O ômega do Conde | Namjin

Capítulo 31

A carruagem balançava, em meio aos pedregulhos na estrada estreita que cortava a mata. Pequenas pedrinhas, que eram arremessadas devido ao galope dos cavalos, faziam um barulho incômodo ao encontrarem a parte inferior do veículo, tornando aquele trajeto um pouco mais difícil do que o resto da viagem.

Em meio a um solavanco mais brusco, o corpo do ômega balançou com força, fazendo-o despertar. Ao abrir os olhos, deparou-se em uma situação inusitada, com o marido mais perto do que lembrava. Arregalou os olhos, por instinto, e depois observou mais detalhes da cena: O alfa estava em pé, curvado em sua direção, um braço apoiado no banco atrás de si e outro entre sua cabeça e a parede da carruagem. 

Parecendo também acordar de um susto, o alfa pigarrou e voltou a sentar no banco em frente ao do ômega. 

— Fiquei preocupado que se machucasse... Desculpe-me se ultrapassei algum limite. — disse, um pouco ainda sem jeito, mas esforçando-se para encarar o seu condê nos olhos.

— Não, está tudo bem... Eu agradeço pelo cuidado. 

O ômega tentou sorrir minimamente, mas era óbvio que o clima entre os dois ainda estava bem estranho. Havia algo denso no ar, que o ômega não sabia explicar. Com certeza, ainda proveniente dos desentendimentos que tiveram. 

Antes mesmo de entrar na carruagem, notou que Namjoon o encarava estranho, como se o analisasse cuidadosamente. Até pensou em ir com Jimin na outra carruagem, mas Hoseok logo interveio, dizendo que seria estranho caso eles, recém-casados, viajassem separados. Poderia gerar bastante fofoca tanto no condado como na cidade. Por isso, o ômega respirou fundo e engoliu o desconforto para entrar na carruagem e seguir viagem. 

Não sabia se o alfa estava chateado ou não. Certo que esta fora uma das primeiras vezes que não pedira desculpas primeiro, e nem baixara a cabeça para o alfa, mas não imaginava que isso gerasse tal reação. Só o fizera porque o seu lobo mandara e ameaçara tomar o controle se não o fizesse. Em hipótese alguma, gostava de conflitos. Contudo, reconhecia que se sentia bem mais leve depois de dizer como se sentia ao alfa. Estava cansado de sempre pisar em ovos com ele e aguentar tudo calado porque seria mais fácil para o alfa.

No entanto, agora notando o jeito desconfiado do marido, questionava-se se havia feito certo. Poderia apenas ter dito que o desculpava e que estava tudo bem, não era? Mesmo que não fosse verdade, e nem que o tenha perdoado completamente ainda, já que Black dentro de si ainda estava enraivecido, seguiu pelo meio termo. Desculpou-o, mas não fingiu que estava tudo bem ser tratado de qualquer maneira. Namjoon, mesmo que não gostasse, era seu alfa agora. Deveria saber como se sentia e zelar por seu bem-estar.

O ômega desviou o olhar para a janela da carruagem, notando que já escurecera. Estavam passando por meio da uma floresta densa, e supôs que fosse a que circundava a capital, indicando que já estavam perto de chegar. Por um momento, lembrara da primeira vez que atravessara aquela floresta, à cavalo, em busca da família que lhe sobrara após a morte de seus pais. Possuía apenas uma muda de roupa e estava assustado, mas Black não o deixou desanimar, afirmando que tudo ficaria bem.

E no final, Black tinha razão. Aquela era a melhor opção que tinham. Apesar das pequenas dificuldades na casa da tia nos últimos anos, sabia que se ficasse no seu vilarejo sozinho, sua vida teria sido bem pior. Ninguém respeita um ômega sozinho e sem família. Ainda mais, jovem como ele. 

Ao voltar a encarar o marido, percebeu-o com o olhar distante, também mirando a paisagem pela janela. Como sempre via o marido por curtos períodos de tempo, ainda se pegava surpreso ao observar os traços e a postura do alfa. Tudo nele exalava uma virilidade assustadora, a começar por suas proporções corporais e o seu olhar afiado. Contudo, a sua parte preferida ainda era o sorriso do alfa, que o vira poucas vezes. Era um sorriso doce, que destoava de todo o resto, dando-lhe uma aura gentil.