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Semanas depois...

- Mas vai ser estranho ver você com um pequeno Dário por aí, nos braços.
Olhei Lexie e sorri. - Foi mais estranho ainda, saber que você era mãe da Lydia. E saber que estava esperando um filho do Beta. - Fiz gracinha para Elena, sentada na minha frente, brincando comigo.
- Mas você gosta dela.
Assenti. - Bastante.
- Connie e Magna já regressaram?
Neguei com a cabeça. - Não. Eu falei para ela ficar, mas aquela lá é teimosa.
Peguei o brinquedo e continuei brincando, com Elena rindo e tentando pegar ele.
- Dário!
Olhei por cima do ombro, vendo Kelly correndo para mim. Parecia em pânico.
Levantei, com Elena nos braços, Lexie também levantou e Beta se aproximou.
- O que foi? - Perguntei.
- É a Connie!
Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo. Respirei fundo e encarei Kelly.
- O que aconteceu?
- Magna e minha irmã foram cercadas por zumbis, Magna fugiu mas minha irmã...
Franzi o cenho. - O quê?
Entreguei Elena para Lexie e vi Magna se aproximando, perturbada.
- Calma, Dário, vamos achar um jeito. - Disse Lexie.
- Pode crer que vou. - Avancei na direção de Magna e segurei ela pelos ombros. - Onde está a Connie?
Ela começou a chorar. - Eu não sei. Num minuto ela estava segurando a minha mão e no outro eu estava sozinha... Me perdoa, Dário.
- Perdoar?! - Senti meu corpo tremer. - Você deixou ela para trás! - Gritei. - Ela está grávida!
Magna balançou a cabeça. - Eu, desculpa... Eu te ajudo a procurar.
- Não! Não quero mais nada que venha da sua parte! Já fez bastante. Eu mesmo acho ela.
Dei as costas e entrei na casa, subindo as escadas correndo, entrando no meu quarto e pegando a arma. Saí correndo e assim que cheguei na rua, Beta se colocou na minha frente.
- Eu vou com você, se ela está cercada, eu posso ajudar.
Assenti e respirei fundo. - Obrigado, Beta, isso seria ótimo.
Ele assentiu ums vez. - Pode deixar.
Ele se afastou, para se despedir de Elena e Kelly se aproximou de mim.
- Eu vou junto.
- Não. - Ergui as mãos. - É perigoso.
Ela me olhou duro. - É minha irmã!
Suspirei. - Tá, mas não sai de perto.
Kelly assentiu. - Fechado.
Saí de Arcadia com Kelly e Beta, seguindo as indicações que Magna falara.
Minha vontade era quebrar aquela idiota, mas eu tinha de afastar esses pensamentos. A culpa não era, necessariamente, dela. Podia acontecer com qualquer um. Mas saber que a Connie estava lá fora, no meio de zumbis, com o meu filho que eu ainda nem conhecia... Isso me deixava á beira da loucura.

Assim que chegámos onde Magna falara, olhei em volta, não vendo Connie e nem os zumbis.
Só queria gritar.
- Deveríamos ter trazido o Daryl. - Falou Beta.
Assenti. - Agora não adianta pensar nisso. - Olhei o chão, como tantas vezes vira Lexie fazer e, realmente, lá estava algo. Pegadas... dezenas.
Aquilo só me deixou mais abalado. Com o que Connie estava lidando?
Avançámos mais um pouco e depois ergui o braçoi livre e Kelly e Beta pararam.
Franzi o cenho. Eu escutara algo.
Olhei Kelly. - Você faz o que eu disser.
- O quê?
Olhei Beta. - Tira ela daqui.
Beta franziu o cenho. - Dário...
- Não são mortos. Esse som não são mortos. Tira a Kelly daqui! Eu me viro. Vai!
Beta arrastou uma Kelly contrariada, pela floresta. Olhei eles uma última vez e depois me concentrei no que estava se aproximando.
Um carro surgiu, seguido de mais dois, e os três pararam na minha frente, formando uma meia lua e impedindo minha fuga.
Vários homens saíram de dentro deles, mirando as armas em mim e eu ergui as mãos.
Um dos homens sorriu e se aproximou.
- Vejam só, deve ser dia de achar sobreviventes, quem diria que ainda restavam tantos?
Franzi o cenho. - Caso não tenha percebido, eu estou sozinho... - Dei de ombros. - Não sei onde vê esses "tantos".
Ele se aproximou de mim, parando na minha frente. - Engraçadinho. Vejamos se continua assim quando espetarmos sua cabeça.
- Força.
Ele assentiu. - Tenho um plano primeiro, porque, sabe? Tal como uma garota que a gente achou, você está limpo demais para andar por aí... E eu quero muito uma comunidade segura.
Aquilo chamou minha atenção. Seria... A garota seria Connie?
O homem bateu com a arma na minha barriga, me fazendo abaixar e depois me agarrou, tirando minha arma e me puxando para dentro do carro.

Olhei a porta de vidro, vendo Connie, do outro lado, fazendo um esforço enorme para não chorar, enquanto aqueles homens batiam em mim uma e outra vez.
- Fala a verdade! - Gritou o líder. - Você e ela são do mesmo grupo?
Neguei com a cabeça, o sangue escorrendo pela minha boca. - Nem conheço ela.
Ele fez sinal para levarem Connie e depos abaixou na minha frente, agarrando meu cabelo e puxando, me fazendo erguer a cabeça e olhá-lo.
- Não mente para mim, rapaz, só será pior.
Sorri. - Não estou mentindo.
Ele me soltou, olhou um dos amigos e levantou, ficando olhando para mim.
Vi o amigo pegar algo parecido com um ferro, rasgar minha camisa e soube que aquilo iria doer.
Respirei fundo, apertei os dentes e esperei. Eu sabia o que ele ia fazer.
Assim que senti o ferro queimando minha pele, fechei os olhos com força. Era como se estivesse arrancando a própria carne dos meus ossos e o grito que saiu de dentro de mim foi impossível de controlar.
Ele retirou o ferro e eu deixei a cabeça cair para a frente, as mãos amarradas atrás das costas e os joelhos no chão.
O líder me sorriu. - Ainda vai mentir?
Ergui a cabeça, respirando rápido. - Vai á merda!
Ele olhou o outro e senti o ferro de novo na minha pele.
Aquela tortura durou vários minutos, mas para mim pareceu uma eternidade. Era queimado e depois a mão de um deles socava meu rosto, para logo ser queimado de novo. Só esperava que Connie estivesse bem, porque ele só iriam parar quando eu morresse.
De repente, a porta abriu, batendo na parede, e um cara entrou.
O líder olhou ele.
- Temos de sair daqui! Tem zumbis por todo o lado!
- Como assim? Mata eles!
- Não dá! Eles estão se movendo de forma estranha.
Olhei para baixo e sorri. - Beta, seu demônio.
Eles começaram a correr. - Vamos! Cadê a garota?
- Sumiu!
- O quê? Como assim sumiu?
Fui deixado para trás, sozinho, e me  deixei cair no chão, de lado, sentindo uma dor tão horrível que quase apaguei.
A porta abriu de novo e um zumbi entrou, se aproximando de mim.
- Merda. - Falei, tentando me afastar.
Ele me segurou e me fez olhá-lo.
- Sou eu, vamos tirar você daqui.
Estreitei os olhos. - Beta...
Ele tirou as amarras das minhas mãos e fechei os olhos, aquilo era doloroso.
Beta me olhou nos olhos, segurando pelos ombros.
- Desculpa, mas isso vai doer como o inferno.
Ele levantou, pegando em mim e me colocando no ombro.
Gritei de dor.
- Lá fora, por favor, tenta ficar calado. - Pediu ele.
Eu ri fraco. - Não deve ser difícil.
A cada passo de Beta, eu mordia minha língua. Era como se o inferno estivesse ardendo nas minhas costas.
Apaguei minutos depois, momentos antes de Beta sair do edifício...

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