Prólogo

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Reino do Japão

Século XVIII


O estrondo constante dos pesados canhões rompeu o ar empoeirado enquanto cavalo e cavaleiro subiam a encosta da montanha até o local onde o oficial esperava. A figura imóvel parecia não perceber a aproximação do cavaleiro, mantendo o olhar fixo na batalha devastadora lá embaixo. Observava os soldados das tropas coreanas que lutavam contra o exército japonês, ambos os lados não demonstrando intenções de recuar, apesar do cansaço. O som de aço contra aço, os relinchos de cavalos feridos misturavam-se aos gemidos dos homens atingidos e aos gritos, resultando em um ruído ensurdecedor e apavorante.

Namjoon, o conde de Baekje, dirigiu a égua exausta para junto do cavalo do duque de Kaya, seus olhos também presos à carnificina.

Os vastos cabelos castanhos, que então brilhavam, estavam opacos, cobertos pela cinza e poeira dos quilômetros percorridos. As feições fortes, responsáveis pelos sonhos apaixonados de muitos ômegas e betas, mostravam-se marcadas pelo cansaço e preocupação. Sua figura esguia era, no entanto, sólida e transmitia força pela maneira com que se mantinha na sela. Continuava firme e ereto depois de um dia inteiro cavalgando, transmitindo ordens vitais para o resultado da violenta batalha. Ordens de Kaya para os soldados.

— O flanco esquerdo não resiste como eu esperava, Namjoon — observou o duque, chamando a atenção de seu ajudante para o indeciso recuo de um esquadrão, superado em número pelos furiosos soldados japoneses. — Arranje um cavalo descansado e veja o que pode fazer. É muito importante que eles resistam, do contrário o que ganhamos estará perdido.

Entendendo a urgência da situação, o alfa lúpus esporeou sua montaria cansada, descendo a encosta em passo desigual. Não era a primeira vez que recebia tal missão. Em todas as ocasiões a executara com sucesso.

Minutos depois, o conde abandonava o animal esgotado e saltava com destreza sobre um novo. Perdeu alguns minutos preciosos tentando acalmar a apavorada montaria. Por fim, o cavalo acalmou-se um pouco, depois que o cavalariço ajustou melhor a cilha, apertando-a.

— Desculpe, milorde, mas não tenho animal melhor. Não é o mais indicado para a luta, uma vez que sir Lee, Deus guarde sua alma, só o usava para caçar.

— Obrigado, Taeyong. Cuide da égua... ela merece um descanso — disse o conde, voltando para o campo de batalha.

O cavalo obedeceu aos seus comandos, embora não gostasse do barulho e da confusão. As mãos firmes do alfa manejavam as rédeas com firmeza, impedindo-o de empinar, fazendo-o seguir pelo amontoado de árvores caídas, buracos de tiros de canhão, homens mortos e feridos. Quanto mais se aproximava do centro de ação, maior o barulho. Seus olhos e nariz ardiam com o nevoeiro espesso de pólvora, pó e fumaça. Aproximou-se dos soldados em luta corpo a corpo, com a espada desembainhada, soltando gritos de incentivo para seus homens exaustos.

Os gritos animados despertaram os soldados, o cansaço parecendo diminuir quando seus olhos vermelhos percebiam o conde. Cada movimento de sua espada irradiava esperança. Os vazios foram se fechando, a linha de soldados coreanos ficou mais compacta e finalmente se manteve. Aos poucos, a situação mudou. Milímetros de precioso terreno se transformaram em centímetros, em metros. Os japoneses começaram a recuar diante da fúria crescente dos inspirados soldados coreanos.

Namjoon era um alvo fácil no meio da infantaria, montado, enquanto todos os outros estavam a pé. De repente, surgiu entre o nevoeiro um cavaleiro grande, forte, que mais parecia uma sombra escura. O alfa se dirigia para o conde, abrindo caminho a golpes de espada. Namjoon, que lutava contra um inimigo valente, conseguiu derrubá-lo no momento em que o cavaleiro cinzento o atacou. Ele mal teve tempo de erguer a espada a fim de aparar o golpe dirigido ao seu peito.

O ômega do Conde | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora