Meus pais me fizeram uma festa de aniversário quando completei 10 anos de idade.
Eu não tinha amigos, nem no bairro nem na escola, mesmo assim, minha mãe queria que tudo fosse perfeito. Ela achou que seria uma boa idéia convidar todas as crianças da rua.
Resumindo, ninguém foi.
Ninguém exceto um garoto estranho que eu sempre via sentado na calçada quando chegava da aula. Ele era muito magro, e eu, uma criança tímida e confusa na maior parte do tempo, senti medo dele. Não sei explicar exatamente o porque, eu apenas senti.
Naquele dia eu simplesmente me tranquei no quarto com o pensamento de que festas de aniversário são eventos bobos, e vesti uma fantasia de vaca, porque eu sabia que não era o momento apropriado para usá-la. Na minha cabeça eu estaria me "vingando" ao ser rebelde.
Me vingando de quê? Até hoje não sei.
Horas depois, naquele mesmo dia, saí do quarto e fui até a sala de estar, vi que o garotinho ainda estava ali. Ele usava um chapéu de aniversário e estava sentado no sofá enquanto comia o meu bolo, ao lado dos meus pais. Foi a primeira vez que senti ciúmes, por pensar que meus pais iriam me substituir. Meio idiota, né? Mas eu chorei noite adentro. E enquanto meu pai me acalmava com palavras reconfortantes, minha mãe dizia que eu estava sendo egoísta, que eu tinha reagido muito mal à presença daquele garoto.
Existia uma grande diferença no modo de criação do meu pai ao da minha mãe. Nos meus momentos de "chatice", meu pai me acalmava com palavras gentis; minha mãe, por sua vez, dizia o que nenhuma criança gostaria de ouvir. Eu a odiei até anos depois, contudo, hoje tenho uma outra visão, e, consequentemente, me arrependo das minhas atitudes.
Apesar de na época essas palavras terem me machucado de certa forma, ainda assim eram realistas e serviram — mais tarde — como aprendizado, para viver em um mundo cruel, onde nele habita pessoas cruéis. E o que eu quero dizer é que, no final de tudo, minha mãe me ensinou a não ser uma pessoa cruel.
Eu fui na casa daquele garotinho e me desculpei. Nos dias atuais ele é meu melhor amigo. Porém, devido aos últimos acontecimentos constrangedores causados por este, acho que devo matá-lo.
Enquanto Jungkook dava leves batidas em minhas costas, eu listava mentalmente alguns motivos para bater em Jung Hoseok.
Primeiro motivo: Ele me tira o sossego.
Fico imaginando como teria sido se o meu melhor amigo não tivesse me achado. Eu poderia estar saindo da biblioteca nesse exato momento, indo para a sala de aula depois de ter terminado mais um capítulo do livro que estou lendo. Seria mais um dia normal e eu não estaria passando por tal humilhação. Isso se o meu melhor amigo não tivesse aparecido para me encher o saco, como ele mesmo diz.
Segundo motivo: Ele não tem escrúpulos.
De todas as maneiras que imaginei um dia ser notado por Jungkook, certamente nunca passou pela minha cabeça ser de uma maneira tão vergonhosa. Onde Hoseok entra nisso? Se ele não fosse tão intrometido, se não ficasse a todo instante querendo arrumar uma "solução" para a minha vida sexual inativa, talvez eu não nunca teria tido aquela crise de tosse. Jeon Jungkook nunca teria me visto num estado tão deplorável.
Jeon Jungkook, um nome bonito. Eu gosto.
Eu não sou apaixonado pelo Jungkook, e isso é um fato. Algo que não preciso ficar repetindo para mim mesmo, porque é óbvio que não estou. Eu sequer acredito em amor a primeira vista. Isso não existe.
O amor é um sentimento que precisa se construído aos poucos, é algo que requer tempo. Acredito que seja a mesma coisa em relação a paixão. É o que eu, Park Jimin, acredito.
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Brilhe como Sirius • Jikook
FanficUM ROMANCE INTENSO, PURO, LINDO e VICIANTE. Em "Brilhe como Sirius" você acompanha a vida de Park Jimin, um acadêmico de astronomia. Ele é um garoto estudioso e super tímido, mas um grande amante da literatura romântica também. Não é experiente em r...