Capítulo 26

179 15 6
                                    

SAAAAAAAAAAAAAAIU, EIM?

deixei uma nota no final pra não deixar mais vocês sem atts :*

_________________________________________________________________

É simples assim. O escuro aumenta a estática. E quanto mais escuro, maior a estática. Um corpo busca o outro, às cegas, em constante estado de alerta – naquela expectativa entorpecente de, enfim, se esbarrar. E encontrar. A qualquer momento, a minha respiração acelerava, oscilando entre uma batida e outra da caixa de som. Perdidos no breu, os meus olhos abertos encaravam a ausência completa de cor, de formas, de Heyoon, à minha frente. Sentia a presença dela nas mínimas partículas de ar que separavam o seu corpo do meu.

O álcool atrapalhava o cálculo. E quanto mais álcool, maior a imprevisibilidade do encontro. Solta ali no espaço, no vazio. Mas ela vem, eu confiava, hoje ela vem. E o importante era que vinha – não quando e nem de onde. Isso já não dava para calcular. Ali, sem referência alguma, naquela pista escura. E aí, em contrapartida, minha pele era tomada por uma ultra sensibilidade. À espera dela. E quanto mais arriscada a porra da situação, mais longa parecia a espera. Caralho.

O meu coração batia inevitavelmente mais rápido e o sangue parecia deixar todo o meu corpo. Os meus dedos frios seguravam o seu rosto morno e desenhavam-no na minha imaginação. Pouco a pouco, cedendo espaço. Ali, no escuro, lentamente. Sentia-a vindo cada vez mais na minha direção. Até que as suas mãos encontraram os meus ombros. Deslizaram, escorregando pela minha camiseta e – enquanto o meu coração disparava – subiram intimamente pelo meu pescoço, cruzando-se brevemente atrás da minha nuca, depois continuando pele acima. Subiram, se emaranhando no meu cabelo e, em seguida, contornaram a parte de baixo das minhas orelhas, passeando pela lateral do meu rosto até encontrarem os meus lábios. Aí correram pela minha boca, num toque leve, antes de voltar para a lateral do meu rosto, me fazendo arrepiar.

Ali parada, à mercê dela.

Me segurou, por fim, com uma mão em cada lado do meu rosto. Podia senti-la movendo-se no breu, mas não via nada. Absolutamente nada. Ainda assim, de alguma forma, claro, eu sabia – ah, sabia. Numa sintonia cega. Confiando que ela vinha, quando, de repente, antes de qualquer outra parte do seu corpo, a sua boca tocou o canto da minha. Senti a sua blusa amassando-se contra mim, na minha camiseta de algodão, e os seus lábios deslizaram, se acertando nos meus.

Havia mãos demais entre os nossos rostos – duas minhas, duas dela – e pouco espaço entre nós. Quis dar-lhe passagem, então desci as minhas. Contornando vagarosamente a sua silhueta, no escuro, até alcançar a sua cintura e, num só gesto, trouxe-a para mais perto ainda. A sua boca abriu a minha e as suas curvas se moveram sinuosamente sob os meus dedos. Porra. Eu sentia a minha cabeça se perdendo, afundando no seu cheiro, no seu gosto, misturado com o álcool e com aquela vontade de tê-la comigo. E tudo aquilo ia me dando um calor desgraçado, caralho.

Sentia toda a minha falta de controle latejar em cada célula do meu corpo. As suas mãos me apertavam cada vez mais e as minhas a ela. Respirando juntas. O meu peito contra o dela, abraçadas, nos movendo em sincronia, naquele vazio. Coloquei-a contra a parede e abri caminho entre as suas pernas com o meu jeans surrado. Meus Nikes esbarravam nos coturnos dela, as nossas coxas se enroscavam. Minhas mãos desceram até os bolsos de trás da sua calça, segurando-a contra mim, enquanto a beijava com força.

Anônimas, as pessoas passavam por detrás de nós duas, trombando vez ou outra com a gente, na escuridão absoluta da pista de cima da Sarajevo. Os braços da Heyoon subiam agarrados pelas minhas costas e eu a apertava mais ainda, a cada mínimo empurrão de corpos alheios – como se não quiséssemos nos perder uma da outra. Uma massa indistinguível de pessoas dançava ao nosso redor. E a boca da Heyoon percorria a lateral do meu rosto, descendo pela minha pele até o meu pescoço. Senti vontade de lamber o seu corpo inteiro, o meio das suas pernas, de colocá-la de vez contra a parede. Meu coração estava saltando pela minha boca, engasgado na minha garganta. Subi as mãos pelas suas costas descobertas e esbarrei o meu rosto no seu, apoiando-me contra ela, com os lábios no seu ouvido:

F*ckin' Siyoon (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora