Capítulo 8

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A medida que os dias iam passando, como a tia nada dissera sobre os planos que havia feito para ele, Seokjin viu-se dividido entre a esperança e o desespero, rezando todas as noites para que a lady tivesse mudado de ideia ou que toda aquela história de casamento fosse um modo de enrolar o velho Song por alguns dias.

No final da semana, a casa ficou de pernas para o ar. Lady Kim daria uma grande festa e lorde Choi seria um dos convidados de honra. Havia eletricidade no ar e Jae-hyun estava de ótimo humor. Todos tomavam o maior cuidado para não contrariar a lady ou o seu filho e destruir aquela paz temporária.

Seokjin encontrava-se na cozinha, ajudando nos preparativos. Livre do desgastante trabalho de cuidar das meninas, saboreava o calor e a amizade dos empregados.

— Aposto que aqui nunca houve uma festa assim tão grande — comentou, animado.

— Não mesmo, e não entendo a razão desta festa — concordou um dos empregados mais jovens. — E garanto que não haveria se o Song não tivesse rasgado as contas de milady e contribuído com os ingredientes... Ele está querendo alguma coisa!

— Chega, menino! — interferiu a cozinheira. — Lave sua louça e pare de matraquear! Não ligue para ele, sir Seokjin.

O ômega estremecera ao ouvir o nome do alfa. Os olhos dele, frios e pequenos, assombravam seus sonhos. Tentara se convencer de que se a tia quisesse casá-lo com aquele homem, já lhe teria dito alguma coisa. Mas saber que Song Kang-ho pagara por aquela festa enorme era um sinal preocupante que não podia ignorar. 

Perigo. Horror. Podia sentir o gosto amargo desses dois sentimentos na boca seca de medo. Precisava descobrir um jeito de se livrar daquela situação. Qualquer coisa seria melhor que se casar com aquele alfa. Sua única esperança residia no noivado de lorde Choi com Jae-hyun. Na certa, o nobre não concordaria em se aparentar, mesmo de longe, com um indivíduo daqueles.

Teve vontade de sair correndo e ir se refugiar na sala de aulas, mas havia muito trabalho na cozinha. A conversa dos outros empregados o deixou indiferente, até que um deles mencionou o conde.

— O que aconteceu? Conte! — pediu, ansioso.

— Dizem que ele evita a luz do sol como se fosse uma criatura das trevas. Não vai a festas e não quer ver os amigos. Está sempre vestido de preto... — a moça contava essas coisas com certo prazer e maldade. — Lady Kim — o desprezo ficou evidente no tom de voz — disse à criada de quarto dela que isso é falatório apenas. Mas o que ela pode saber?

— Ouvi dizer que ele joga muito e ganha sempre, que bebe demais e não fica bêbado. Dizem que ele não é humano, que tem a marca de satanás.

A cozinheira, que lidava com o fogão, olhou para os ômegas com ar de repreensão.

— Marca de satanás? Que besteira! O conde ganhou aquela cicatriz no Japão, lutando na guerra — explicou. — Quanto à sorte no jogo, lorde Choi também nunca perde e ninguém diz que ele tem pacto com o diabo. Agora parem de falar e trabalhem, antes que lady Kim ponha a todos nós na rua! — Olhou para Seokjin, dizendo: — E o senhor, sir, é melhor que vá para a sala de aulas. Está quase na hora das meninas chegarem...

O jovem saiu da cozinha com a cabeça girando. Embora tivessem passado três semanas, lembrava-se bem do rosto do conde de Baekje quando o vira pela última vez. Como gostaria de dizer a ele que qualquer ômega sentiria orgulho de merecer seu amor e que não daria a menor importância para o braço imobilizado ou para a cicatriz no rosto. 

Descobriu, então, que o desejo de estar junto dele, de tocá-lo, era tão intenso e necessário que o assustava. Seu lobo o queria, havia se afeiçoado a ele mesmo com Seokjin explicando que o conde nunca olharia para eles. Black não se importava que Namjoon não os conhecesse, que jamais viesse a conhecê-los. O alfa era a personificação de tudo o que Seokjin e ele desejavam para um companheiro: gentil, sensível, bom e corajoso. Tudo o que Song Kang-ho não era.

O ômega do Conde | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora