No observatório, na entrada, algumas pessoas estão inquietas e ansiosas, Maraisa que vinha empolgada diminui o passo. Pego sua mão e a olho sorrindo, uma tentativa de lhe passar confiança. Nada é capaz de explicar o que sinto quando tenho seus dedos se entrelaçando aos meus quase em câmera lenta, entramos de mãos dadas. Eu poderia ficar dessa forma por muito tempo.
Do lado de dentro há vários caminhos a seguir: salão principal, onde tem um telão enorme com a imagem do espaço em tempo real; à direita uma loja com artefatos astronômicos, roupas e presentes...anoto mentalmente que devemos ir lá. Os banheiros também estão por ali e até uma lanchonete, Maraisa se diverte com as paredes cobertas por papéis de parede de galáxias.
— Olha que legal! — Aponta animada para a lanchonete que curiosamente é em formato de planeta, assim como tudo comestível aqui remete a isso.
— Você quer alguma? — Pergunto vendo seus olhos brilharem em alguma direção.
— Eu quero muitas coisas. — Responde aérea, não consigo ficar séria. Suas respostas sempre me pegam de alguma forma. — Que foi?
— Quer alguma coisa da lanchonete? — Sou específica. Maraisa aperta os olhos, parece estar pensando, talvez realmente queira muitas coisas.
— Será que tem sorvete lá? — Vira-se para mim com um olhar pidão e uma carinha boba.
Seguimos até a lanchonete, pego uma garrafa d'água e para sorte de Maraisa, tem sorvete. Na cor azul com pontinhos brancos, insisto que pegue mais alguma coisa mas ela não quer. Mesmo assim pego um bolinho em forma de lua.
— Olha, deve ser bom. — Entrego enquanto seguimos até o salão, qualquer resposta para o que disse na hora parece não chegar...o salão é lindo, sentamos no extenso espaço que não é ocupado por cadeiras, na verdade, dá impressão de que estamos à céu aberto. Ao olhar o teto, é como um céu estrelado, tem panos em todos os lugares para as pessoas se acomodarem e verem o que pretendem.
— Vou comer mais tarde. — Pega o bolinho da minha mão, feliz com o sorvete.
Nos sentamos lado a lado, de frente para o telão. Maraisa olha atenta para lá, parece imersa em tudo isso. Em minha mente consigo vê-la flutuando no espaço, com um sorriso lindo, cabelos perfeitamente alvoroçados e os olhos brilhando de tal forma que até as estrelas teriam inveja. Ela é linda
— Me fala o que sabe sobre a chuva de meteoros. — Peço, estou mesmo interessada em saber.
— Uma chuva de meteoros ocorre quando a terra passa por uma região da sua órbita onde um cometa deixou um rastro de matéria, composto por gases e poeira desprendida do cometa quando este se aproximou do sol. As partículas sólidas desse rastro de matéria que são "varridas" pela terra entram em atmosfera, aumentando o número de meteoros observados do solo. Como a grande maioria dessas partículas são bastante pequenas e não conseguem chegar ao solo, uma chuva de meteoros não representa nenhum risco para nós, no entanto, elas podem vir a danificar satélites em órbita. — Ela fala de modo tranquilo, sem esbarrar nas palavras, sem medo...e agora aprendi algo, uma coisa muito importante, ela tem facilidade em falar sobre o que compreende e conhece. O problema talvez nem seja o fato de não conhecer e não saber falar, são as conversas, as perguntas rápidas demais, para Maraisa é um inferno.
— Pode falar mais. É tão imenso, tão interessante e somos tão pequenos perto de tudo isso. — Comento amando ouvir suas oscilações de voz.
— O meteoro, fenômeno conhecido como "estrela cadente", ocorre quando fragmentos de material sólido como rochas, metais etc, que vagavam pelo espaço em torno do sol em regiões próximas à terra, penetra na alta atmosfera da terra. As pessoas fazem pedidos para rochas incendiadas, que loucura né? O atrito com os gases da alta atmosfera faz com que estas partículas alcancem altíssimas temperaturas e literalmente se incendeiem. O rastro luminoso produzido por este processo é o meteoro que avistamos daqui do chão durante a noite. O tamanho dos fragmentos que dão origem aos meteoros quando entram na atmosfera da terra varia desde alguns milímetros até alguns metros. Os maiores são extremamente raros e podem atingir a superfície da terra. — Eu tento acompanhar mas não consigo entender, enquanto ela fala penso nas estrelas, Maraisa é uma estrelinha na terra. Uma estrelinha que brilha e me encanta, me ganha. — Sabe, eu sei que não entende mas ninguém nunca quis me ouvir falar sobre isso.
— Amo ouvir sua voz Maraisa, você pode falar sobre tudo comigo. — Passo a mão em seu rosto timidamente.
— OLHA! OLHA! OLHA! — Agita-se, virando para frente.
Começou a chuva de meteoros. Maraisa está sorrindo, com os olhos brilhando mais que qualquer uma daquelas rochas incendiadas. Só falta bater palmas, não sei se olho para frente ou para ela, me encanto mais com tudo. As estrelas, os meteoros, Maraisa e tudo dela. Nos minutos em que está ocorrendo, mexe-se inquieta, olha sem piscar, aponta para os mais brilhantes, pega minha mão mexendo de um lado para o outro enquanto a chuva diminui mais e mais até se tornar quase nula.
— É LINDO! — Fala ao se convencer que acabou.
Nós nos olhamos por longos minutos, Maraisa sustenta um sorriso lindo, mordendo o lábio inferior. Me perco nas orbes castanhas e tenho certeza do que está acontecendo, do meu coração disparado, das minhas mãos trêmulas e a vontade de expressar por sorrisos e pequenos gestos cada explosão dentro de mim neste momento. Eu devia ter fugido enquanto podia. Mas não, quero sentir mais, quero mergulhar o máximo que conseguir.
— Você deveria me abraçar...por estarmos aqui. — Quebro o silêncio, sua expressão fica séria e estremeço.
— Você quer meu abraço? Quer dizer, eu posso mesmo abraçar você? — Pergunta incerta e eu balanço a cabeça.
Maraisa se joga em meus braços, se joga mesmo! Me fazendo cair para trás sobre o pano que está abaixo de nós e ri. Abraça minha cintura e recosta a cabeça em meu busto, deitamos de mal jeito, a seguro de mal jeito mas não há qualquer outro lugar que eu deva estar agora. É aqui, com ela. Maraisa não é só uma estrela, é o universo inteiro.
— Obrigada, por ser assim comigo. Por fazer eu sentir essas coisas estranhas que não sei explicar e expor, mas você precisa saber que eu sinto. — Sussurra fazendo círculos em minha blusa com o dedo, na região de minha barriga. A aperto e dou um beijo em seus cabelos, pois, as palavras me fogem diante de seu discurso.
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Capítulo novinho, me perdoem a demora! ❤️
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You Captivated Me || Malila
Fanfiction[ ADAPTAÇÃO ] "Eu sempre gostei da história do pequeno príncipe, de como o amor é explicado em cada detalhe. Quando era pequena meu pai me dizia para eu encontrar meu lugar na história e eu finalmente encontrei. Ao conhecer Maraisa, eu descobri ser...