O rapaz não recordava de ter adormecido, mas lembrava com clareza que a noite havia sido horrível.
A enfermeira não havia lhe dado nenhuma poção, temendo que as substâncias reagissem com os últimos resquícios de veneno que ainda permaneciam em sua corrente sanguínea.
O chapéu, assim como a espada que havia sido retirada dele, estava ao lado de sua cama em um criado-mudo. O diário estava longe de ser visto. Ao lado do leito, com um rosto calmo, também estava o diretor.
Por um momento a familiaridade da cena chamou a atenção de Harry.
"É bom ver você acordado." Falou Dumbledore mantendo o tom neutro. "Como se sente?"
O olhar de Harry não encontrou o de seu mentor, em vez disso, vagou para o leito mais distante na enfermaria.
Uma única cama tinha as cortinas fechadas.
O diretor percebeu para onde o garoto estava olhando e seus olhos ficaram tristes.
"Você fez tudo que pode."
Falou em uma tentativa fraca de consolar seu aluno.
"Você não sabe."
Rebateu o garoto desviando o olhar para os próprios lençóis.
"Fawkes me mostrou o que aconteceu." Revelou o velho. "Você deveria falar sobre como se sente."
"Como eu me sinto?" Perguntou Harry em tom de zombaria, ainda sem encarar o diretor. "Eu sinto que deveria ter sido eu!" Sussurrou enquanto seus olhos umedeciam. "Eu me sinto fraco e patético!"
Dumbledore assentiu antes de voltar a falar.
"A culpa não é sua."
"Não ouse!" Rosnou o mais jovem finalmente encarando seu mestre com um olhar de raiva e tristeza. "Eu a matei!"
"Não, você não matou!" Interrompeu Albus. "O diário matou ela, não havia nada a ser feito."
"Eu sabia!" Teimou o garoto. "Riddle falou que se eu cortasse a conexão ela morreria. Se ao menos eu tivesse levado sua ameaça a sério!" Lamentou-se. "Para começo de conversa, isso nem teria acontecido se eu não agisse como uma criança orgulhosa."
Sussurrou enquanto cerrava os punhos e desviava o olhar.
Dumbledore suspirou.
"Você sabe o que dizem sobre os erros." Começou o velho. "As pessoas esperam muito daqueles verdadeiramente excepcionais." Explicou com uma calma que não possuía de verdade. "Como se bruxos talentosos não pudessem estragar as coisas. A verdade é que o erro de um grande homem é ainda maior que o de um homem comum."
"Isso é uma bobagem!" Gritou em frustração o garoto de olhos verdes. "Qual é o ponto em todo esse esforço se no fim não pudermos salvar a todos?"
"As pessoas morrem, Harry. Não importa o quão importantes elas sejam ou o quanto você goste delas." Disse o homem sem rodeios. "O máximo que você pode fazer é aprender com seus erros."
"Isso não é o suficiente."
Falou o menino.
"Mas terá que ser!" Dumbledore levantou-se. "Cuide de sua saúde." Pediu o homem. "Seu amigo, Neville, mandou seus cumprimentos e pêsames através de Augusta, foi ele quem tomou providências para que eu ficasse sabendo sobre sua incursão na câmara." Explicou o homem enquanto retirava um pergaminho enrolado de sua manga. "Ainda temos muito o que discutir. Leia isso, enquanto descansa, e me encontre em meu escritório quando se sentir melhor."
Harry pegou o pergaminho oferecido por seu mestre e assentiu, ainda com um olhar ferido.
"Eu realmente lamento, Harry."
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A Breaking Song
AvventuraQuando a história se repete, o tempo se torna escasso e borram as linhas entre o talento e a necessidade. No meio disso, Harry luta para lembrar que suas ações têm um propósito e não são apenas frutos de sua própria tentação. No fim, o interminável...