Capítulo 1 - Enchanted to meet you

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There I was again tonight forcing laughter, faking smiles

Same old tired, lonely place


Estrelas prateadas pontilhavam o céu naquela noite de outono. A temperatura no início da noite de sexta era agradável: fresca com ocasionais brisas vindas do lago no centro da cidade, que arrepiavam os pelos dos braços.

Aproveitando o início do final de semana, jovens saíam em grupos passeando pela cidade. Iam ao cinema, ao lago, faziam compras. Quase sempre acabavam se encontrando no café da praça, comendo croissants doces e lotando mesas com risadas e seus espíritos juvenis. Em uma dessas mesas se encontrava Rose Hathaway. Uma jovem de vinte e cinco anos terminando a faculdade de direito e perdida, sem saber o que faria assim que recebesse o diploma.

Rose estava acompanhada por um grande grupo de amigos, embora apenas três dentre eles ela considerasse realmente. Lissa, Mason e Eddie eram seus melhores amigos de infância e ela estava ali apenas por eles estarem também.

Era por eles que suportava os flertes de Jesse Zecklos – que queria por que queria seduzi-la e leva-la para a cama – e os comentários maldosos de Mia Rinaldi. Por eles que ria das histórias de Avery Lazar que não soavam verdadeiros aos seus ouvidos e sorria com gentileza para Natalie Dashkov, prima de Lissa que era boazinha de mais para ser saudável. Rose fazia isso por eles. Por seus amigos que pareciam gostar de tudo e todos. Que culpa tinham eles, se ela era exigente demais com quem forjava laços? Então Rose se entrosava, embora superficialmente, com o grupo que sempre saia junto.

Aquela noite não tinha nada para ser especial. Foram ao cinema ver um filme de ação e depois passearam pelas ruas vendo vitrines, para o desespero dos rapazes do grupo. A certa altura, como todos os finais de semana, foram parar no café para comer. O grupo de sete de repente tornou-se quinze e Rose sentia-se sufocada naquela bagunça de conversas atravessadas que não lhe interessavam.

Vagou o olhar pelo lugar lotado. Sempre as mesmas pessoas, percebeu. Tirando alguns turistas e suas câmeras apontadas para todos os lados. Mas era época de baixa temporada, ocasionando em seu numero reduzido consideravelmente.

Então ela o viu.

Cabelos compridos, alguns centímetros abaixo das orelhas, e castanhos. Uma blusa escura - não conseguia distinguir a cor de onde estava - de gola v e mangas dobradas até os cotovelos. Tinha uma xícara de algo quente a sua frente e um livro de capa de couro na mão. Estava sozinho.

A visão do homem entretido na leitura a distraiu a ponto de fazê-la indagar quem o estranho era. Qual livro estaria lendo? Por que estava sozinho? Ele era o único rosto que se destacava em meio ao turbilhão de gente. Talvez fosse a calma que ele exalava. Como ele conseguia ler em um lugar tão barulhento como aquele?

Rose suspirou e desviou o olhar do estranho. Havia se cansado daquele teatro. Levantou-se e se afastou rapidamente com a desculpa de que iria ao banheiro antes que alguém pudesse ter a ideia de acompanha-la ou chama-la de volta.

Estava tão cheia! De falsos sorrisos e falsas amizades, de fazerem sempre as mesmas coisas e irem aos mesmos lugares. Mesmo as festas, cheias de bebidas e beijos, tornaram-se tediosas. Não queria nada disso! Desejava aventuras, saídas sem planejamento, conhecer lugares e pessoas novas. Repudiava o ócio e a rotina.

Queria mudança. Ouvira uma frase certa vez que dizia "Seja a mudança que você deseja para o mundo". Bem, Rose estava disposta a por em prática. Se ela queria mudança, deveria sê-la, correria atrás. Queria ser como o estranho que vira minutos atrás.

Iria embora. Não suportaria mais a presença daquelas pessoas ali. Desculpar-se-ia com seus amigos mais tarde. Estava na hora de pensar nela.

Decidida, não olhou para o lado onde estavam seus amigos e companhia enquanto caminhava para fora do local. Se eles a chamassem temia não ter forças para continuar seu plano.

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