O tempo parecia parado em seu entorno.
Em seu rosto, podia sentir gotículas do que esperançosamente era água e, em volta, além de um zumbido constante havia o murmúrio do que parecia ser centenas de vozes preocupadas.
O silvo de dor ao mexer o braço foi um reflexo, mas só agora o garoto havia se dado conta da agonia aguda que parecia pulsar em seu braço direito.
Abrir os olhos foi outra luta, mas, por sorte, o feitiço que usava para o bem de manter seus óculos no lugar ainda funcionava. Aos poucos, o mundo entrou em foco e junto com a ele a última pessoa que o menino confuso desejava ver.
"Deus! Não! Você não!"
Gemeu Harry tentando se afastar de seu professor de Defesa Contra as Artes das Trevas que, alheio a tudo, parecia concentrado em examinar o braço ferido.
"Relaxe, meu garoto, vou consertar o seu braço em um instante."
Os protestos de Harry caíram em ouvidos surdos e, em sua volta, o som de gritos animados e sussurros sobre quão incrível era o professor tomavam conta do ambiente.
Ao longe, o garoto ferido podia ver os seus colegas de time, ainda lutando para controlar a monstruosidade em forma de balaço que havia o colocado em tal situação. E assim, com o som de uma foto e algumas palavras incompreensíveis em latim, o jovem sentiu seu braço ficar mole.
"Bem." Começou Lockhart envergonhado. "Agora que a dor passou, você pode ir para ala hospitalar cuidar disso melhor." Falou o homem começando a levantar-se do chão enlameado. "Boa captura, Harry! Boa captura!"
Despediu-se o homem, despreocupado, com tapas amigáveis no ombro e uma saída apressada.
***
O garoto aborrecido se esforçava para manter a concentração. A varinha em sua mão esquerda parecia estranha, não por falta de domínio, mas sim por carência de prática. A mão direita, que ele usualmente utilizava para segurar a ferramenta, pendia firmemente enfaixada e presa a uma tala.
Ele não conseguiu evitar a surpresa ao ver, no início daquela noite, o diretor invadir a enfermaria e arrastá-lo para longe dos olhares curiosos, mesmo em face dos protestos da temida curandeira residente do castelo. Era raro ver Dumbledore desautorizar um de seus funcionários em frente aos seus alunos, o acontecimento só confirmava que o garoto já não era um estudante comum.
"Se concentre, Harry."
Repreendeu o velho, mantendo os olhos sobre o esquilo que, há pouco tempo, havia sido conjurado e em vão tentava se debater na mesa, preso pelo firme controle exercido pelo garoto de olhos verdes.
"Está permitindo que o sangue vaze pelos olhos e boca."
O alerta do velho estava certo.
Para a absoluta frustração de Harry o pequeno roedor tinha uma quantia considerável de fluidos vazando pelos seus orifícios. O esforço para conter a ação mais banal da maldição em questão parecia fútil e vazia, na melhor das hipóteses.
"Lembre-se do objetivo do exercício."
Comandou sutilmente o mestre.
"Eu estou concentrado."
Rebateu, finalmente, o mais jovem por entre os dentes.
"Não! Não está! Sua mente está vagando desde que entrou na sala."
"Escute." Disse o jovem frustrado. "É uma maldição de hemorragia. Uma maldição que eu já domino. Não consigo ver um propósito em lutar contra a natureza de um feitiço, ele está fazendo exatamente o que deveria fazer."
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A Breaking Song
PertualanganQuando a história se repete, o tempo se torna escasso e borram as linhas entre o talento e a necessidade. No meio disso, Harry luta para lembrar que suas ações têm um propósito e não são apenas frutos de sua própria tentação. No fim, o interminável...