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- Como você foi deixar a Lily fugir?Suspirei, soquei o boneco de treino uma última vez e olhei para cima

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- Como você foi deixar a Lily fugir?
Suspirei, soquei o boneco de treino uma última vez e olhei para cima.
Claro que meu pai iria querer saber tudo... Afinal, Lily era de boas famílias, com um futuro promissor pela frente... Uma ótima namorada para mim... Nossas famílias juntas seria algo grandioso.
Olhei ele, de pé, atrás de mim.
- Ela que me deixou. - Falei, pegando a garrafa de água.
Meu pai riu. - E porque será? Dário, a Lily é uma garota extraordinária! Daria uma ótima esposa.
Eu ri, sem vontade, cansado daquelas regras idiotas e encarei ele.
- É sério? - Franzi o cenho. - Uma namorada assim tão legal e gente boa, porque trairia o seu próprio namorado?
Meu pai ficou me olhando, calado, e depois algo passou pelo seu rosto.
- O quê?
- É. Viu? Ainda acha que ela é uma princesa de conto de fadas?
Meu pai cruzou os braços sobre o peito.
- E porque ela fez isso? Você dava atenção a ela? Tratava dela como uma mulher deve ser tratada?
Revirei os olhos. - Eu não acredito! Tá falando sério? Porque só faltava eu esticar um tapete vermelho para ela passar! Que mais queria que eu fizesse?
- Ora, que esquecesse as motos, os treinos. - Indicou meu corpo suado. - Lily deveria ter sua total atenção.
Eu ri. - Ainda mais? Quer saber? Cansei. Tou nem aí se você gostou da ideia ou não. E tou nem aí para garotas também. Cansei!
Peguei minha camisa e saí dali, ainda escutando ele falar algo que nem entendi o que era.
Eu estava cansado de famílias daquele tipo. E o pior de tudo, era que eu tinha nascido numa.

" Entrei na casa, olhando e lembrando cada momento passado ali.
Eu tinha regressado na cidade, mas porque eu fora até ali? Eu amava me machucar, né?
Coloquei a arma sobre a mesa da sala e sentei no sofá, apoiando os cotovelos sobre os joelhos e olhando em volta. Suspirei.
Perdera todos eles... Todos eles estavam mortos e não daquele jeito do tipo andarilho. Não. Eles estavam realmente mortos.
Passei a mão pelo rosto, sentindo a barba por fazer e ri fraco. Meu pai odiava que eu tivesse o rosto desse jeito. Mas o que isso importa num apocalipse?"

Bati com a porta, largando a mochila no chão e adentrando pela casa.
Minha respiração estava acelerada, meu corpo tremendo...
Minha familia não estava melhor.
Minha mãe parecia um fantasma de tão pálida, meu pai estava parado, no meio da sala, olhando a tv e minha irmã estava sentada na beira do sofá, como se fosse levantar a qualquer momento.
- Vocês viram? - Perguntei. - Vocês viram o que está acontecendo?
Minha mãe me olhou e correu para mim, me abraçando.
- Oh, que bom que você está bem. - Segurou meu rosto com as mãos e sorriu, quase chorando. - Pensei que tinha sido pego naquela confusão.
- Isso está mesmo acontecendo? - Perguntou o meu pai.
Assenti. - Estava um caos por todo o lado, inclusive na faculdade.
- Temos de sair daqui. - Ele falou. - Peguem suas coisas, só o essencial e vamos. Partiremos em vinte minutos.
Minha mãe olhou ele. - Para onde iremos?
Todos olhámos o meu pai, que parecia perdido.
- Eu não sei. Mas qualquer lugar será melhor do que aqui.

Já dentro do carro, olhava pela janela, á medida que iamos nos aproximando da estrada principal.... mas era impossível passar.
Os carros eram imensos e as pessoas estavam já abandonando eles e seguindo a pé.
- Deus do céu. - Disse minha mãe, muito baixo.
- Mas o que é isso? - Perguntou Cora, minha irmã. - É efeito daquela gripe estranha?
Olhei ela, sentada do meu lado.
- É o que dizem.
- Nossa. Que gripe faz esse tipo de coisa?
Minha mente voava, fazendo mil e um planos para conseguirmos sair dali, mas todos eles acabavam no mesmo ponto... A gente nunca iria conseguir.
E depois tinha a parte em que meu pai estava gerando ainda mais pânico em nós do que a situação já fazia e isso estava acabando com nossos nervos.

Semanas depois...

Saí do meio da floresta e avancei pelo pequeno acampamento improvisado que tinhamos num terreno, numa fazenda.
Tinhamos um pequeno grupo, com pessoas escolhidas aleatoriamente, e um deles tinha se tornado uma espécie de líder.
Passei pelas pessoas. Uma das garotas ergueu o olhar, me sorrindo timidamente. Sorri de volta e vi ela mudar de cor. Neguei com a cabeça, continuando meu caminho.
Cheguei junto do líder, Carson, e coloquei dois coelhos na mesa dele.
Carson ergueu os olhos para mim e sorriu. - Obrigada, Dário.
Dei de ombros. - Só consegui isso.
- Tudo bem, já é algo. Valeu, rapaz.
Assenti e segui na direção das barracas da minha família.
Meu pai me esperava, de mãos na cintura.
Coloquei a arma junto da minha barraca e tirei a jaqueta, estava bastante calor nesse dia.
- De novo na floresta, Dário?
Revirei os olhos. - Estava caçando.
- E se aquelas coisas aparecem? E se você fosse morto?
Fechei os olhos, depois abri de novo e girei, ficando na frente dele, encarando.
- Pelo menos eu faço alguma coisa. Eu protego esse grupo - Indiquei eles com a mão. - Eu saio para caçar ou apenas nas rondas para ver se tem andarilhos por aí! E você? Que merda você faz, afinal?
- Dário.
Minha mãe se colocou entre nós, colocando as mãos no meu peito, e me olhando.
Respirei fundo e assenti. - Por você, não por ele.
Me afastei de novo, me sentindo com raiva daquele homem. Como ele podia ser meu pai? Era impossível!
- Dário!
Olhei para o lado, vendo uns garotos me chamando.
Tinhamos algumas crianças naquele grupo, uns cinco meninos, três meninas e um bando de adolescentes. Os garotos estavam me chamando, com uma bola no chão, junto deles.
Sorri e me aproximei, eu costumava jogar com eles. Um deles me sorriu.
- Nossa equipa tem um a menos, quer jogar?
- Claro, campeão.
Tirei a camisa e joguei ela no chão, pegando a bola, entregando a ele e me afastando.
Jogar com os moleques era legal, mas eu não podia esquecer que eram crianças, ou elas acabariam no chão, já que eu era mais forte.
- Peter! - Gritei, chutando.
O garoto pegou a bola, e chutou com força, gritando de felicidade e correndo de um lado para o outro. Bateu na minha mão.
Estivemos jogando durante horas, até que eles deram o jogo como terminado, e nossa equipe venceu.
- Valeu, Dário. - Disse Peter.
- Sempre, garoto.
Peguei a minha camisa e percebi que estava sendo observado. Procurei com o olhar e vi a mesma garota de antes, me olhando. Acho que o nome dela era Meg.
Olhei o chão, pensando e mordendo o lábio, depois suspirei ergui a cabeça e segui na sua direção. Que se dane.
Ela ficou um pouco atrapalhada, mas não fugiu pelo menos.
- Oi. - Falei.
- Oi...
- É, escuta, porque você vive me olhando? Não que tenha problema nisso, mas só curiosidade.
Ela mudou de cor novamente, de forma adorável. - Eu... Desculpa... Eu não...
Eu ri e ergui a mão. - Sou o Dário, prazer em conhecer você.
Ela olhou minha mão e depois para os meus olhos, erguendo a mão e apertando a minha. Percebi ela descendo os olhos para o meu corpo e voltar nos meus olhos, ainda mais vermelha do que antes.
- Sou a Meg.
Sorri. - Viu? Eu não mordo.
Ela riu, nervosa, e depois ergueu as mãos. - Foi mal, desculpa. Mas... Você é o mais... intimidador de todos os caras aqui e... Bom...
Ergui uma sobrancelha, esperando, aquilo era divertido.
Ela revirou os olhos. - É o mais bonito, também.
Eu ri e ela olhou o chão, e aquilo me fez sentir mal.
Segurei o seu queixo e fiz ela me olhar.
- Tudo bem, obrigado, em todo o caso. Hum... Meg? - Tirei a mão do queixo dela. - Você sabe caçar?
Ela negou com a cabeça.
- Quer aprender? Pode vir comigo, amanhã.
Ela ficou me olhando. - Eu?
Dei de ombros. - Pediria para a Cora, minha irmã, mas ela não leva jeito com essas coisas.
- Nem eu!
Assenti. - Tudo bem.
Estava me afastando, quando senti a mão dela no meu braço. Olhei ela de novo.
- Eu vou com você.

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