Sobre Nós Dois

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O café da manhã na bandeja consistia em panquecas, geleia de frutas vermelhas, nozes, bolo de cenoura com cobertura, e leite "queimado" que nada mais era, do que açúcar derretido com leite. O Copo era apenas um. Levi não pode deixar de notar a boa vontade de Mikasa em dividir aquela refeição com ele, mas, no meio de todas aquelas coisas, o que somente lhe interessou foi as panquecas. Ele pegou duas, colocando no pratinho para forrar o seu estômago aquela manhã.

–É uma pena que não tenha chá, nesse raio de lugar. –Levi se expressou contrariado. Passou as últimas 24 horas sem tomar chá preto, o seu combustível e calmante para a mente acelerada.

–Passar um dia sem beber chá não é o fim do mundo. –Mikasa abriu a boca para falar corajosamente. Não compreendia o apreço dele por chá, entretanto acreditou ser um costume de velho. O que sempre foi muito comum. –Tem leite. –Ela colocou o único copo para ele, muito calma.

Levi pegou o copo e bebericou o leite. Doce, como os lábios de Mikasa. O sabor foi o gatilho para lembrar da noite quente. Olhou para ela que nitidamente esperava alguma reação da sua parte, de horror ou satisfação.

–Não está tão ruim assim, beba. –Ele devolveu o copo ao lugar, sugerindo que Mikasa experimentasse. Gostava de leite, dependendo da forma de preparo.

Mikasa experimentou humildemente. Arqueou a sobrancelha, surpresa. –Falta mais açúcar. Erraram na medida.

–Tem açúcar até demais. –Ele franziu o cenho, com um leve repúdio.

–É porque você não come açúcar, por isso está achando doce demais. –Ela retrucou de volta, sabendo pelas infinitas horas que esteve com ele no quartel que Levi não era adepto a coisas doces. "Chato" balbuciou algo que imaginou, mas foi inaudível para ele não perceber.

Levi comeu as panquecas e Mikasa usufruiu do bolo de cenoura com geleia de frutas vermelhas com muito gosto. Mikasa sempre foi um tipo de pessoa que nunca teve problemas com comida. Comia de tudo, sem reclamar, mas às vezes a fome não chegava ao seu estômago e ela pulava as refeições. Claro, existiam comidinhas prediletas que poderiam se tornar um hábito viciante, como os misteriosos docinhos de bananas com calda caramelizada que Elizabeth colocava arrumado na mesa dentro de um embrulho, para acompanhar o seu café da manhã, todos os dias.

–Você sempre tomou chá preto? –Perguntou ela com essa pergunta martelando a sua cabeça, de forma latente.

–Não sempre.

–E porque começou a gostar?

–Porque pode ser quente e amargo como a vida. –Ele limpou seus dedos no guardanapo, reflexivo. Foi uma verdade dita, e nunca se sentiria estranho por falar isso. –Tem alguma comida predileta além de caldos?

–Espaguete. –Mikasa passou o dedo no canto dos lábios para tirar o farelo de bolo. Seus lábios estavam frágeis e doloridos, e sempre que abria a boca para falar, a dor vinha com maior força. Queria saber o que tinha feito, mas não quis perguntar, para não ser chamada de irresponsável. Mesmo que Levi fosse marido, ele ainda era o Capitão dela. Seus comentários e opiniões a respeito de alguma coisa sempre foram grosseiros, então descartou a possibilidade da pergunta.

–Interessante. –Levi disse por fim, molhando seu lábio seco com a ponta da língua que passou rapidamente. Seus lábios inchados chamaram a atenção de Mikasa.

–E você? –Ela continuou o assunto, disposta a ir mais longe.

–Gosto de massas, carnes bovinas, e coisas salgadas.

–Então você também gosta de espaguete. –Mikasa raciocinou rapidamente.

–Ainda não experimentei para dizer claramente sobre isso.

Ascensão AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora