Capítulo 2

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Depois de ficar estranha em relação à Maraisa, Almira me traz uma pilha de papéis, daquelas que se vê em filmes sabe? Eu a olho, olho os papéis e a olho de novo. Volto a olhar para o computador, para ver se ela muda de ideia.

—  Me ignorar não vai me fazer ir embora.  —  Diz, coçando a garganta.

—  Sou tão boa com você, porque faz isso comigo? Olha a quantidade de papéis! —  Falo, voltando a olhá-la.

—  Em tese, não é pepino para resolver, são uns papéis que estavam na mesa de Luiza e não tenho ideia do que seja. Só preciso que dê uma olhada, organize, não sei.  —  Luiza se demitiu há um mês, para ir cuidar da avó, digamos que ela nunca foi um exemplo de organização, visto que o almoxarifado era responsabilidade dela e ninguém entende como ela conseguia encontrar algo ali.

—  Por isso sou a favor de ter tudo no computador! É tão mais fácil.  —  Resmungo pegando os papéis de suas mãos e colocando ao lado dos documentos que já estava analisando.

—  Computadores podem quebrar.  —  Almira fala se sentando. Ri.

—  Não sei se sou moderna demais ou antiga de menos.  —  A cutuco. Gosto de encher o saco dela com isso.

—  Senti você me chamando de velha, ok? —  Finge chateação.  —  Falou com Maraisa?

—  É...trocamos algumas palavras.  —  Respondo no sentido mais literal possível.

—  Imagino que sejam só algumas palavras mesmo, ela é assim. Respostas curtas e entende as coisas como elas realmente são. digo, se você disser que está explodindo, ela vai correr achando que é uma explosão de verdade, entende? É difícil no começo, mas depois você se acostuma.  —  Ela explica e tento prestar atenção, para não dar um fora em algum momento.

—  Vou me acostumar.  —  Assenti, desligando o computador.

Almira segue para sua sala, pois o dia já está no fim. Desligo tudo e bato as mãos nos papéis que ela colocou em minha mesa. Praguejo o mundo por isso, meu chão ficou branco.

—  Maravilha, Marília.  —  Sussurro contrariada.

—  Onde eu encontro minha mãe? —  Maraisa. Quase caio de susto ao ouvir uma voz atrás de mim, ignoro sua pergunta pensando em como ela pode me ajudar nesse momento.

—  Pode me ajudar? —  Pergunto, voltando a pegar os papéis. Passa alguns segundos e a olho, pois fico sem resposta. Ela só me olha, com as mãos dispostas ao lado do corpo, mexendo os dedos. —  Me ajuda aqui, por favor?

—  Claro.  —  Responde dando um sorriso pequeno.

Abaixa-se pegando os papéis do lado oposto ao que eu estou. Ela coloca ao meu lado, fazendo uma pilha perfeitamente alinhada, os juntando com cuidado. Seus olhos correm pelas escritas que constam ali, prefiro não comentar sobre. Ao terminar, os pego junto com os meus, colocando sobre a mesa novamente.

—  Eles vão cair, porque estão desalinhados de um lado.  —  Fala, contornando a mesa e arrumando.  —  E estão com os assuntos bagunçados.

—  Eu sei, Almira pediu para eu organizar.  —  Respondo, talvez esse seja um grande avanço entre nós.

—  Eu não gosto de coisas bagunçadas, me dão nervoso. Mas minha mãe disse que eu não posso sair por aí arrumando tudo de todo mundo , apenas as minhas coisas.  —  Diz, dando passos para trás. Sua voz as vezes aumenta o tom, acho que não percebe isso.

—  Se quiser alguma coisa aqui, na minha sala, você pode pedir, não precisa ter vergonha de mim.  —  Falo, me aproximando.

—  Não é vergonha. Eu não consigo.  —  Ela responde e vejo suas bochechas corarem.  —  Posso arrumar esses papéis?

You Captivated Me || MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora