Capítulo 2

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O ômega olhou para as duas primas menores. Estavam distraídas, conversando e rindo, não se importando com o que ele fazia. Com cuidado, Seokjin esticou as folhas que apanhara do chão e juntou-as. A imagem do conde voltou-lhe ao pensamento, e o seu lobo mais uma vez insistiu que ele lesse o conteúdo da carta. Incapaz de resistir ao desejo de saber se ele estava bem mesmo, ele ignorou que era errado ler a correspondência dos outros.

"Meu querido! Quanta saudade! Sei que não vai dar para terminar esta carta antes de ir para a frente de batalha, mas precisava falar com você antes de ir. Esquisito dizer isso, falar com você, quando estamos tão longe um do outro. Mas é assim que sinto. Vivo imaginando nós dois casados, em nossa casa, sozinhos.."

O ômega sentiu-se mal pelo alfa. Se o homem que amasse tivesse escrito uma carta assim para ele, iria guardá-la como um tesouro. No entanto, Jae-hyun não dera a mínima importância para as palavras ardentes de amor. Abandonara a carta como se fosse nada e agora um estranho a estava lendo. 

Sentiu-se incomodado. Não podia continuar lendo indiscretamente a confissão de sentimentos daquele alfa. Queria, isso sim, saber se ele estava bem. Então, foi adiante, procurando, ávido, até que numa das páginas seguintes notou a letra trêmula. A mudança dizia mais que as palavras:

"Fui ferido na semana retrasada, querido, por isso tardei em continuar esta carta e peço que desculpe a letra e a falta de notícias durante esse tempo todo. Não se preocupe, não é nada sério. O médico do duque tratou de mim e graças a ele logo estarei bom..."

O repentino silêncio que pairava na sala avisou Seokjin que as meninas o observavam. Dobrando rapidamente as folhas de papel, deu com dois pares de olhos fixos nele.

— O que é isso aí, Jin? — perguntou Hye-sung, desafiante, atravessando e parando diante dele, com os olhos na carta.

"Não é da sua conta, jovem senhorita", o lobo do ômega disse, também desafiante, em sua mente. Seokjin sabia que, do modo que agira, não tinha direito de repreender a garota por maus modos, mas tentou se impor. Enfrentando o olhar da adolescente, disse:

— Hye-sung, não se deve falar desse modo com ninguém, principalmente se for alguém mais velho. Faça o favor de pedir desculpa — ordenou, o mais severamente que pôde.

Ignorando a ordem do primo, a menina arrancou-lhe a carta das mãos e correu, enquanto gritava:

— Você leu a carta do Jae-hyun! Você leu a carta do Jae-hyun!

Não querendo ficar de lado, Soo-hyun juntou-se à gritaria. Era demais esperar que ninguém ouvisse. Em poucos minutos, lady Kim entrava na sala, fazendo imperar imediato silêncio.

— Dê-me isso agora mesmo — ordenou a senhora, parada no meio da sala, os olhos de águia fixos nas duas filhas, que se refugiaram atrás do sofá.

Hye-sung apoiava-se num pé, ora no outro, pouquíssimo à vontade. Seokjin observava a cena, sabendo que fora apanhado. Não era a primeira vez que a garota provocava uma situação que o colocava mal perante a tia. E Soo-hyun, em seus treze anos, sempre seguia a irmã, apesar de morrer de medo da severidade da mãe. 

Abaixou a cabeça, sentindo-se incapaz de suportar a acusação que, sabia com certeza, Hye-sung teria a maior satisfação em fazer.

A garota caminhou até perto da majestosa mãe e entregou-lhe os papéis com fingido tremor nas mãos.

Lady Kim olhou a filha, desconfiada. Percebera a aflição do sobrinho.

— De onde pegou isto, Hye-sung?

Seokjin ergueu a cabeça. Fizera uma coisa errada e, agora, teria de enfrentar as consequências. Observou a prima e notou que ela continuava a representar, provavelmente se divertindo com a situação.

O ômega do Conde | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora