Capítulo 9 - Crônica de Justa

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O tempo parecia parado em seu entorno.

Em seu rosto, podia sentir gotículas do que esperançosamente era água e, em volta, além de um zumbido constante havia o murmúrio do que parecia ser centenas de vozes preocupadas.

O silvo de dor ao mexer o braço foi um reflexo, mas só agora o garoto havia se dado conta da agonia aguda que parecia pulsar em seu braço direito.

Abrir os olhos foi outra luta, mas, por sorte, o feitiço que usava para o bem de manter seus óculos no lugar ainda funcionava. Aos poucos, o mundo entrou em foco e junto com a ele a última pessoa que o menino confuso desejava ver.

"Deus! Não! Você não!"

Gemeu Harry tentando se afastar de seu professor de Defesa Contra as Artes das Trevas que, alheio a tudo, parecia concentrado em examinar o braço ferido.

"Relaxe, meu garoto, vou consertar o seu braço em um instante."

Os protestos de Harry caíram em ouvidos surdos e, em sua volta, o som de gritos animados e sussurros sobre quão incrível era o professor tomavam conta do ambiente.

Ao longe, o garoto ferido podia ver os seus colegas de time, ainda lutando para controlar a monstruosidade em forma de balaço que havia o colocado em tal situação. E assim, com o som de uma foto e algumas palavras incompreensíveis em latim, o jovem sentiu seu braço ficar mole.

"Bem." Começou Lockhart envergonhado. "Agora que a dor passou, você pode ir para ala hospitalar cuidar disso melhor." Falou o homem começando a levantar-se do chão enlameado. "Boa captura, Harry! Boa captura!"

Despediu-se o homem, despreocupado, com tapas amigáveis no ombro e uma saída apressada.

***

O garoto aborrecido se esforçava para manter a concentração. A varinha em sua mão esquerda parecia estranha, não por falta de domínio, mas sim por carência de prática. A mão direita, que ele usualmente utilizava para segurar a ferramenta, pendia firmemente enfaixada e presa a uma tala.

Ele não conseguiu evitar a surpresa ao ver, no início daquela noite, o diretor invadir a enfermaria e arrastá-lo para longe dos olhares curiosos, mesmo em face dos protestos da temida curandeira residente do castelo. Era raro ver Dumbledore desautorizar um de seus funcionários em frente aos seus alunos, o acontecimento só confirmava que o garoto já não era um estudante comum.

"Se concentre, Harry."

Repreendeu o velho, mantendo os olhos sobre o esquilo que, há pouco tempo, havia sido conjurado e em vão tentava se debater na mesa, preso pelo firme controle exercido pelo garoto de olhos verdes.

"Está permitindo que o sangue vaze pelos olhos e boca."

O alerta do velho estava certo.

Para a absoluta frustração de Harry o pequeno roedor tinha uma quantia considerável de fluidos vazando pelos seus orifícios. O esforço para conter a ação mais banal da maldição em questão parecia fútil e vazia, na melhor das hipóteses.

"Lembre-se do objetivo do exercício."

Comandou sutilmente o mestre.

"Eu estou concentrado."

Rebateu, finalmente, o mais jovem por entre os dentes.

"Não! Não está! Sua mente está vagando desde que entrou na sala."

"Escute." Disse o jovem frustrado. "É uma maldição de hemorragia. Uma maldição que eu já domino. Não consigo ver um propósito em lutar contra a natureza de um feitiço, ele está fazendo exatamente o que deveria fazer."

A Breaking SongOnde histórias criam vida. Descubra agora