[04] Plutão (não) é planeta!

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Nestes últimos dias que se passaram rapidamente, lembrei que faltam apenas dois anos para eu fazer a pós-graduação.

Na quarta-feira conversei com o professor do curso. Ele basicamente me mostrou em seu laptop a suposta pessoa que me guiará durante os quase seis anos de meu doutorado. Fui informado também que as aulas práticas no laboratório do campus começariam na próxima semana, e com certeza ficaríamos presos no planetário por alguns dias.

Tenho estudado horas a fio depois da meia-noite.  Sem pausas. Nenhum drama coreano. Nada de idas à biblioteca do centro da cidade. E sem muito contato com Jeon Jungkook. Só eu, quantidades excessivas de flocos de milho e bolsas sob os olhos.

Ah, e muita mecânica quântica.

- Você colocou sal nesse arroz? - perguntei a minha mãe, que terminava de guardar a louça.

- Mhmm - ela me olha confusa através das lentes da armação redonda. - Você não colocou?

- Omma! Era você quem estava fazendo!

- Aish - ela resmunga, afastando a franja curta com os dedos. - Ainda bem que nós preferimos sem sal.

- "Nós" quem?

Minha mãe em casa era algo quase raro. Os nossos horários não batem muito. Quando estou saindo, às seis da manhã, dificilmente nos encontramos na cozinha para tomar café juntos. Eu retorno às uma da tarde, e nesse horário ela está almoçando, quase saindo para clínica. Hoje é sexta e estamos tentando compensar nossos dias de ausência fazendo tudo juntos. Isso inclui a janta.

É bom para mim que ela esteja em casa, eu não fico sozinho e nem me deixo pensar demais sobre pós-graduação, mestrado, doutorado, ou acontecimentos estranhos e questionáveis na biblioteca da universidade.

Somos muito apegados um ao outro. Sei que será difícil para nós dois quando eu me mudar. Essa mudança é algo que preciso fazer, no entanto. Confesso que gosto da ideia de ter um lugar só meu. Para melhorar, fica a quinze minutos do laboratório que será praticamente minha segunda casa.

- Por que você não para de falar do meu arroz e faz o favor de vestir uma camisa? Não me diga que viverá pelado quando morar sozinho.

Jinjoo e eu costumamos trazer o assunto à tona com frequência, tipo uma forma de fazer ela conseguir lidar melhor quando este dia chegar. Mesmo que saibamos que na prática é completamente diferente.

- Falar do seu arroz é mais divertido, dona Jinjoo. E acho que posso me sentir a vontade quando estou em casa - ela arqueia uma sobrancelha. - Vou chamar os meninos.

- Não demore muito. Ou vou sentir sua falta.

Como o bom amigo que sou, deixei que Hoseok ficasse a sós com Yoongi no meu quarto. Eu acho lindo o início de um relacionamento; o conhecimento e as descobertas dos sentimentos que cada um sente pelo outro.

Fui até a porta do quarto e bati três vezes. Ninguém respondeu, então abri sem permissão. Grande erro. Tive o desprazer de ver Yoongi sentado em cima do corpo do Hoseok, enquanto se beijavam como se o mundo fosse acabar dentro de alguns minutos. Cocei a garganta, chamando a atenção dos dois.

- Eu bati, mas ninguém falou nada.

- Não ouvi. - Hoseok diz.

Yoongi está ocupado tentando fazer com que o rubor em suas bochechas desapareçam. Ele mal tem coragem de me encarar.

Brilhe como Sirius • JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora