena que entrem com uma naturalidade fora do comum. Mas claro, ele sabe quem é.

Assim que a polícia entra e permanece em pé depois de apertar a mão a Stoltz, ouve-se um estrondo ao meu lado. Parker cai na cadeira e fica sentado, a agressividade com que faz isso provoca um ranger dos pés da cadeira no chão.

Os suspiros vindos dele fazem-me negar com a cabeça, mas não tanto quanto a noção de que vou perder umas boas horas aqui.
Por surpresa, isso não acontece.

Apenas presto depoimento ao senhor agente e tenho ordem para sair, mas antes, Stoltz acompanha-me até à porta.

– Retorne no início das aulas para falarmos mais formalmente.

Quando saio do escritório, a continuidade do tom forte do diretor causa-me arrepios na espinha.

Caminho a passos largos até à saída e só quando chego ao carro de Paula é que consigo respirar de alívio.

Sinto o coração em batidas descompassadas e respiro fundo enquanto vejo outro carro da polícia aproximar-se do estacionamento da escola.

A minha garganta fecha quando acenam em cumprimento e retribuo.
Os dois homens caminham com pesar para o interior e deixo de os ver assim que passam a porta de entrada.

Jogada do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora