théâtre bidon.

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Um plot onde Lara é uma palhaça com um senso de humor esquisito e é apaixonada na maior bailarina do circo.

esc: lara.
inspirado num poema da atriz gabisteca.
1079 palavras.

1079 palavras

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[...]

Eu não notei por quanto tempo eu a admirei fazendo os mesmos passos da última vez. A bailarina bonita executava seus movimentos com tanta delicadeza que eu jurei ver ela deslizando sobre o piso branco, era bom vê-lá. Soava como um anjo. E o resto do circo estava certo em considera-lá a melhor.

Tainá sempre fechava os olhos enquanto realizava seu solo perfeito. Mesmo com meus lábios sendo mordidos por uma leve preocupação eu realmente ficava impressionada de como ela conseguia andar na corda bamba daquela forma.

Segui o seu ensaio inteiro com meu olhar nos seus passos, as sapatilhas pequenas com as pontes tortas pareciam estar alí apenas para combinar com o resto do traje azul claro, porque Tainá parecia não precisar delas nem um pouco.

Bati palmas descontroladamente de pé quando ela terminou aquilo, seus olhos se abriram devagar enquanto um sorriso de lado aparecia em seus lábios e eu jurei não ter cena mais bonita. Porém logo após descobri que eu estava errada quando ela caminhava em minha direção.

— Meus ensaios não são abertos ao público, querida. — Murmurou ainda longe, meu corpo se arrepiou com o apelido.

Acho que era por esses motivos que a bailarina ainda não sabia meu nome.

— Não me tira desse circo! Eu gosto de te ver fazendo essas piruetas esquisitas. Você sabe. — Eu disse apoiando meu rosto em minha mão a admirando, Tainá sorriu de novo.

— Combinamos de sem aplausos, lembra? O dono não pode te ouvir aqui. — Sua sobrancelha esquerda se levantou rapidamente e logo em seguida estava no mesmo lugar de antes, aquilo foi bonito.

As pequenas manias e os detalhes da bailarina a deixavam mais atraente, e eu não tinha ideia se tinha mulher mais bonita.

— Aplausos me encantam. Mesmo quando eles são pra você numa corda bamba com uma possível queda dolorosa. — Encolhi os ombros diante daquela mulher linda, que ainda me olhava. — Você merece ser aplaudida só por respirar.

Ela sorriu surpresa enquanto eu permaneci com o meu olhar sobre o seu rosto, quando Tainá estava prestes a se afastar pra fazer aquilo de novo, comecei a pensar em formas de fazer ela conversar comigo.

Meu assunto com ela variava todas as vezes, acho que é por isso que ela sempre permanece nas conversas até meu último suspiro apaixonado em seus olhos. A bailarina espera até eu falar algo que faça ela rir mais do que eu normal pra continuar o seu ensaio.

— Ah! Vem cá. Por que que a gente não entra num grande teatro... — Se aproximou enquanto eu falava. — Onde eu finjo ser o mais perfeito dos romeus e você me olha com seus olhos frios de baixa estatura julietiana... E nós aproveitamos o nosso amor inventado enquanto deitadas no veneno mais profundo da nossa mente?

Eu gesticulava com as mãos enquanto eu falava, puxando mais ainda a atenção da bailarina pra mim. Funcionava. Ela gostava do meu papo esquisito.

— É que esse show faz bem pro ego, e eu sempre gosto. Não nego. — Respondeu enquanto se apoiava na barreira que nos separava, me olhando.

— Verdade! Mas é interessante a ideia de não te ver. — Pensei naquilo com um sorriso mixuruca, quando sua turnê começasse pelo país, eu provavelmente não estaria junto para ver ela sendo incrível como sempre. — Olha! Por que que a gente não tira logo uma carta e você decide o que a gente sente?

Rapidamente tirei um pequeno bolo de baralho do meu bolso e os embaralhei apontando para Tainá, que os olhou por um bom tempo.

— Porque eu sei que você é real. — Abaixou minhas cartas voltando a me olhar. — Enquanto nós somos a mais fajuta mentira.

— Ah... Nós trabalhamos pra um teatro de esquina. — Bufei fraco fazendo ela rir com a minha reação. — Um teatro não ensaiado e que falta atores!

Me expressava na minha falsa atuação, criada apenas para chamar a atenção dos olhos da bailarina, eu alisei o rosto de Tainá por alguns instantes.

— Mas mesmo assim você me daria um beijo doce antes que a plateia aplauda. — Segurei suas mãos passando por volta do meu corpo enquanto eu deitava a cabeça em seu ombro, seu olhar era mais forte.

Aquilo seguiu por instantes e logo eu voltei pro meu lado da barreira, continuando a falar.

— Somos atrizes fajutas e com frases decoradas, e aí eu te dou um flerte que me foi passado e você de uma forma me olha de lado e sorri. — Meu sorriso foi involuntário quando eu pensei naquilo, ela sorriu também. — Uma pena que sabia exatamente o que eu ia falar.

Minha expressão caiu e agora eu apenas a olhava.

— Eu odeio o nosso falso sentir, bailarina! Mas eu amo a nossa mentira. — Voltei a sorrir.

— O tanto que eu amo um teatro fajuto... — Ela disse ainda apoiada na barreira, não notei quando mexeu em meu chapéu de cowboy que eu tinha roubado no vestiário, o levantando.

— É que eu sempre fui uma atriz meia boca. — Sorri e ela sorriu de volta. A bailarina me puxou pela camisa e eu colei na mini falsa parede que nos afastava.

— Eu não entendo nada do que você fala, querida. — Disse, notei exatamente o momento que Tainá molhou os lábios olhando pra minha boca.

— Por isso sempre me embaralho nas minhas palavras, sua atenção continua em mim.

Ela continuou me puxando e eu a observava sem entender o porquê ela tinha me agarrado hoje. Foi diferente das últimas conversas que ela só ria e ia embora.

Quando sua mão esquerda tirou meu chapéu de mim e me puxou mais pra perto novamente, eu comecei a entender os feitos da mulher angelical. Tainá me beijou devagarzinho, como se quisesse aproveitar mesmo, e eu não pude me sentir mais sortuda por estar tão próxima dela assim.

Minutos passaram e ela me soltou de fato. Começou a rir fracamente quando ouviu um suspiro sair da minha boca.

— Aí, bailarina!... — Sussurrei com a mão no peito, uma expressão apaixonada em mim.

— Depois você vai me contar mais sobre esse teatro fajuto, querida? — Questionou com um sorriso no rosto, concordei rapidamente. — Certo, até depois, palhacinha.

Assim que eu me sentei de novo, Tainá beijou minha testa e saiu de perto voltando pro centro do pátio do circo, subiu na corda e voltou a treinar. Perfeitamente.

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⏰ Última atualização: Feb 07, 2022 ⏰

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𝐎𝐍𝐄 𝐒𝐇𝐎𝐓'𝐒 - 𝗍𝖺𝗂𝗅𝖺𝗋𝖺.Onde histórias criam vida. Descubra agora