-capítulo 24

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(esse capítulo tem um pouco de violência)













pov jisoo

Estava tudo voltando ao normal, voltando para o lugar de onde estava, e não importava querer que mudasse, essa era minha vida, era a que eu escolhi a anos e é a que eu tenho. Me acostumei a evitar Lalisa, até no mesmo cômodo que ela não ficava mais de 5 minutos, eu sabia que precisava disso por agora, até esquecer o que aconteceu e como aconteceu. Eu estava esperançosa, viajaria logo logo com Jin, sem nossos filhos, eles ficarão na casa da avó materna, assim eu preferi, Jin aceitou para me agradar, mas ele queria que fosse na casa dos pais dele.
Com um sorriso no rosto entrei em casa, Hana e Hank me abraçaram nas pernas, seus rostos se iluminaram quando viram dois pacotes de presentes em minhas mãos.

- é para nós!?- perguntou os dois juntos

- claro, podem ir abrir- entreguei e os vi correndo até o chão da sala.

Fechei a porta e ouvi barulho de saco de presente sendo rasgado, sorri e respirei fundo, queria ter me mantido aqui.
Subi para o quarto e Jin me esperava sentado na cama, ele nunca bebia, mas tinha duas garrafas de vinho no criado mudo. Um cheiro de álcool no ar, com certeza vindo da taça cheia quebrada no carpete. Ele me olhou, encarou minha alma. Sua roupa estava desajeitada e sua gravata mal colocada. Nunca o vi assim, e com preocupação joguei a bolsa pro lado e fui até ele, onde o mesmo me empurrou pedindo distância. Sem esperar por isso, cambaliei para trás quase caindo, mas me mantive em pé.

- o que aconteceu Jin?!- perguntei tendo medo de me aproximar novamente

- o que aconteceu? você mentiu Jisoo, de novo, você não estava com a porra da sua irmã inútil, você estava me traindo, sua piranha rabugenta- ele se levantou quase caindo na cama novamente e fechou os punhos- isso, isso não se faz Jisoo, como você pôde sua vadia desgraçada?- em um movimento rápido que mal pude perceber, Jin socou meu rosto já úmido por lágrimas pedidas. Caí para trás e pus a mão no rosto agora quente e ardido, uma dor ainda maior se fez na minha cabeça quando meu cabelo foi puxado para trás e meti a cabeça no chão. Jin subiu em cima de mim e cuspiu no meu cabelo- você nunca vai me trair de novo sua puta- de novo deu um soco, agora no meu olho, já podia ver ele inchado amanhã. Senti sangue descer por minha boca, senti o gosto e tentei gritar, mas minha voz não saía, eu não queria assustar as crianças- você merece morrer, sua adúltera- ele segurou meu pescoço forte, suas unhas bem feitas penetraram de leve, mas ele apertava cada vez mais forte, eu já estava ficando com dificuldade na respiração. Seus olhos estavam vermelhos, pegando fogo assim como suas mãos tirando minha vida aos poucos. Seu suor descia por sua pele vermelha e alterada, ele tinha ódio em toda parte de seu corpo. O pior é que eu sabia que merecia isso.

Logo aquele tormento acabou, eu consegui respirar ainda com dificuldade. Jin saiu às pressas quando Hana e Hank chegaram e começaram a gritar, isso era o que eu menos queria. Meus filhos me tocavam com preocupação e toda parte doía, não apenas por fora. Em alguns minutos achei que estava tudo bem. Alguns vizinhos entraram prestando ajuda, pois ouviram as crianças. Eu recusei e pedi total descrição com tudo.
Hana chorava e perguntava porque o pai dela tinha feito isso. Hank tentava se manter acordado após soluçar de chorar.
Hana analisou meu rosto, e colocou um lindo Band-aid de um desenho animado desconhecido por mim. Me deu um beijo e falou que Jin seria castigado. Eu não conseguia formar frases, meu rosto doía, minha cabeça doía, meu pescoço, meu corpo, tudo em mim.
Me deitei na grande cama no meio dos dois e esperei eles aos poucos dormirem, tão novos, nunca foi minha intenção dar esse trauma tão cedo, muito menos mais tarde.
Eu me sentia culpada, sentia que merecia ser batida, que meus filhos viram por culpa minha. Eu menti pro meu marido, eu fui dormir na casa da minha funcionária que me desperta e faz eu querer viver o que eu não posso, eu me meti nessa merda e trouxe minha família junto no fundo do poço. É tudo culpa minha. E mais uma vez sentia que precisava do acolhimento, daquela sensação de proteção e que não é tão culpa minha tudo que acontece.  Mas essa sensação é proibida, para quem é culpada, ela é proibida e mora longe.
Eles dormiram e eu pude sair finalmente para tomar banho.
Sem procurar roupa, entrei no banheiro e tirei a roupa, minha blusa clara levava uma mancha pequena de sangue. Soltei os cabelos e liguei o chuveiro, indo para baixo. o peso do mundo escorria no meu corpo, o canto de minha boca ardia, assim como meu olho e principalmente meu pescoço.
Eu podia ficar aqui sentindo tudo cair com a água até o chão, mas eu queria sair, queria dormir e ver que foi tudo apenas um pesadelo.
Coloquei um roupão branco e escovei meu cabelo úmido, não tinha a menor intenção de secar. Me encarei no grande espelho do quarto, aquela era realmente eu?
Meu olho esquerdo estava inchado e roxo, sentia ele dilatar. o canto da minha boca com um corte e meu pescoço com cortes das unhas dele, meu pescoço estava o pior.
Toquei meu rosto, indo até o pescoço, não contive as lágrimas, eu queria entender tudo que está acontecendo comigo.
Eu me olhava e queria ser outra pessoa, uma mãe melhor, uma filha melhor, uma esposa melhor. Mas eu era aquilo, aquilo que refletia no espelho, alguém que não merecia o que tem.
Eu caí no chão, tampei a boca para não chorar alto o suficiente pra eles não acordarem. Eu quero conseguir respirar, eu quero sentir que tudo está normal novamente, eu quero minha vida normal de volta, mas talvez eu não queira também.

obsession- Lisoo (+chaennie)Onde histórias criam vida. Descubra agora