Capítulo 5 - Pecador

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Duas semanas se passaram e Harry evitava pensar na grande conspiração em que ele havia tropeçado.

No fundo sabia que não havia muito tempo e que em breve teria que tomar uma decisão. Sua mente sobrecarregada com aulas e suas preocupações constantes com a pedra trouxeram de volta seu outro problema que não tinha verdadeiramente ido embora.

A oclumência de Harry vinha ficando melhor e seu corpo clamava cada dia mais alto pelo prazer que ele havia sentido uma única vez. No começo ele comparava seus impulsos com crises de abstinência, logo percebeu que tal avaliação era incorreta; pois tais impulsos, ao contrário dessas crises, não melhoravam, apenas ficavam mais violentos com o passar dos dias.

Neville, por sua vez, parecia convencido de que eles deviam a Hagrid alguma coisa. Afinal, na visão dele, eles eram os responsáveis pela separação do meio gigante e sua filha dragão.

Na opinião de Harry, eles apenas haviam salvado a pele do homem e se alguém devia algo a eles era Hagrid.

No entanto, havia um justo esforço em desconsiderar os pensamentos egoístas, pois lembra-se com carinho que o homem era seu primeiro amigo no mundo mágico.

Assim, ele e Neville se encontravam do lado de fora da cabana de madeira de seu amigo enorme, que saia pela porta, acompanhado pelo seu cão covarde e, proporcionalmente, tão grande quanto ele.

"Olá, meninos."

Cumprimentou o meio gigante ao vê-los, ainda parecendo um pouco abatido.

"Olá Hagrid!" Neville respondeu gentil e calorosamente "O que você quer que façamos hoje?"

"Bem, há alguns meses os centauros vem reclamando sobre a morte incomum de alguns unicórnios." Explicou o homem enquanto abastecia uma grande lamparina de aparência antiga. "O professor Dumbledore me pediu para investigar."

Completou ele após estar satisfeito com a iluminação oferecida pela sua ferramenta, apontando-a em direção a floresta escura, poucos metros dali.

Harry sentiu uma diversão culpada quando, mesmo encarando a parte de trás da cabeça de Neville, pode observar o sangue de seu amigo sendo drenado do rosto e sua pele empalidecer.

"Certo."

Gaguejou o menino apresentando os primeiros sinais de arrependimento e dando passos hesitantes na direção apontada por Hagrid.

O homem, não percebendo ou não se importando com o drama de seu acompanhantes menores e menos corajosos, os parou após alguns passos para dentro da floresta.

"Olhem ali." Apontou ele. "Estão vendo aquela coisa brilhando no chão? Prateada? Aquilo é sangue de unicórnio."

A revelação veio em um tom grave, Hagrid era um homem sensível com a maioria das criaturas mágicas, mas ferir um unicórnio era um crime particularmente grave.

"Tem um unicórnio ali que foi ferido gravemente por alguma coisa." Disse ele determinado. "Vamos tentar encontrar o pobrezinho. Talvez a gente precise pôr fim ao sofrimento dele."

Em termos simples, a floresta era inquietante desde os primeiros passos.

Qualquer dos cantos misteriosos não iluminados diretamente pela lamparina de Hagrid pareciam absorver a luz, criando um ambiente de constante escuridão nociva.

Harry não tinha dúvidas de que havia magia poderosa correndo pelo ar da floresta, impregnada nas raízes e troncos da vegetação fechada.

Fora isso, havia uma constante e desconfortável sensação de ser observado.

A Breaking SongOnde histórias criam vida. Descubra agora