Dado o horário para se levantar, Mikasa deixou o refúgio da cama. Ainda estava um pouco dolorida no centro das pernas para o ventre, porém a sensação era sutil. Se estranhou por ter tomado tamanha coragem para se permitir que aquilo acontecesse com o Capitão dela. Talvez estivesse um pouco chocada consigo mesmo. Mas, estava feito. Prometeu para si mesmo que não daria brechas para o arrependimento, embora História tivesse parte de culpa nisso, por tê-la pressionado com esse dever. Não foi como ela esperava, e não poderia esperar diferente se foi algo não natural. Além de tudo, a primeira vez sempre deixava um vestígio de sofrimento. Relato que ouviu de Sasha, após ter perdido com Connie.
Se lavou direitinho no banho, e se uniformizou deixando os seus dentes bem limpinhos. Passou os dedos nas suas mechas organizando a franja, e se encontrou preparada para descer. Estava com uma súbita sensação de frio na barriga. Odiava essa sensação sempre que se tratava de algo relacionado a Levi. Não sabia como olharia para Levi agora, depois do que aconteceu.
Deixou o quarto, fechando a porta devagarinho e desceu para a cozinha, cruzando com os outros cômodos. Puxou uma cadeira para se sentar, com Levi na sua frente, sentado fielmente na mesma cadeira que sentava todos os dias, apreciando o seu chá morno. Por hora, Mikasa evitou de cruzar o seu olhar com o dele, fixando toda a sua atenção no prato em cima da mesa, com fatias de pães e manteiga derretida. Ao lado pode enxergar um docinho. Um docinho de banana. Franziu o cenho. Por obra do acaso, este era o seu doce preferido. Encontrou um motivo para ficar contente pela manhã. Comeu o seu café da manhã silenciosamente, degustando da sua sobremesa por último, para sua cabeça não se impressionar com Levi no seu quarto, em cima dela, na noite anterior.
A cada gole de chá, Levi fez uma observação somada a um cálculo mental. Em todas as manhãs, Mikasa sempre foi muito silenciosa, ao contrário daquele ser barulhento que sempre era. Durante os dois meses, os conflitos entre eles diminuíram consideravelmente, e agora percebia pouco a pouco as outras facetas de Mikasa. Pensou que assim como ele, Mikasa cedeu a ideia de História. A pressão funcionava. Fato. Ele usou esse método várias vezes para interrogar suspeitos indispostos a colaborar, agora História se utilizava do mesmo método.
Não tirava a razão da Rainha, embora discordasse com o rumo que as coisas tomaram. História assumiu o trono mesmo que não quisesse ou não se sentisse capacitada. Foi ele quem deu um choque de realidade nela, para que parasse de agir como uma criança perdida e assumisse a responsabilidade. Aquilo era o dever dela. É melhor do que morrer sendo devorada por um titã. Agora, presumiu que recebia o troco por ter sido tão rude com Historia Reiss. No entanto, se conscientizou que a História apostou todas as fichas neles dois, como se fossem o seu último recurso, um ÁS nas mangas, a última esperança caso futuramente as coisas começassem a feder de tão ruins. E tanto ele quanto Mikasa teriam que agir como adultos, e assumir essa responsabilidade. Não só pelo fato de gerarem uma criança, mas também proteger as pessoas de Paradis. Era um dever para com a Tropa e com toda a humanidade. Mas uma coisa estava em jogo: os seus sentimentos, vontades e desejos. Por mais que fosse uma pessoa dura, não poderia ignorar isso.
–Rum. –Levi murmurou e Mikasa olhou rapidamente para ele.
–Porque você é sempre tão chato? –Mikasa se endireitou na mesa perturbada com a maneira que ele olhava para ela. Tudo o que ela menos queria: Ser observada e analisada silenciosamente, com aquele olhar cortante.
–Chato? –Levi repetiu buscando saber o porquê da implicância repentina. Era muita petulância. –Não seja insolente. –"Eu estou no meu canto. O que ela está querendo?" Pensou ele.
–Aqui você não é meu Capitão. –Retrucou ela, por ter sido chamada de insolente fora do horário de serviço com a Divisão de Reconhecimento.
–Obviamente, não. –Ele rolou de olhos voltando a xícara na mesa, agora vazia. Nem sequer pôde formular uma hipótese para essa postura repentina de Mikasa, em uma manhã tranquila. Escolheu provocá-la por sua insolência sem sentido. –Porque não cala a boca e me beija logo? Usaria essa boca melhor do que falar um monte de bobagens.
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Ascensão Ackerman
RomanceUm casamento forçado entre o Capitão Levi e Mikasa é imposto pela Rainha História devido a Família Ackerman extinta. Não existiu o mínimo direito deles recusarem. A única relação que os dois nutriam pelo outro, era de ódio. Porém, o casamento se tor...