Filhotinho - Parte 3

1.7K 7 0
                                    


Hoje chegou o pacote pelo correio. Ainda não acredito que me meti nessa, a Morena não sabe o que vai ganhar ainda apesar das constantes dicas e indiretas que me mandou todos esses dias (a lista de links que recebi dela por mensagem precisa que se role a tela cinco vezes, eu contei). Hoje vamos ter a casa só pra gente, o povo foi todo viajar, sobramos nós dois.

Dentro da caixa, junto de uma cartinha do vendedor, tinha uma coleira toda felpuda, rosa, o bendito par de orelhas, uma bolinha de borracha e patinhas, algo que achei online e que comprei de curiosidade, era uma espécie de luva que a mão ficava fechada dentro, transformando mãos em patas, nada de agarra coisas a partir de agora, pelo menos essa era a promessa. Acompanhava também um par de meias com bolinhas na sola imitando o pé de um bichinho. Acho que vai agradar, queria ter pego o rabinho, ia ser divertido brincar com ele, mas uma coisa de cada vez.

Coloquei tudo num embrulho bonitinho em cima da estante na sala, dei uma ajeitada na casa, tomei meu banho e fiquei sentado vendo bobeiras no celular, esperando ela chegar. Pouco tempo depois tocou a campainha, peguei o interfone e perguntei "Quem é?"

"A Morena! Cheguei!", ela respondeu cheia de amor na voz.

"Morena dessa porta pra fora! Passando dessa porta só vai ter meu filhotinho, combinado? Um latido pra sim, dois pra não", a parte do latido era brincadeira, eu já estava com o dedo no botão da tranca automática, não era pra ela latir no meio da rua, mas mesmo assim escutei ela murmurar um "au" no interfone. Destravei a porta e me segurei pra não rir, era fofo de certa forma, mas quando não deixa de ser engraçado. Dei uma ultima olhada em volta pra ver se estava tudo no lugar e fui até a entrada encontrar com ela. A porta da rua dava no quintal, muro alto, casa antiga com caquinhos em cima do muro, portão de madeira sem frestas, não se via da rua nada dentro de casa, e uns bons quinze metros de corredor até a cozinha onde estava o interfone.

Mau virei na direção da entrada, dei de cara com ela de quatro no chão, língua pra fora imitando um cão ofegante. Me viu e latiu pra mim, balançando a bunda como se tivesse um rabinho. Tive que sorrir pra cena, era ao mesmo tempo bizarra, engraçada e sensual, quem não sonha com alguém aos seus pés? A forma como ela se colocava acentuava suas curvas, o que tornava toda a cena mais sexy. Tossi pra me recompor e caminhei com passos firmes até perto dela, como um mandão de filme infantil, resolvi seguir o pequeno roteirinho que tinha bolado, não é só de orelhas que se vive o fetiche alheio, acredito, a vida é feita de regras, mesmo as não escritas, mais ou menos...

Ela pulou com as mão na minha barriga, latindo e com um sorriso no rosto, jogou o peso e mim, quase cai pra traz, e com isso toda minha pose se desfez. Eu segurei ela pelas mãos e voltei ela no chão, ajoelhei na frente dela e olhando nos olhos dela segurei o rosto dela com carinho e disse:

"Algumas regrinhas ok? Primeiro de tudo, cachorro não fala, então qualquer palavra sua é fim de brincadeira, ou como o povo fala na internet 'safeword', sei lá, falou parou, se entendeu da um latido!"

"Au"

"Segundo, essas roupas são para humanos, vamos ter que resolvei isso logo disso, me de suas patas!", falei rindo, buscando a mão dela no chão.

"Au"

"Terceiro, bicho desobediente precisa de disciplina, nada de pular nos outros do nada, essa primeira vez passa, mas é a ultima, entendeu?", falei puxando a camiseta dela pra cima.

"Au"

"Ótimo!" falei enquanto terminava de arrancar a camiseta, "Tem mais umas regrinhas mas tudo a seu tempo..." 

A calça deu mais trabalho, mas depois de conseguir tirar, peguei as roupas e fui caminhando de volta pra cozinha "Vem Morena, tem uma surpresa pra você.". 

Contos soltos e nada comportadosOnde histórias criam vida. Descubra agora