Duas mãos e um bolso do casaco

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— Por que não quer sair comigo e com a Gangue? — perguntou Naruto, fazendo um bico e uma cara pidona.

— Eu nunca saí com vocês, isso seria estranho — argumentou Sasuke, tentando se desvencilhar do loiro, que apoiava o queixo em seu ombro.

Os dois estavam em um café do outro lado do rio, no centro de Nikko. Era um lugar mais movimentado, mas era o dia de Naruto escolher o que fariam e nenhuma neve do mundo o faria ficar preso em casa por mais um dia.

— Não seria estranho. A Hinata também vai e não faz parte da Gangue. Além disso, a Ino vai levar a namorada do clube de arte — rebateu Naruto, dessa vez deitando a cabeça sobre o braço na mesa e o encarando fixamente, esperando uma resposta. Sasuke evitou olhá-lo propositalmente. — Queria tanto que você fizesse isso por mim dessa vez — o de cabelos negros suspirou.

— Ok…

— Aeeee!

— Calma! Eu ia dizer: Ok, eu vou sair com você e a sua "Gangue" — Sasuke fez aspas com os dedos —, porque você faz muitas coisas que eu peço, sempre ficamos em casa quando eu quero e ficamos juntos em silêncio. Então estou aceitando porque é uma troca — explicou, calma e friamente.

— Você é muito justo, bondoso, coerente e preciso em suas negociações, senhor Uchiha — Naruto fez uma reverência sentado na cadeira e Sasuke ergueu as sobrancelhas, dando um sorriso de canto logo depois.

— Sou mesmo — disse, simplista, e Naruto deu um gole no café do garoto, para tentar irritá-lo, mas foi ignorado. — A única coisa que eu quero saber é: por que isso agora? Nas férias toda você jogou com o Kiba, saiu com seus outros amigos, então por que só no fim das férias decidiu me chamar?

— Queria que eu tivesse chamado antes?

— Não, não é isso. Só estou curioso mesmo — Sasuke deu de ombros, sendo sincero.

— É porque a Sakura vai voltar amanhã da viagem dela com a família. Eles sempre viajam nas férias e a gente sempre combina de se encontrar quando ela volta. É uma espécie de ritual da Gangue já. Nós costumamos ir ao fliperama antigo, porque também virou um ritual. Estávamos voltando de lá quando eu te vi no dia em que você mudou de volta para Nikko — explicou Naruto, parecendo se distrair um pouco nas próprias lembranças. — Eu quis chamar você porque sei que, de todos da Gangue, quem você se dá melhor é com a Sakura e ela ia gostar de te ver lá também.

— É, ela é uma garota legal — Sasuke concordou, fazendo o loiro sorrir. — Que horas vai ser amanhã?

— Lá pelas sete da noite. Eu te chamo na sua casa quando for sair — Naruto estava radiante e encostou a lateral do braço no de Sasuke, apenas para que estivessem em contato. O de cabelos pretos sorriu de leve, olhando para a mesa da cafeteria.

Sasuke não gostava muito de estar com muitas pessoas ou de lugares barulhentos, porque era cansativo para ele. Porém, faria aquilo por Naruto. No ano novo eles haviam ficado juntos, vendo os fogos de artifício deitados na cama elástica, a qual haviam montado só para aquela ocasião. O garoto de cabelos pretos tinha deixado Itachi em casa e o garoto de olhos azuis tinha deixado os pais, apenas para ficarem juntos naquele momento.

Estava frio na virada do ano, mas não tinha nevado no dia. Os dois tinham levado cobertores para a cama elástica, depois de terem passado o dia montando-a, e ficaram deitados lá, olhando para o céu permeado pelos galhos secos da cerejeira. Os fogos eram sempre soltados do rio Kagayaku, então tinham uma boa visão dali, do quintal.

Sasuke não conseguia imaginar outro lugar melhor para se estar além daquele quintal, com a pessoa que mais amava no mundo, mas sabia que Naruto tinha diversas outras opções. Seus amigos tinham o chamado para passarem o fim do ano juntos, mas ele já tinha prometido a Sasuke que iriam montar a cama elástica, para ver os fogos.

A Cidade no QuintalOnde histórias criam vida. Descubra agora