– Um pedido de desculpas? – Parker diz estupefacto.
– Desculpe? – o diretor respira fundo e vira-se completamente para ele.
– Ela não merece nada! Ela engana-o, ela manipula todos para que não descubram as coisas que ela anda a fazer nas nossas costas e você acha que lhe deve um pedido de desculpas? Não seja palerma! – exclama irritado.
– Quem é você para me levantar a voz? – tenho um pequeno susto quando o diretor se levanta da cadeira num rompante e fala com tom duro. – Atreve-se a falar-me assim depois de tudo o que fez? – acusa. – Eu bem me parecia que todas as suas bondades vinham acompanhadas de segundas intenções...
– Nunca, senhor Stoltz. Sempre fui verdadeiro consigo. – ele assume. Tsc, mentiroso.
– Não se enterre mais! – Stoltz ordena. – Cale-se e deixe-se ficar calado até que a polícia chegue.
– Polícia? Mas para que vai colocar a polícia no meio disto? Não sabe resolver as coisas pacificamente? – o nervosismo dele enfurece-me.
– Não acha que o facto de ter colocado o emprego de uma excelente professora em causa seja motivo suficiente? – Stoltz parece ainda mais irritado. – E não me venha com desculpinhas de meia-tigela porque não vou tolerar isso. O seu tempo aqui, acabou. E no que depender de mim, não vai trabalhar nesta área nunca mais. – ele corta as palavras de Parker.
– Mas-... – tenta protestar.
– Bruna, ofereço-lhe as minhas mais sinceras desculpas por toda esta situação. Cabe-lhe a si aceitá-las ou não. O que realmente me importa é saber se está disposta a voltar a trabalhar aqui. – o arrependimento do diretor é-me estranho mas bem recebido.
– Estou sim, senhor diretor. – concordo.
– Perfeito. Ainda não tinha enviado as minhas cartas e não o vou fazer, mas sei que vou ter outros trabalhos demorados daqui para a frente. – ele suspira e debruça-se sobre as coisas que depositei em cima da sua mesa. – Se não se importar vou ficar com estas provas para quando a polícia chegar.
– Esteja à vontade, senhor diretor. – concordo e recolho o meu telefone.
– Quanto à gravação do seu telefone, envie-me por e-mail agora mesmo. – ele ordena e assim eu faço.
Em poucos minutos, somos surpreendidos por duas batidas fortes na porta do escritório do diretor. Na verdade, eu e o Parker somos os únicos surpreendidos porque o diretor ordena que entrem com uma naturalidade fora do comum. Mas claro, ele sabe quem é.
Assim que a polícia entra e permanece em pé depois de apertar a mão a Stoltz, ouve-se um estrondo ao meu lado. Parker cai na cadeira e fica sentado, a agressividade com que faz isso provoca um ranger dos pés da cadeira no chão.
Os suspiros vindos dele fazem-me negar com a cabeça, mas não tanto quanto a noção de que vou perder umas boas horas aqui.
Por surpresa, isso não acontece.Apenas presto depoimento ao senhor agente e tenho ordem para sair, mas antes, Stoltz acompanha-me até à porta.
– Retorne no início das aulas para falarmos mais formalmente.
Quando saio do escritório, a continuidade do tom forte do diretor causa-me arrepios na espinha.
Caminho a passos largos até à saída e só quando chego ao carro de Paula é que consigo respirar de alívio.
Sinto o coração em batidas descompassadas e respiro fundo enquanto vejo outro carro da polícia aproximar-se do estacionamento da escola.
A minha garganta fecha quando acenam em cumprimento e retribuo.
Os dois homens caminham com pesar para o interior e deixo de os ver assim que passam a porta de entrada.
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Jogada do Amor
RomanceDuas pessoas com um passado em comum, separadas por traumas obscuros. Uma vida que gira em torno de ter futebol americano com refúgio. Outra vida que não quer deixar de ensinar crianças prodígios. Será possível ultrapassar os segredos no meio de ta...