CAPÍTULO 23

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- Se beber, não cante no karaokê e nem faça revelações

Na manhã seguinte…

Abro meus olhos e tudo está meio embaçado. Aos poucos e devagar, vou me sentando e retomando o juízo. Olho para os lados e estou no meu quarto e de pijama. 

Abaixei a cabeça para o chão, mas Gabriel não está em seu amontoado de cobertas. Levantei da cama e comecei a andar até a porta. Minha cabeça está meio dolorida e gira pouco. 

Eu tinha prometido que iria parar de beber, mas às vezes, existem situações que pedem um pouco a mais de álcool. Acho que ontem foi uma dessas vezes. Aliás… o que aconteceu ontem e por quê estou com uma ressaca tenebrosa? 

Devagar, saio do quarto e vou andando pela casa. Chego na cozinha externa e vejo Gabriel sentado à mesa - ainda posta da primeira refeição do dia - e tomando o café. Ele me olha e não parece nada contente. 

- Bom dia! - minha voz saiu rouca e sonolenta. 

- Bom dia - respondeu ele rispidamente. 

Me sentei de frente para Ortega. Novamente, ele estava bem vestido - usava uma camiseta rosa, calça jeans preta, seus tênis branco e com seu companheiro inseparável: o relógio - e muito bonito,  como sempre. 

Enquanto colocava café em minha xícara, notei que minha casa estava em total silêncio. Isso não é muito comum para minha família. 

- Onde estão todos? - indaguei, agora pegando o leite e um pedaço de bolo de chocolate

- Seus pais e Mirela foram à feira, Natália dormiu na casa do Tomás e Bárbara e Catarina saíram cedo - respondeu ele sem nem me olhar. 

- Hum, entendi. 

Comecei a comer - estava com uma fome absurda. Enquanto fazia isso, percebi que Gabriel estava muito sisudo e, normalmente, não é assim. Acho que algo ruim deve ter acontecido. 

- Gabriel, você está bem? - indaguei, ainda engolindo a cafeína. 

Ele não responde. 

- Gabriel? 

Ainda sem resposta. 

- Gabriel, estou falando com você. Dá para me responder? - Insisto alterando a voz e perdendo a paciência. 

Odeio quando me ignoram. 

O poste branquelo me fixa com seus olhos azuis - que incrivelmente, parecem mais escuros e tempestuosos. 

- Desculpe! - diz ele num tom indiferente - Achei que tu não queria falar com o homem que arruinou sua chance com o João. 

Meus olhos se arregalaram e eu quase engasguei com o café. 

Gabriel me olhou uma última vez e depois saiu da mesa pisando forte. Sem nem pensar direito, fui atrás dele. 

- C… Como você sabe dele? Por que você sabe? - questionei enquanto o seguia para dentro da casa. 

- Tu mesmo me contou, amorzinho - sua voz continha um pouco de raiva. 

Segurei o braço dele e o virei para mim. 

- Gabriel, eu… - hesitei - Eu não tenho a mínima ideia do que você está falando. Eu sei quem é ele, mas não me lembro de nada de ontem a noite. Então antes de brigar comigo… - engoli em seco - Você pode, por favor, me contar o que aconteceu? 

Ele respirou lentamente e apontou para que me sentasse. Faço isso e observo em pé e um pouco frustrado. 

- Tu, realmente, não se lembra do que aconteceu ontem? - indagou Gabriel. 

Como Ele & Ela ( Série: Amores Reais - Livro 1) DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora