Nosso Guarda-Chuva Preto

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— Ei, acordem! Já está na hora do intervalo seus preguiçosos! — Naruto entreabriu os olhos e viu Kiba empurrando sua perna com o pé, com as nuvens cinzentas como fundo. Vários relâmpagos cortavam o céu, anunciando uma tempestade. Os ventos também haviam se tornado consideravelmente mais fortes. — Eu nem te vi hoje, veio direto pra cá dormir?! — Kiba parecia irritado.

— Vim, e daí? O Shikamaru também veio! — Naruto se sentou, apontando para o garoto ao seu lado, que bocejava.

— Mas o Shikamaru nem precisa estudar pra se formar. Você mesmo se estudar corre riscos. — Apesar de Kiba também não estar muito distante daquela realidade, riu da própria frase, mas Naruto chutou o pé do garoto que empurrava a sua perna incessantemente.

— Tem coisas mais importantes do que a escola… — começou a dizer, mas, quando seus olhos encontraram a garota parada a alguns metros deles, Naruto se deteve. Hinata desviou os olhos assim que percebeu ter sido notada. Ela parecia envergonhada, como se acreditasse que estava errada no dia anterior, mesmo que não estivesse.

— Estamos esperando os outros virem para cá. A Hinata quer dizer uma coisa — explicou Kiba, notando a pergunta nos olhos do amigo.

Em outros momentos, Naruto brincaria com aquilo, achando que era invenção de Kiba, já que nem em um milhão de anos a garota tímida decidiria falar algo em grupo. Porém, ele sabia que daquela vez era verdade, por causa dos últimos acontecimentos e do olhar no rosto de Hinata. De alguma forma a garota parecia decidida.

Kiba acenou para que Hinata se aproximasse e, hesitante, ela se aproximou. O olhar de Shikamaru parecia neutro, mas Naruto não conseguia esconder sua curiosidade intrínseca. 

— Está se sentindo melhor, Hinata? — Colocou-se de pé. Os cabelos de Hinata balançavam bastante por causa do vento.

— É… sim, estou. Desculpe por ter ido embora ontem daquele jeito. — A garota deu um sorriso sem graça, mas Naruto permaneceu sério, assim como Kiba.

— A culpa foi nossa!

— Eu já disse isso a ela, Naruto, mas ela acha que não. — Kiba balançou a cabeça negativamente.

— Eu preciso concordar. Esses bocós não fecham a boca um segundo — disse Shikamaru.

— Você também estava falando, idiota! — refutou Naruto.

— Parem, por favor! — exclamou a garota de repente, fazendo os outros se calarem. Seus punhos estavam cerrados, mas seu rosto ficou corado instantaneamente por ter notado que levantou a voz. — Quer dizer… não vamos pensar sobre culpa, tudo bem? Eu vou falar com vocês quando todos chegarem, então não vamos falar sobre o que houve ontem por enquanto…

— Parece que vamos falar agora mesmo — cortou Shikamaru, apontando com a cabeça na direção da porta que dava para o telhado, de onde os três membros restantes da gangue vinham.

— Argh! Aqui está tão frio! — reclamou Ino, colocando as mãos sobre a boca e o nariz para aquecê-los.

— Você estava matando aula pra dormir de novo, Shikamaru? — perguntou Chouji, em um tom acusatório.

— Qual é, era aula de japonês. — Shikamaru ainda estava sentado no chão, agora rodeado pelo grupo de amigos.

— Você sempre faz isso independente da aula que for, seu preguiçoso — argumentou Chouji, desviando os olhos para as outras pessoas que já estavam no telhado quando chegou com as duas garotas. — Olá, pessoal.

— Oi, Chouji — disseram, em uníssono.

— Enfim, nós viemos aqui para ouvir a Hinata, não é? Foi o que o Kiba disse na mensagem — Sakura disse de repente, segurando o celular na mão, como se fosse uma prova do que estava dizendo. O olhar de Hinata desviou de Kiba para Sakura algumas vezes, apreensivo. Por fim, todos os olhares estavam sobre a garota tímida, que suspirou, tentando ganhar coragem. De todos os dias de sua vida, aquele era o que ela pensava ser o que mais precisaria de coragem.

A Cidade no QuintalOnde histórias criam vida. Descubra agora