Ascensão Ackerman

A Ordem: Casem-se

Era estranho a forma em como um assunto meramente sobre trabalho, havia destrambelhado de uma forma sutil e surpreendente para a sua vida pessoal. Hange era sua melhor amiga, além de ser parceira de trabalho que Levi confiava plenamente assim como Comandante Erwin, porém, O Capitão Levi detestava quando o assunto de alguma forma se esgueirava em relação a ele.

–Você algum dia deseja se casar? – Levi arqueou a sobrancelha com a pergunta de Hange. Aquele assunto mexia com os seus nervos.

–Claramente não.

–Porque?

–Porque eu não tenho motivo para casar, e isso é uma perda de tempo.

O Capitão Levi deu sua vida e ofereceu seu coração exclusivamente para a Tropa de Exploração, em prol de servir a humanidade contra os titãs. Quando Erwin apareceu no subterrâneo, compreendeu que aceitou emprestar a sua força para a Divisão de Reconhecimento em troca da sua liberdade por todos os seus crimes cometidos no subterrâneo quando lutou para sobreviver, mas, com o passar dos anos, servir a Divisão de Reconhecimento se tornou muito mais do que aquilo. Fechou o seu coração e suas emoções para qualquer tipo de distração, como romances e uma vida normal, somente para matar titãs e treinar os novos soldados que sempre entravam para o seu esquadrão. Obviamente, todos que chegavam já recebiam treinamento de como usar DMT, lâminas, além de um estudo sobre os titãs, porém, mesmo assim, ele aplicava alguns treinamentos, justamente como deveriam agir quando estivessem sobre as ordens dele em combate. Uma garantia válida de que eles não morreriam facilmente quando saíssem para explorar fora daquelas muralhas, por isso, Levi nem pensava em casamento. Ele descartou qualquer possibilidade disso algum dia acontecer. E nem queria.

–E filhos? Nunca pensou em deixar algum herdeiro?

Hange parecia se divertir em como deixava o Capitão Levi com esse tipo de pergunta. Às vezes ele era imperturbável, mas outras vezes, quando tocado o assunto de sua vida pessoal, ele ficava bravo. Era um campo muito minado para se aventurar sobre os pensamentos de Levi, um lugar obscuro em que só ele tinha acesso e mais ninguém.

–Também não. –Respondeu ele. Filhos? Jamais pensou em ter. Hange estava desviando muito do foco de trabalho para conversar abobrinhas.

–Porque não?

–Porque não. –Disse ele. –Você acha que eu tenho cara de pai? Eu não tenho paciência para cuidar desses pirralhos aqui, imagine de uma criança pequena.

–Aqui os "pirralhos" são os seus soldados. –Hange bebericou o chá de camomila dentro da xícara. –Mas um filho seu, do seu sangue, é muito diferente disso.

–É talvez... –O Capitão folheou alguns arquivos em cima da mesa que Hange lhe trouxera.

–Mas sabe, você algum dia pode mudar de ideia sobre ter um herdeiro do seu sangue. –Hange deu uma leve cotovelada no braço dele, divertida.

–Eu duvido muito. Diria até impossível! –Levi parou em um parágrafo do papel que atraiu a sua atenção, ignorando aquela cotovelada que sequer fez cócegas nele. Até quando continuaram naquele assunto? –Mas que diabos de interrogatório é esse sobre minha vida pessoal? É uma entrevista de emprego?

Hange riu. –Mais ou menos, Levi.

–Explique isso aí!

–Digamos que você vai receber uma grande surpresa, capaz de fazer você cair da cadeira. –Ela segurou o riso, se contendo para não contar o pouco que sabia. A Rainha História pediu para que mantivesse segredo, até que a ideia fosse muito bem trabalhada minuciosamente.

–Que surpresa?

O Capitão cessou sua atenção a aqueles papéis quase que imediatamente. Hange mencionando surpresa, e rindo daquela forma, não cheirava muito bem. Pode notar algo estranho no ar, algo que o Capitão ainda não sabia, mas Hange sabia.