F*ckin' Siyoon (+18)

Capítulo 2

- Mas espera, quantos anos você tem?

- 23 – respondi.
- Ai, como você é ridícula... aí falando que "na sua época", se toca!- Quê?!- São só dois a menos que eu!Não sendo ilegal tá valendo, gata.- O que foi? – indagou, como se eu risse dela.
- Nada, deixa pra lá...Heyoon continuou me olhando, insatisfeita.- Você acha que eu nasci nos anos 2000, né?- Desculpa aê, gente grande, mas semana passada você me perguntou que música era a...- EU JÁ DISSE QUE CONHECIA E SÓ NÃO SABIA O NOME!- Era Blondie. BLONDIE! Quem não conhece Blondie?- Eu conheço Blondie. Eu só não sab...- É a coisa mais pop dos anos 80! – interrompi, rindo.- Não é a coisa mais pop dos anos 80...- É a coisa mais pop que eu ouço dos anos 80.Ela revirou os olhos, achando graça na minha atitude.- Você deve me achar uma pirralha...
- Acho – respondi e levantei da mesa, rindo.
- Babaca.Caminhei até a pia e abri a torneira, jogando água sobre o prato. Olhei por cima do meu ombro e vi-a sentada à mesa, de birra comigo – achei graça. E pisquei na direção dela.

- Olha... Até que eu gosto dumas novinha, viu.

"Cala a boca", ela protestou, rindo. Terminei de lavar o prato e sequei a mão na minha camiseta. Agachei para pegar o filtro de café sob a pia e me levantei, procurando qualquer coisa limpa no escorredor onde pudesse ferver água. Heyoon me observava a uns metros, ainda sentada.

- É bonita essa sua cuequinha aí, hein...Ela comentou e eu olhei para baixo sem lembrar o que estava vestindo. Aí balancei a cabeça, rindo.- É assim? Uma cantada minha e você já é sapatão?
- Ah, nossa, aquilo foi um cantada?!- Poderia ser...Ela revirou os olhos, negando com a cabeça, e eu ri.- Triste, hein?! Essa é a sua melhor cantada?

Heyoon se levantou e pegou o meu maço sobre a mesa, achando graça de mim. "Não", respondi, observando ela acender um cigarro, do outro lado da cozinha. Fechou os olhos por um instante, enquanto dava a primeira tragada, e depois os reabriu, me olhando de volta por trás da fumaça. Encostada na parede, assim, quase me desafiando. O clima mudou. E por um segundo, achei que tinha uma abertura. 

Apoiada contra a pia, observei as suas pernas naquele vestido numa vontade absurda de entrar ali. Ela me encarava de volta. Desencostei da pia e andei na sua direção, até chegar bem perto, colocando a mão por cima do seu ombro na parede. Quase nos encostamos. Eu estava confortável – e podia sentir a sua respiração ficando mais intensa. Mas, de repente, já não parecia mais tão brincadeira assim. Os seus olhos estavam fixos nos meus.

- O dia que eu der em cima de você – retomei minha resposta – você vai saber.

Meio sem jeito, Ela sorriu após intermináveis segundos de silêncio. E eu achei certa graça. Céus, cadê minha integridade, tô dando em cima da namorada do meu melhor amigo. Qual é meu problema? Heyoon parecia segurar a respiração, tensa. Passei a mão na sua cabeça, bagunçando propositalmente o seu cabelo, como se indicasse que estava só brincando. Não estava. Mas né, que opção eu tinha?- Ei, quer ver TV?Mudei rapidamente o assunto, cortando o clima, como se nada estivesse acontecendo. Dei uns passos até a porta da cozinha, em direção à sala, a convidando.- Não, e-eu... – ela respondeu, com certo receio – ...acho q-que vou para o quarto esperar o... o Noah chegar.

Certo. Concordei com a cabeça, sem me virar para ouvir a sua resposta, e religuei a TV na sala. Ela passou pelo corredor atrás de mim e entrou no banheiro, fechando a porta. Deitei no sofá e passei a mão no rosto, me forçando a cair na real, merda. Decidi ignorar minha vontade de desaparecer do mundo e afundei numa almofada. Olhei para a televisão e ela continuava na droga da TV Jockey.Inferno.Me arrependia de ter feito falado insinuado qualquer coisa para Heyoon, que agora estava trancada no banheiro pensando sabe-se-lá o quê. Argh. Preciso me controlar, repeti para mim mesma, me sentindo uma idiota. Isso vai acabar mal, não tem outra opção. Porra. Olhei novamente para a TV e as malditas corridas de cavalo continuavam lá. Aquilo me irritou profundamente e eu desliguei a televisão num impulso, impaciente. Subitamente inquieta. Preciso sair. Coloquei a calça largada no chão, peguei dinheiro, o meu maço e fui para rua.Puta comigo mesma.