Capítulo 26

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O garoto cruzou os braços e suspirou, relaxando um pouco a postura impecável que o seu pai lhe ensinara a ter desde cedo. Olhou em volta, mas estava sozinho no jardim. Todos estavam ocupados com seus afazeres, e como Hoseok teve que viajar com Namjoon, Seokjin ficara com um enorme horário livre no seu dia. Tinha se oferecido para ajudar a Sra. Park e os outros criados na cozinha, mas fora mais uma vez rejeitado pela mais velha. 

"O senhor não pode fazer trabalho pesado, precisa cuidar de suas mãos. Um nobre não deve possuir mãos calejadas", a ômega dissera. 

Seokjin baixou o olhar ao lembrar das palavras da mais velha e analisou as próprias mãos.

— Acho que já é um pouco tarde para isso... — sussurrou para si.

Lembrou-se, por um momento, de como o primo cuidava da própria aparência. Não se expunha diretamente ao sol, não fazia qualquer mínima tarefa em casa, gastava fortunas cuidando da pele e do cabelo, tudo para preservar a própria beleza. "Era assim que um nobre deveria ser?", questionou-se. 

"Bobagem, meu pequeno. Jae-hyun podia ser bem cuidado, mas não possuía o mais importante, um bom caráter." Black se pronunciou, tentando consolar o seu humano. Não gostava de vê-lo triste. "Ele trocara o conde pelo cafajeste do lorde Choi e veja aonde isto o levou: foi rejeitado por Choi e terminou sem Namjoon. Viver de aparências não traz felicidade".

Seokjin assentiu minimamente. Black tinha razão, nunca quis e não seria agora que gostaria de ser como o primo. Jae era egoísta, mesquinho, interesseiro e narcisista. Nem mesmo se importava com a mãe ou as irmãs. Tudo sempre tinha que girar em torno dele, os seus interesses e desejos. Seokjin não conseguiria ser assim, sentir-se-ia infeliz. Mas, isto não mudava o fato de que sentia-se terrivelmente entediado naquela casa. 

Nas primeiras semanas, sua dedicação em aprender o funcionamento da mansão e suas funções como conde o mantiveram ocupado, mas, com o passar dos dias, tudo tornara-se bastante banal. A verdade é que aprovar cardápios para as refeições e tomar decisões mínimas sobre a organização da casa não eram tarefas muito árduas ou emocionantes. 

Não que sentisse falta da rotina de trabalho que levava na casa da tia, mas sempre fora acostumado a ter um dia cheio — quando morava com os pais, dividia o tempo entre ajudar o pai ômega a cuidar da pequena casa que tinham e estudar; na casa da tia, cuidava das primas e de qualquer outro serviço que surgisse. Todo aquele tempo livre o estava deixando melancólico. Todos os dias naquela casa pareciam iguais, e, com o recente afastamento de Namjoon, o ômega sentia-se ainda mais sozinho. 

Quando finalmente estavam começando a se aproximar, Namjoon simplesmente sumira. Seokjin sabia que não era culpa do marido, o alfa estava ocupado com assuntos do condado, mas não conseguia deixar de se sentir frustrado. Era como se tivessem voltado a estaca zero, como nas primeiras semanas após o casamento. Só se viam no horário do jantar, isso quando o alfa conseguia chegar em casa a tempo, e mal conversavam. 

Queria poder ajudar o alfa a lidar com os problemas do condado, para que ele não ficasse sobrecarregado, mas ao perguntar a opinião de Jimin, este lhe informara que nenhum outro conde ômega antes atuou em assuntos do condado. Isto era papel do alfa, não do ômega. O conde ômega deveria cuidar da casa, ser um bom anfitrião para convidados e cuidar dos herdeiros. Não era de sua responsabilidade o que acontecia no condado ou no reino.

Apesar de Seokjin estar conformado com o afastamento do alfa, o seu lobo estava em alerta. Não queria preocupar o seu humano, mas podia sentir que havia algo de errado no ar. Antes da marca temporária desaparecer, no dia anterior, pôde sentir uma sútil mudança nos sentimentos de Namjoon em relação a si. O homem estava apreensivo, com um sentimento de culpa no peito. Diferente dele, White estava irritado, mas como a ligação deles já estava fraca, Black não conseguiu falar com o amado. Agora, só restava esperar. A qualquer sinal de perigo, agiria e protegeria seu humano.

O ômega do Conde | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora