[ ADAPTAÇÃO ]
"Eu sempre gostei da história do pequeno príncipe, de como o amor é explicado em cada detalhe. Quando era pequena meu pai me dizia para eu encontrar meu lugar na história e eu finalmente encontrei. Ao conhecer Maraisa, eu descobri ser...
O tempo passou para nós. Para mim, Para Maraisa e para Almira e Marco. Uma semana se passou e Almira me avisou que estava saindo definitivamente, Maraisa passou todos os dias em minha casa e eles não reclamaram pois estavam atrás dos últimos detalhes. Ambos já empregados, eu sem meu braço direito, sem duas funcionárias, com minha namorada se mudando e eu apavorada por dentro.
— Eu não quero ir Marilia, porque a minha opinião não conta? — Diz sentada em frente ao meu aquário. — Eu sei que não posso ficar aqui, estaria tudo bem se eles tivessem me perguntando o que eu acho, sabe? Mas eu sou a menina incapaz de pensar, incapaz de decidir qualquer coisa. A Maraisa só aceita as coisas.
— Maraisa... — Estou tão abalada com isso, que ao invés de conversar com ela queria gritar e depois conversar com Marco e Almira. — É uma oportunidade para o seu pai, lembra?
— Esse não é o problema, Marilia! — Grita. — O problema é não haver uma pergunta sobre o que eu penso, nunca há. Decidem o que eu posso comer ou não, onde posso ir ou não. E sou só uma adolescente? Tudo bem, mas tenho certeza que outros pais de pessoas normais perguntam.
— Você é normal, Maraisa! Eu também estou chateada mas se a gente ficar aqui pensando no porquê de eles não terem falado com você, não vai mudar nada. — Levanto respirando fundo.
— Como a gente fica nisso? Você não pensa nisso? É muito cômodo para eles separarem a gente assim. —. Seus olhos lacrimejam e sinto minhas estruturas bambas.
— Não estamos terminando, Maraisa. Nós vamos nos ver menos, bem menos, mas é temporário. — Coloco as mãos em seu rosto tentando não chorar. — É temporário. Nós vamos evoluir, nosso relacionamento, você vai poder aprender outras coisas lá, nós vamos planejar passeios legais, você pode passar finais de semana aqui e depois, quando você tiver mais autonomia sobre sua vida, nós podemos pensar em viver juntas e próximo à praia.
— Isso vai demorar, né? — Fez bico encostando-se em mim.
— Um pouco...mas estou disposta a esperar qualquer tempo, porque eu te amo demais e não vou abrir mão disso. — Sorrio levantando seu rosto, a beijo e meu coração se acalma.
Meu celular nos assustou, Almira está ligando. Dou a Maraisa uma mala minha e seguimos para sua casa, ela entra direto para o quarto. Marco me olha com certo pesar nos olhos e Almira não me olha.
— Já vão se acostumando com um prato a mais na mesa. — Brinco.
— Você não vai conseguir, Marilia. — Almira diz quando me viro para ajudar Maraisa.
— Oi? — Pergunto me virando.
— A distância, o tempo, eu te conheço e não estamos mudando para separar vocês. — Continua e me olha.
— Eu sei que não estão mudando por isso, aliás, eu espero que não porque não vou desistir, você conheceu parte de mim ou outra versão de mim que acredito não ser mais a mesma...e nem você. Não estou fumando há algum tempo, acredita? E tenho estado mais calma e buscando ouvir mais do que falar... ainda bem que mudamos, né? E encontramos alguém capaz de nos colocar pra cima.
Saio antes que a conversa fique pesado ou Maraisa escute e fique ainda maior, chego no quarto e a encontro juntando as telas e as tintas. Enquanto faz isso pego suas roupas e vou guardando conforme ela me instrui, por cor. Separo uma blusa para levar para mim, me sinto boba. Desmontamos a estante de livros, esvaziamos um baú de coisas antigas, desligamos o computador e por fim só ficam os móveis sem nada.
— Odeio isso. — Maraisa resmunga.
— Ei. — Me aproximo, sou surpreendida com um beijo longo e meu corpo se encostando na parede.
Maraisa desliza a mão por baixo da minha blusa arranhando minhas costas, soltando meus lábios e beijando meu pescoço. Sinto meu corpo esquentar e uma batida na porta nos faz parar.
— Eu não quero parar... — Sussurra em meu ouvido mordiscando meu pescoço.
— Não...Terminamos! — Digo o mais firme que consigo.
— Vamos fazer isso depois, sem ninguém parar a gente... — Falei sentindo Maraisa me encher de beijos molhados.
— Você promete não me deixar? — Ela abraça minha cintura.
— Seus pais vão cansar de me ver. — A colo em mim, ainda tentando controlar minha respiração.
Me ofereço para ir com Maraisa em meu carro, até para conhecer a casa nova. No caminho decido dar uma desviada e a levo ao shopping da cidade em que vai morar, é bem maior do que o que conhecemos, os olhos curiosos de Maraisa varrem o lugar.
— Hoje vamos comer porcaria.
— Como assim? Não podemos comer porcaria, Marilia. — Eu sempre esqueço.
— Digo... vamos sair da rotina, comer lanche ao invés de comida.
— Podemos?
— Sim! Vamos ao Burguer King, o que acha? Vem 2 refrigerantes, 2 lanches e batata-frita. — Falo vendo o cardápio e os combos disponíveis.
— Você come demais!
— Que abuso você falar isso. — Discordo me fingindo de brava.
— Já tenho o escolhido e vem um lanche só, porque sou mais controlada. — Fala em tom de deboche.
Pedimos e sentamos em uma mesa próxima, pego a coroa e coloco em mim.
— Uma rainha, meu amor. — Falo pegando o celular. — Vamos tirar uma foto?
— Vamos!
Pego o celular e fazemos várias caras e bocas enquanto tira a foto.
Olho para a foto sorrindo e percebo o quanto sou boba por ela
Esse momento com ela me fez pensar que está tudo bem, o mundo não vai desabar pela distância.
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