Era possivelmente o dia mais gelado que Harry havia presenciado em sua curta vida. Dumbledore havia solicitado sua presença cedo naquela tarde. As aulas haviam sido canceladas após o fim da manhã durante uma breve tentativa de proteger mandrágoras do tempo frio. Ele havia sido notificado pela professora de herbologia que deveria comparecer após o almoço no escritório do diretor.
Harry não reclamaria de ter uma aula a mais com seu mestre, mas era um pouco frustrante ter seu tempo livre retirado dele sem que ninguém perguntasse sua opinião sobre o assunto. Não que ele negaria a oportunidade, mas, após o incidente no clube de duelos, os alunos começaram a teorizar que seus encontros constantes com o diretor se tratavam de uma tentativa de interrogá-lo. O garoto pouco se importava com os boatos, mas as hostilidades estavam aumentando gradualmente a medida que mais e mais pessoas começavam a pensar que Dumbledore desconfiava de seu envolvimento.
Até mesmo Neville parecia mais mal humorado essa semana. O garoto Longbottom havia tomado para si a responsabilidade de ficar perto de Harry o maior tempo possível.
Em outra nota, Sarah parecia ter parado de agir de forma estranha perto das amigas, mas não havia tentado fazer contato nenhuma vez em todo aquele tempo. Apesar de ter se afastado da garota por sua própria vontade, Harry odiava pensar que ela era capaz de acreditar nos boatos sobre ele.
Foi com esse turbilhão de pensamentos e considerações que Harry adentrou o escritório de seu mentor e deparou-se com umas das cenas mais estranhas que já havia visto naquele cômodo.
"Senhor, por que tem duas galinhas em cima da sua mesa?"
Questionou Harry com um rosto incrédulo.
De fato, na mesa do diretor estavam atiradas duas aves. Harry presumiu que estivessem mortas, pela estranha posição em que se encontravam.
Dumbledore parecia divertido e, até mesmo, um pouco envergonhado.
"Hagrid as trouxe até aqui." Explicou o homem. "Parece que algo ou alguém tem matado os galos do castelo."
Só agora o garoto percebeu que não se tratavam de galinhas e sim galos. Deveria ter sido óbvio pela crista maior na cabeça das aves e pelas penas diferentes.
"Então há um assassino serial de aves a solta no castelo?" Perguntou Harry em tom jocoso. "Fawkes não deveria estar preocupada?"
A fênix, ao ouvir seu nome, encarou Harry e grunhiu ofendida.
Dumbledore limitou-se a rir suavemente da troca entre seu aluno e o familiar. O velho ficou feliz pela fênix ter voltado a reconhecer a existência do garoto. Com a evolução dos estudos paralelos de Harry, a magia obscura que ele estava aprendendo havia se impregnado em seu corpo, isso fez com que o pássaro mágico começasse a ignorar a existência do rapaz. O animal voltando a reconhecer seu aluno indicava que Harry estava progredindo no seu controle. Pelo menos, Albus esperava que sim. Era um bom sinal, de qualquer forma.
"Garanto que qualquer coisa que tenha a audácia estúpida de atacar Fawkes estará em mais problemas do que pode lidar." Disse o diretor em tom bem-humorado. "Nossa amiga flamejante está segura, por agora."
Garantiu o homem apontando para o pássaro que se erguia orgulhoso.
Harry apenas balançou a cabeça sorrindo e sentou-se na cadeira oferecida por seu professor.
"Bom." Começou o velho. "Antes de começarmos a sua lição de hoje, quero que me diga o que pode sentir vindo disso." Disse o velho apontando para os dois animais mortos em sua mesa. "Garanto que é interessante."
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A Breaking Song
AventureQuando a história se repete, o tempo se torna escasso e borram as linhas entre o talento e a necessidade. No meio disso, Harry luta para lembrar que suas ações têm um propósito e não são apenas frutos de sua própria tentação. No fim, o interminável...