Capítulo 13

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Aproveitem a música e o capítulo.


Todo mundo já havia ido dormir há horas, menos eu. Heyoon não saía da minha cabeça. Aquela conversa me tirou o sono, a paciência, a sanidade. Filha da mãe. Eu estava inquieta. Não sabia o que pensar, nem o que fazer comigo mesma. Todos os cigarros que eu acendia acabavam esmagados no cinzeiro depois da segunda ou terceira tragada. Era inútil. Não sabia sequer o que sentir. Não conseguia decidir se nós havíamos conversado, de fato, ou nos metido numa discussão passivo-agressiva do caralho. Aquilo tudo me irritou desde o começo, mas alguma coisa me sugeria que eu não estava entendendo a situação por completo.

Não. Não pode ser ciúmes, eu pensava, mas não conseguia me livrar da ideia.
Heyoon me confundia, sempre foi assim. Desgraçada. Aquela garota me tirava do sério. É só eu achar uma mina decente, alguém que eu gosto, que você vem e faz isso comigo. Porra. Não tem mais ninguém para você ir torturar? Isso é cruel. Cruel. Que merda foi aquela?! Eu não posso nem me divertir um pouquinho. Não sem pensar em você, sem estragar tudo. Sem ter você me emboscando na droga da cozinha no meio da noite. Não posso fazer nada. Nada. Estou presa e acorrentada e afogada bem no fundo do seu pocinho de malevolência. Por toda a maldita eternidade, aparentemente.


Argh. Eu quase podia vê-la portando um par de chifrinhos e um tridente. A ideia me divertia – você é diabólica, eu pensava, mas o meu estômago logo embrulhava em angústia. A verdade é que ela não tinha consciência alguma de como me machucava. De como cada palavra e gesto seu me afetavam violentamente – ainda mais os daquela noite. Era cruel, sim, mas de forma alguma intencional. Enquanto eu, por outro lado, sabia muito bem o que estava fazendo quando chamei Sabina para passar o sábado comigo no apartamento. E era capaz – conscientemente – de causar um mal ainda maior à Heyoon caso continuasse me comportando como uma adolescente apaixonada e inconsequente.


Para piorar a situação, tinha toda aquela vontade. Incontrolável. Céus. Só ficar no mesmo lugar que ela me deixava louca. Eu agia que nem uma trouxa. Nunca quis tanto alguém, não consigo tirar os olhos dela. Não importa o quanto – às vezes – ela pudesse me irritar, tudo o que eu queria era segurá-la com toda a minha força e não soltar mais. Me perder naquela boca maravilhosa. Caralho – poderia gastar todas as horas restantes da minha vida do lado daquela mulher. Ela é incrível, pensei, e o meu coraçãozinho não tinha chance alguma desde a primeira vez que eu a vi. Merda. De repente, alguém bateu na porta. Todos os pensamentos que me atormentavam sumiram subitamente e eu me encontrei sozinha no meu quarto, de novo. Mas o que...? Estava tarde, plena madrugada. O silêncio contaminava há horas cada canto do apartamento. Tirei os pés de cima da escrivaninha e levantei da cadeira, em direção à porta. Levei a mão até a maçaneta e, quando abri, vi Heyoon ali. Parada no corredor, só de blusão. Ela tinha os olhos inchados e parecia estar acordada há tanto tempo quanto eu.

Não consigo dormir... – sussurrou, soando arrependida. Havia uma certa fragilidade melancólica na sua voz.

- Eu também não – respondi baixinho, olhando-a de volta – ...você não quer entrar?

Não! – ela hesitou na mesma hora, como num susto. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, retidas com certa dificuldade. Ela tremia na minha frente, parecia prestes a desmoronar. Eu não sabia o que fazer. Ela me olhava, insegura. Como se ansiasse por um gesto meu, como se eu pudesse ter a solução para tudo aquilo. Parecia cansada, física e emocionalmente exausta. Desesperada por um pouco de paz.

E assim, eu a beijei.

F*ckin' Siyoon (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora