19 ∞ Doce Reencontro

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Eda Yildiz

Estou sentada na varanda da minha casa olhando o mar bater suas ondas calmas nas rochas da praia. Mesmo no inverno eu amo esse lugar, quando cheguei aqui uma semana atrás meu coração estava agitado, nem um pouco parecido em como está agora, tão calmo como esse mar. Tusla é meu refúgio particular.

- Um diamante por seus pensamentos - Sinto uma mão apertar meu ombro, ergo meus olhos e ao ver quem é sorrio carinhosamente para o recém chegado.

- Meus pensamentos não valem tanto assim - seguro a sua mão enquanto ele se acomoda no lugar ao meu lado - Você não deveria ter subido as escadas sozinho. Como se sente hoje papai?!

Fico tão feliz por ele estar se recuperando, fiquei desesperada com medo de perdê-lo quando ele foi encaminhado para a UTI com sinais claros de envenenamento. A culpa me consumiu, como eu não pude perceber que tinha algo errado na "dieta especial" que só ele comia naquela casa?! O amor cega a gente, eu me apeguei a felicidade que estava vivendo, pela primeira vez na vida, e esqueci do mundo a minha volta. Não pude perceber sinais tão óbvios de que a doença do meu pai não poderia ter vindo de uma hora para outra.

- Estou bem minha flor - ele beija meus cabelos - Bem o bastante para saber o que te fez fugir de Istambul e vir correndo para cá! É sobre sua mãe?!

Olho para ele confusa, como ele sabe sobre isso?

- Não me olhe assim, foi sua avó - ele suspira e continua - Semiha hanim veio me cobrar explicações!

- Porque ela te cobraria algo? Você não sabia de nada.

Vejo meu pai ficar nervoso e estralar os dedos, como sempre faz quando me esconde algo.

- Papai o senhor sabia que minha mãe estava viva?!

- Eu...eu sabia que Aylin não tinha morrido no acidente de carro! - ele solta essa bomba e eu estremeço - Ela veio nos procurar quando haviam se passado alguns dias do suposto acidente de Şile. Sua mãe apareceu com uma história de que queria nos proteger e por isso fugiu.

- Porque você nunca me disse nada?! - falo em um sussurro de voz, cansada de ser enganada por todos ao meu redor.

- Eu estava magoado Eda, cego de ciúmes e arruinado como homem - vejo ele ficar emocionado com suas lembranças do passado - Eu amei sua mãe como um louco, mas ela sempre pareceu errada para minha realidade simples. Ela era uma princesa de marfim em meio aos plebeus. Quando Aylin fugiu com aquele homem, seu parceiro de dança, toda a loucura que antes era amor se transformou em uma louca amargura.

Eu seguro suas mãos o incentivando a continuar.

- Ela tentou te levar com ela nesse dia, reivindicar seus direitos de mãe, mas eu a proibi e... eu falei palavras que me doeram dizer e com certeza foi ainda mais doloroso para ela escuta-las - ele levanta o olhar pra mim - Então sua tia interveio, como sempre, e deixou Aylin ir te ver. Você estava com a Melek no quarto de brinquedos, brigando com a cadeira de rodas que ficava prendendo nos legos pelo chão.

Mustafá toma fôlego e continua a história.

- Você repetia sem parar que não tinha mais mãe porque sua luz apagou, estava quebrada e não podia mais dançar. Eu sei que a soma dessas coisas a destruiu e a fez ir novamente embora, depois que o orgulho e magoa passaram eu tentei procura-la, mas nunca mais a encontrei.

Ela tentou me buscar?! Bom isso não importa, depois disso ela teve muitos anos para tentar se aproximar e não o fez.

- Isso não faz diferença agora Baba!

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