- capítulo 35 ( últimos- amém)

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3 meses depois.




Passamos por muitas praias, ensolaradas, cheias de pessoas, elas pareciam vivas, com o sol iluminando a água azul. Mas foi na praia vazia, que eu pude sentir meus pés na areia. Tem algo impedindo a minha fulga, por onde eu olhe e vire, está bloqueado. Sua mão segurando a minha.
Para onde eu fugiria? Já não sei se é isso que eu quero, tudo que me restou, está ao meu lado, segurando a minha mão, impedindo meu contato com o mundo,  tentando me impedir de correr, eu que já não sei andar.

Andamos nesses carro, por ruas e bairros, praias e cidades, eu nem saberia onde estou, se não fosse o grande mapa que temos no banco de trás.
Comemos coisas estranhas, as vezes saudáveis, outras arrancam 5 anos de vida.
É difícil ter uma boa noite de sono, quando precisamos dormir no carro, ela passa a noite dirigindo e eu tentando dormir no banco de trás. As vezes eu pergunto para onde estamos indo, ela diz que está esperando por mim, mas nunca responde o que exatamente espera de mim.
E a minha dúvida nunca é respondida, para onde estamos indo? Isso nem importa.

Eu tenho pesadelos, eu tenho horríveis lembranças, as quais me nego a lembrar. Queria bater na minha cabeça e perder a memória definitivamente, talvez assim eu conseguisse o que precisava.
Eu passei dias, apenas paralisada, acho que até hoje não caiu a ficha ainda.

As coisas não são horríveis assim, e me sinto culpada por achar isso.
Aquele vazio é preenchido por essa vida de não saber o que vai acontecer, mas agora tenho muitos mais outros vazios.
É difícil quando para ter algo que você quer muito, tenha que abrir mão de vários outros, e sem ver, você já fez isso.
Antes me faltava algo, agora, me faltava todos. Mas nada voltaria atrás, as coisas são como são, e pra mim não é justo.

Lisa tenta me agradar de todas as formas, ela tenta preencher o que ela tirou de mim.
Mas sabemos que isso nunca poderá ser preenchido novamente.

Eu tenho fugido de peguntas, as quais eu sabia que lhe machucaria, e eu já estava cansada de causar dor.

Estávamos na praia vazia, quase fim do dia, o sol estava laranjado e Lisa segurava a minha mão, ela ainda tinha medo de eu fugir, mesmo nessa altura do campeonato, e era o que eu queria fazer as vezes, mas não não tenho ninguém no mundo.
Estava tocando Lana del Rey no carro um pouco longe de nós, o som estava abafado pela as porta. Lisa então se virou, me olhando com a expressão inexplicável.

- você acha que vai me amar?- seus olhos, seus malditos olhos ainda tinham dúvidas, tinha aquela sombra, eu tinha medo, medo de machucar ela ainda mais

- eu acho que eu poderia tentar, mas é difícil, já que você matou quase toda a minha família- a olhei, aquilo parecia piada, mas ela deixou cair uma lágrima e olhou para baixo, soltando a minha mão pela a primeira.

Tínhamos ido em duas praias, nesses tempos, sempre a vazia, sempre. Lisa me segurava, sem confiança.

- eu falei que posso tentar- levantei seu rosto, e passei o polegar no seu rosto, secando a lágrima. Ela parecia alguém que precisava ser protegida. Seus olhos me olhavam tão doce agora, com esperança, a qual eu não tinha- agora vamos indo, estou com fome e já está ficando escuro

Lisa sorriu fraco, ela me seguiu até o carro e me esperou entrar, e logo entrou também, dando partida.

- vamos dormir em hotel novamente?- perguntei

- não- respondeu desligando o rádio- você pode dormir no carro hoje? iremos para minha casa do campo, chegaremos lá de manhã se pegar caminho agora

obsession- Lisoo (+chaennie)Onde histórias criam vida. Descubra agora