parte 15

133 14 59
                                    

Posso sentir o calor de seu corpo junto ao meu. Fico feliz que ela continue aqui mesmo com o sol já tendo nascido. Sinto VIllanelle se mexer antes de abrir os olhos. Sua mão busca a minha embaixo do travesseiro, e ele entrelaça nossos dedos.

— Bom dia.

Quando abro os olhos, estou sorrindo. Ela levanta o outro braço e acaricia meu rosto com o polegar.

— O que eu perdi enquanto você dormia? Você sonhou?

Acho que aquela foi a coisa mais doce que alguém já me disse. Não sei se isso é bom ou ruim.

— Tive um sonho estranho. Você estava nele.

Ela se ergue, soltando minha mão e se apoiando no cotovelo.

— Sério? Me conte.

—Sonhei que você aparecia aqui, vestida dos pés à cabeça como um mergulhadora. Então você me pedia para vestir meu traje de mergulho porque íamos nadar com tubarões. Eu disse que tinha medo de tubarão, e você falou: "Mas, EVEEE , aqueles tubarões são, na verdade, gatos!" E depois  eu falei: "Mas eu tenho medo do oceano". E você retrucou: "Mas, Eve, esse oceano é, na realidade, um parque."

Villanelle ri.

— O que aconteceu depois?

— Vesti meu traje de mergulho, claro! Mas você não me levou ao oceano nem ao parque. Me levou para encontrar sua familia. E fiquei tão constrangida e tão zangada com você porque eu estava vestindo um traje de mergulho à mesa de jantar com a sua familia.

Villanelle rolou de costas, gargalhando.

— Eve, esse é o melhor sonho da história dos sonhos.

Sua reação me faz querer lhe contar todos os sonhos que eu tiver pelo resto da vida. Fico feliz quando se aproxima de mim e me olha como se não houvesse outro lugar onde preferisse estar. Ela se inclina para a frente e cola a boca na minha. Quero ficar na cama com ela o dia todo, mas Villanelle se afasta e diz:

— Estou com fome. Tem alguma coisa para comer?

Assinto, mas, antes que possa sair da cama, eu a puxo de volta e dou um beijo em seu rosto.

— Gosto de você, villanelle - EU me desvencilho dela e vou para o banheiro. Ela grita atrás de mim.

— Claro que você gosta de mim, Eve. Sou sua alma gêmea.

Eu rio ao fechar a porta do banheiro. Então quero morrer quando me olho no espelho. Puta merda. Tenho rímel borrado por todo o rosto; uma espinha apareceu na testa da noite para o dia. O cabelo está uma bagunça, mas não daquele jeito sexy, sedutor. Está uma zona. Como se um rato tivesse feito seu ninho ali durante a noite. Gemo e depois berro:

— Vou tomar um banho!

— Estou procurando comida! — grita Villanelle da cozinha. Duvido que ache alguma. Não guardo muita coisa na despensa, porque raramente cozinho, já que moro sozinha.

Entro debaixo do chuveiro. Não faço a mínima ideia se ele vai ficar por aqui depois do café, mas, enquanto tomo banho, dedico especial atenção a certas áreas apenas por desencargo de consciência.

Estou debaixo do chuveiro há três minutos quando escuto a porta do banheiro abrir.

— Não tem nada para comer.

O som de sua voz em meu banheiro me assusta tanto que quase escorrego e caio. Seguro a barra do boxe e me endireito, mas logo largo a barra para cobrir meus seios quando vejo a cortina do boxe se mover.

Villanelle enfia a cabeça dentro do boxe. Ela olha direto para meu rosto, e para nenhum outro lugar, mas continuo a tentar de tudo para me esconder.

— Não tem nada de comer aqui. Só uns biscoitos e uma caixa de cereal fora da validade. — Ela diz isso como se não fosse nada incomum me ver nua. — Quer que eu vá comprar alguma coisa?

Todas as suas (im)perfeiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora