Brilhe como Sirius • Jikook

Prólogo: como tudo começou

"As grandes ideias surgem da observação dos pequenos detalhes."

Uma frase interessante.

Não consigo lembrar se a vi numa dessas páginas de citação de frases que sigo no Twitter, ou se foi em alguma das páginas de livros que já li. Mas isso não vem ao caso. "Observação", eu gosto dessa palavra.

Silêncio. Outra palavra que gosto. Acho interessante porque o significado do silêncio é nada dito, ou algo do gênero. Mas é incrível como podemos ouvi-lo. Podemos escutar o silêncio.

O que me perturba é pensar que nunca teremos o silêncio absoluto. Por mais que essa palavra exista, enquanto respirarmos, enquanto o nosso cérebro continuar funcionando, nunca saberemos qual é a sensação do silêncio absoluto.

Baseado em quê?

Só precisamos observar e raciocinar. Mesmo se estivermos calados, sozinhos em um lugar tranquilo, o barulho de nossa mente é gritante. E é aí que podemos perceber que o silêncio não existe.

- Deixa eu adivinhar, você está pensando sobre um monte de coisas que só fazem sentindo na sua cabeça?

O silêncio realmente não existe. Principalmente quando estou na companhia de Jung Hoseok, meu melhor amigo. Gosto de comparar sua energia a de uma criança que está no auge dos seus quatro anos de idade. Ou pior.

Hoseok é completamente diferente de mim, e quando eu digo diferente, quero dizer que somos opostos em tudo. Somos tão diferentes que chega a ser questionador o fato de sermos melhores amigos. Mas afinal, dizem que os opostos se atraem, então deve ser por isso que a nossa amizade funciona tão bem.

- Por que você sempre some justo na hora que eu mais quero encher teu saco? - ele volta a dizer, e parece não se importar se está desperdiçando meus últimos minutos de leitura.

- Porque eu sei que você vai continuar falando sobre aquela festa, querendo fazer minha cabeça até que eu ceda à sua ideia maluca. - fecho o livro que estava lendo, visto que minha concentração estava perdida.

- Meu Deus... - ele sussurra, e me julga somente com o olhar. - Park Jimin, você é a pessoa mais careta que eu conheço. Eu juro.

Começou... Sim, eu aturo um Jung Hoseok falante há anos.

- Sua vida se resume a estudar e ler esses livros que são cheios de baboseiras - ele pega um de meus livros e chacoalha no ar. É neste momento que penso seriamente em matar Jung Hoseok. - Esse daqui é o mais chato. - diz, referindo-se ao livro em sua mão.

- Não fale assim de meus livros - eu o interrompo, olhando-lhe incrédulo. - Orgulho e preconceito foi o melhor livro já escrito!

- Quer saber o que acho disso tudo? - perguntou, enquanto me ocupei a tirar meu livro favorito das mãos dele.

- O que você acha, Hoseok? Juro que estou louco para saber. - minha fala já é irônica o bastante, tanto que sequer preciso fazer alguma expressão.

- Acho que você precisa de sexo - ele diz, simplesmente. - Precisa tirar esse cabaço urgentemente!

Realmente, os opostos se atraem.

E depois...

Eles se destroem.

Diante de sua fala, tudo o que faço é arregalar meus olhos, sem dizer uma palavra. E então, conforme sua fala se torna mais clara em minha mente, uma crise de risos me atinge.

E é sob essa crise de risos que a minha desgraça acontece.

Veja bem, em um minuto eu estou rindo da falta de escrúpulos de meu melhor amigo, e no outro, eu sou atingido por uma crise de tosse, causada pelo garoto que adentrou a ala em que estávamos.

Problema. Outra palavra interessante. Só que esta eu odeio.

O problema não era apenas um garoto. O problema era esse garoto ser Jeon Jungkook, o cara por quem eu tenho, digamos que, um precipício inteiro. E minha crise de tosse também nunca seria um problema, até porque é normal algo assim acontecer. Somos seres humanos e estamos destinados a passarmos por humilhações, constatemente.

Mas o problema foi a minha crise de tosse ter chamado a atenção de Jungkook.

E a seguir, vem o momento em que eu não questionaria se por um acaso o universo me engolisse. Porque tem um ser humano bem atrás de mim, batendo em minhas costas, numa tentativa falha e humilhante de dissipar a minha crise de tosse.

Esse ser humano se chama Jung Hoseok. Meu melhor amigo. Mas estou pensando seriamente em tirar esse cargo dele.

Eu quero olhá-lo e pedir a ele que pare, mas não consigo me mover ou dizer algo. Não consigo fazer nada além de tossir. E não facilita ver Jungkook parado a alguns metros de distância, olhando em nossa direção com uma sobrancelha arqueada. Não facilita vê-lo andando em passos precisos até a mesa qual estou sentado.

Eu quero morrer. Mas antes... Antes eu quero matar Jung Hoseok.

[...]
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