capítulo 16 ( The family )

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Cada minuto que passei com ela hoje me
surpreendeu mais que o anterior.
Toda vez que abre a boca ou sorri ou me toca,
só consigo pensar: No que diabos Anna estava pensando quando decidiu trair essa mulher com Niko?

Azar de umas, sorte de outras.
A casa de seus pais é tudo o que imaginei que seria. Cheia de risos, histórias e pais que olham
para a filha como se ela tivesse caído direto do céu.
Villanelle  é a mais velha de três irmãos. Não encontrei o seu irmão kenny hoje, porque ele  vive em outro estado e então ele precisou furar o jantar.
Villanelle se parece com o pai, um homem forte,
com olhos tristes e uma alma alegre. A mãe é toda alegre porém, ela dá um pouco de medo, mas transmite uma aura de confiança ainda mais impressionante que a de Villanelle.
Ela me trata com desconfiança. Parece querer
gostar de mim, mas é como se também não
quisesse ver a filha de coração partido outra vez.
Ela deve ter gostado de Anna em algum momento.
Tentam arrancar algo sobre nosso
“relacionamento”, mas villanelle não lhe dá nada de concreto.
— Há quanto tempo estão saindo juntos?
— Faz um tempo — responde ela, colocando o braço sobre meus ombros

Um dia.

— Villanelle já conheceu seus pais, Eve?
— Algumas vezes. Eles são ótimos — diz Villanelle.

Nunca. E eles são terríveis.

A mãe sorri.
— Que ótimo. Onde se conheceram?

— No prédio do escritório dela.

Ela não sabe aonde eu trabalho.

Villanelle está se divertindo. Toda vez que inventa uma história sobre nós, aperto sua perna ou a cutuco enquanto tento engolir o riso. A certa altura, ela diz à mãe que nós nos conhecemos por causa de uma máquina automática.
— O pacote de balas dela ficou preso na máquina, então coloquei um dólar e comprei um para mim também, tentando soltar o dela. Mas você não vai acreditar no que aconteceu. — Ela olha para mim, me encorajando a terminar a
história.
— Conte a eles o que houve, Eve.
Aperto sua perna com tanta força que ela estremece.
— A máquina engoliu o pacote de balas dela também — invento.
Villanelle ri.
— Dá pra acreditar? Nenhuma de nós conseguiu
as balas. Então levei Eve à praça de alimentação para almoçar, e o desenrolar dessa história vocês já
sabem.
Precisei morder a bochecha para segurar o riso.
Por sorte, ela estava certa quanto à comida da mãe, então passei o restante da refeição com a boca
cheia. A mãe dele é uma excelente cozinheira.

— Quer conhecer a casa? —

pergunta Villanelle, quando ela vai até a cozinha para terminar a torta.
Pego sua mão, e ela me conduz para fora da sala de jantar. Assim que ficamos a sós, eu lhe dou um
tapinha.

— Você mentiu para seus pais, tipo, umas vinte vezes em menos de uma hora!
Ela segura minhas mãos e me puxa para perto.

— Mas foi divertido, não foi? Não consigo conter o sorriso que insiste em se abrir.

— Sim, foi mesmo.
Villanelle cobre minha boca com a sua e me beija.

— Quer o tour padrão em uma casa padrão ou prefere ir ao porão, conhecer meu quarto de quando era garota?

— Isso nem merece uma resposta.
Ela me guia até o porão e acende a luz. Um pôster desbotado da tabela periódica está pendurado na parede da escada.

Quando chegamos ao fim dos degraus, ela acende outra lâmpada, revelando um quarto de menina que parece não ter sido tocado desde que ela saiu de casa. É como um portal secreto direto para a mente de Villanelle astankova. Durante o jantar,
finalmente descobri seu sobrenome.
— Ela se recusa a redecorar — explica,entrando de costas no cômodo. — Ainda durmo
aqui quando estou de visita. — Ela chuta uma o ursinho que está caído no chão .
— Odeio isso aqui. Lembra o
ensino médio.
— Não gostava do ensino médio?
Ela faz um gesto indicando o quarto.

Todas as suas (im)perfeiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora