Décimo Sexto

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— Já disse que não vou ficar preso em casa por causa dessa merda! 

Seokjin tentava por na cabeça do filho e marido que estava tudo bem, eles sempre precisaram lidar com ameaças e não perderam para nenhuma delas. Essa não seria a primeira vez. 

— Essa "merda" é a porra de uma ameaça de morte escrita! — exclamou Taehyung nervoso, ignorando o olhar feio que recebeu dos progenitores pelo palavrão dito. 

— Cuidado com a boca, Kim Taehyung. Eu sou seu pai, se te coloquei no mundo posso muito bem te tirar dele. — avisou Jin com o olhar cerrado para o mais novo. 

Ambos se encararam em uma clara disputa de autoridade, porém bastou poucos minutos para Taehyung desviar o olhar. Estava se mordendo de raiva pela teimosia do pai, mas o que ele ditava era ordem então apenas acataria. 

Enquanto isso, Namjoon seguia em silêncio, sentado sobre a poltrona da sala com as pernas cruzadas e expressão séria. Analisava e considerava todos os possíveis riscos que poderiam alcançar Seokjin enquanto ele estivesse longe de si, tentando encontrar uma solução. Suspirou, porém antes que pudesse falar algo, a voz do amado lhe cortou. 

— Não ouse Kim NamJoon, não basta ter feito os meninos virem aqui ontem para escutar vocês dois dando atenção para um miserável qualquer?! — exclamou o Kim mais velho, a voz esguaniçada pela raiva. 

— Nós sabemos muito bem que aquele ser podre não é um miserável qualquer. — disse NamJoon, a voz saindo rouca e grave. 

Então um silêncio mortal surgiu na sala de estar, como se uma sombra enorme rodasse toda a família sempre que tal assunto era abordado. O tabu dos Kim, o tema proibido e esquecido, o pesadelo dos três. 

O ataque… a perca… a dor… o luto… 

Nenhum deles havia superado e duvidavam muito que um dia realmente conseguissem, apenas viviam fingindo uma normalidade familiar e alimentando a sede de vingança noite após noite. Remoendo, revivendo. 

Antes que mergulharem de vez naquele poço profundo de melancolia coletiva, Jin suspirou mais uma vez. Apertou a alça da pasta preta em sua mão direita e as chaves do carro na esquerda. Lançou um último olhar para Namjoon, antes de anunciar sua sentença daquele dia. 

— Eu vou trabalhar, isso não está aberto para intervenções. Confiem ao menos um pouco na utilidade que tenho. Bom dia, passar bem. 

E então sumiu porta a fora, deixando para trás os dois homens da sua vida totalmente nervosos e preocupados. Taehyung respirou fundo três vezes seguidas para tentar se acalmar, porém não conseguiu se conter e acabou esmurrando a parece mais próxima. Não resolveu seu problemas, mas aliviou a dor na alma. 

Vendo a atitude do filho, Namjoon apenas negou com a cabeça. Se levantou e foi para perto do mais novo, apoiando uma das mãos no ombro do garoto e olhando-o encorajador. Ao menos precisava manter Taehyung tranquilo, seus próprios medos podiam ficar mais uma vez trancados. 

— Confie nele, nós dois sabemos que seu pai não é um fraco qualquer. Ele é um dos pilares desse clã, não pense que se quebraria tão fácil. — a voz agora estava aveludada, como quando ia acalmar o filho machucado de um tombo qualquer na infância. 

Taehyung lhe olhou de lado, a feição ainda séria e irritadiça. 

— Eu sei disso, assim como também sei o estado que ele ficou quando aquilo aconteceu. Não posso deixar que se repita, pai. Não vou deixar. 

Tendo dito sua última sentença, sumiu casarão adentro em busca de algum cômodo vazio onde pudesse extravasar sua raiva e sentimento de impotência. Sabia que alguma coisa aconteceria, podia sentir. Então porque ninguém lhe dava ouvidos? 

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