Capítulo 12

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Dirigindo o coche pelas ruas movimentadas do centro, pensava no jeito de se livrar da enrascada em que se metera e de arranjar uma situação razoável para Seokjin. Pela primeira vez em semanas, não prestava atenção nos olhares que se fixavam em seu rosto marcado. Embora não levasse mais uma vida social, saía de vez em quando durante o dia, mas sempre evitara as horas e ruas de maior movimento. Mesmo que tentasse não chamar atenção, um alfa lúpus do seu tamanho dificilmente passava despercebido.

— Tome conta — disse, parando o coche e entregando as rédeas ao cocheiro.

Desceu e entrou na loja de madame Celeste, uma das modistas mais elegantes e exclusivas do reino. Foi discretamente levado para uma sala particular pela recepcionista. Quando madame soube que ele estava lá, seus olhos se iluminaram. O conde, que não aparecia por ali há muito tempo, sempre fora um cliente importante: comprava o que havia de melhor e pagava no ato da compra, coisa pouco comum entre os grandes nomes da alta sociedade.

— Lorde Baekje, quanta honra! — exclamou a ômega, com seu melhor sotaque francês.

Ele estava de costas e voltou-se ao ouvi-la. Então, a senhora não pôde conter uma exclamação e esqueceu-se por completo de continuar bancando a francesa ao falar.

— Meu Deus! Os japoneses fizeram isso ao senhor? — disse, sem o menor traço de sotaque. — Espero que tenha matado quem o feriu assim! Senão, eu mesma mato!

O rosto do conde se contraíra quando ela começara a falar, mas depois ele explodiu numa gargalhada. Era divertido vê-la esquecida de sua falsa origem e disposta a matar alguém. Depois dos cumprimentos, ele disse o que precisava.

— Tenho exatamente o que milorde precisa — afirmou a senhora, novamente esquecida do acento francês. — Vá buscar aquela calça azul de sarja, depressa, por favor. — falou para um empregado. — Não tenho esse tipo de coisas aqui, mas foi pedido por um cliente que adora jardinagem. Ele não gostou da cor... — explicou, pegando a peça e dando para Namjoon examinar.

Não era um modelo exclusivo, claro, mas ia servir para o que ele queria. O tamanho parecia certo.

— Está bem. Quero, também, roupas de baixo, uma boa camisa, um chapéu simples e uma capa escura para um ômega de mais ou menos 1 metro e 60 de altura...

Uma roupa completa deveria servir para lhe apresentar a possíveis empregadores. Poderia comprar as demais coisas que Seokjin precisava quando estivessem em Baekje Court. No momento, o importante era tirar o jovem da capital antes que fosse descoberto. Se lady Kim soubesse onde o sobrinho estava, ele seria obrigado a entregá-lo de volta a sua tutora legal.

O conde percebeu ardente curiosidade nos olhos de Celeste. A explicação que lhe dera pareceu fraca até mesmo para ele próprio: um criado seu perdera tudo em um incêndio e ele o estava ajudando. Precisava sair dali o mais rápido possível, não podia deixar que alguém suspeitasse de algo.

— Certainement! — A modista lembrara-se que era francesa. — Tudo estará pronto em um minuto. — Fez um sinal para o empregado andar logo. — Quer que mande a conta?

— Não é preciso. Vou pagar agora.

— Como queira, monsieur.

— Oh, Namjoon! O que está fazendo por aqui?

Ele estremeceu ao reconhecer a voz de Jae-hyun. Virou-se lentamente e o encarou. Sua respiração falhou: ele estava mais lindo do que nunca. Os cabelos loiros encontravam-se cobertos por um extravagante chapéu que emoldurava-lhe perfeitamente o rosto. Já não havia nos olhos a repulsa que vira no último encontro; ao contrário, eles expressavam a antiga promessa de amor e algo mais. Um pedido de desculpa, talvez? Aflito, o conde percebeu que gostaria que fosse isso.

O ômega do Conde | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora