Entraram numa pequena sala de estar, luxuosa e confortável. De um lado a lareira imensa, de mármore brilhante, ladeada por duas colunas. O fogo ardia. Cortinas de veludo cor de âmbar ocultavam as janelas, tornando o ambiente íntimo. Poltronas estofadas com o mesmo veludo, tapetes, uma mesinha baixa num canto; uma mesa pequena, posta para duas pessoas, no outro.
Seokjin havia parado, encantado, olhando ao redor. A admiração no rostinho ainda pálido fez Namjoon lembrar-se de como era jovem e imaginar o que ele passara na casa da tia. Comoveu-se e teve dúvidas. O que fazia não era perigoso? Ia pedir muito àquele rapaz; talvez mais do que ele podia dar. Mas tratou de afastar esses pensamentos. O ômega havia aceitado a sua proposta, estava disposto a pelo menos tentar.
Foi até a mesa e observou-o.
— Fiz o melhor que pude, milorde — disse Hoseok, desculpando-se. Como os outros criados não podiam saber da presença de Seokjin, o alfa teve que preparar sozinho o jantar para os dois. — Não entendo muito dessas coisas...
— Está ótimo. Você tem feito até demais nestes últimos dias. Se eu fosse você, já teria procurado outro emprego.
— E eu iria trabalhar onde, milorde? — perguntou o moreno, rindo.
— Espero não ter de descobrir! — Olhou para trás e viu que o ômega não se movera. Chamou: — Venha, vamos comer, senão vai ficar frio.
Seokjin pareceu despertar de um sonho e correu para sentar-se na cadeira que Hoseok segurava para ele. Sorriu, nervoso, e agradeceu. Olhou a mesa. Nunca tinha visto tanta comida. Havia dois faisões assados, tostadinhos, uma travessa com fatias de presunto, pão ainda quente do forno, morangos frescos, creme de chantilly, uma bandeja com biscoitos e vários tipos de queijo.
— Tudo isso para nós? — perguntou, espantado.
Amo e criado trocaram um olhar. O do criado demonstrava curiosidade e aprovação. O espanto do ômega Kim parecia genuíno, não algo forçado para gerar comoção. Ele podia perceber a animação e a inocência nos olhos negros do menor. O seu lobo, que costumava ser muito bom em ler as pessoas, dizia-lhe que estava tudo bem, que o ômega era inofensivo. Por um momento, o Kim até o havia feito lembrar da meiguice do falecido pai ômega do conde, o qual o acolhera como um filho anos antes. Sentiu-se um pouco mais calmo em relação ao casamento próximo. Talvez aquele ômega pudesse ajudar o seu amo a enxergar a beleza da vida novamente.
O conde, por outro lado, perguntara-se mais uma vez quais infortúnios o ômega havia passado na casa da tia. Já tinha jantado com Jae-hyun diversas vezes, algumas dessas na própria casa dos Kim, e o ômega lúpus nunca demonstrou qualquer surpresa ou deslumbre diante de uma mesa farta. O quão deveria ser diferente o tratamento recebido por Jae-hyun e Seokjin naquela casa. Apesar de não ser filho de lady Kim, Seokjin ainda era da família, merecia ser tratado como tal. Por que nunca o vira antes pela casa? Por que o escondiam e o tratavam como criado? Por um momento, imaginou que o casamento deles não seria apenas uma vingança para ele, mas para o ômega também.
Namjoon sentou-se diante de Seokjin e colocou vinho num copo. Enquanto Hoseok servia o ômega, bebeu o generoso Borgonha tinto. Sentiu-se descontraído. Incríveis aquelas últimas horas! E havia mais coisas pela frente. Quando o valete ia servi-lo, o conde recusou:
— Pode deixar, obrigado. Vou me servir e servirei Seokjin até terminarmos.
Seokjin ficou preocupado. Por que ele queria que Hoseok saísse? Será que tinha feito alguma coisa errada, como um menino bobinho? De repente, a comida deliciosa perdeu o sabor.
Sem perceber a confusão de Seokjin, Namjoon serviu-se e começou a comer. Ao erguer os olhos do prato, viu-o parado, observando-o.
— Está faltando alguma coisa?
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O ômega do Conde | Namjin
Roman d'amourPor um instante, Seokjin sentiu medo. Sabia que no luxuoso salão toda a nobreza aguardava, ansiosa. Queriam conhecer o jovem ômega que se casara com o orgulhoso conde de Baekje, repelido pelo antigo noivo ao voltar do front deformado por um feriment...