Lábios frios, mãos quentes

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Era uma manhã fria de segunda-feira em Nikko, uma daquelas manhãs que ninguém gostaria de ter saído da cama. Ino entrou na escola bocejando, com tanto sono na hora de trocar seus sapatos nos armários da entrada, que quase não notou o outro garoto que também havia chegado cedo demais. Sasuke estava abaixado amarrando os tênis, com a porta do armário aberta na sua frente.

Ino nunca tinha falado com ele sem Naruto por perto, mas aquela oportunidade imediatamente lhe deu uma ideia que, para ela, era genial.

— Bom dia, Sasuke — cumprimentou. Ele levantou os olhos antes de dizer qualquer coisa, para ver quem era. Parecia também não ter notado que já havia alguém ali além dele.

— Bom dia — respondeu, em um tom quase de pergunta. Apenas ajeitou sua mochila e esperou que a garota dissesse mais alguma coisa, com uma expressão impassível. Ino não poderia negar que ele era realmente bonito.

— Então… sei que a gente nunca conversou muito, mas queria te chamar para ir ao baile comigo. Fiquei sabendo que ainda não tinha par…

— No caso eu não vou ao baile, sinto muito — Sasuke começou a dar as costas rapidamente, em direção as escadas, mas Ino correu para alcançá-lo, mesmo que tivesse deixado seu armário aberto para trás.

— Ei, espera! Eu não tenho nenhum interesse amoroso em você, se acalma! — ela deu um sorrisinho, porque o rosto dele ficou levemente surpreso. — Deve estar acostumado a isso, não é? Mas, enfim, eu quero te oferecer ajuda.

— Com o que exatamente? — Sasuke ficou instantaneamente ríspido, como de costume.

— Bom, sabe quem ficaria feliz de você ir ao baile? O Naruto.

— E daí?

— Daí que eu posso te ajudar com ele — A clara surpresa no rosto de Sasuke fez Ino sorrir com satisfação. — O que me diz?

— Ele te contou?

— Ahá! Eu sabia que você tinha se declarado! A Sakura estava certa! — Ino só faltou saltitar. O garoto bufou, com uma cara de poucos amigos. — Olha, não sei porque diabos você se apaixonou pelo Naruto, mas se você se declarou e tudo parou por aí, as coisas não estão muito boas.

— Isso não te interessa. Não fique tirando conclusões sobre relacionamentos baseando nos seus filminhos de romance idiotas — Sasuke estava claramente irritado, soltando suas farpas. Ino parou de sorrir e também assumiu uma postura dura, quase esquecendo do seu propósito ali.

— Então acha que está tudo às mil maravilhas?

— Se eu me declarei e ele não sente o mesmo, o que é que eu posso fazer? Forçá-lo a gostar de mim?

— Aí que você se engana! Ele gosta de você, só não sabe como agir, porque tem medo. O Naruto nunca ficou com um garoto antes! — Ino começou a falar um pouco alto demais, como costumava fazer quando se exaltava e Sasuke olhou nervosamente para os lados.

— Como sabe disso? — sussurrou ele, fazendo um gesto para que ela falasse baixo.

— Você pode até ser amigo de infância dele, mas quem passou a adolescência toda com o Naruto fui eu — disse, simplista. Sasuke pressionou as têmporas, mas teve que concordar. — Ou seja, ele só precisa perceber que você não vai ficar esperando toda a vida ele tomar uma decisão, ou você prefere que tudo continue como está?

Sasuke pensou na última vez que esteve com Naruto, que eles brigaram por causa do baile. Não queria perdê-lo de forma alguma, mas estar próximo sem sequer conseguir tocá-lo estava sendo torturante. Mais uma vez desejou nunca ter se apaixonado por ele.

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