O ômega olhou para as duas primas menores. Estavam distraídas, conversando e rindo, não se importando com o que ele fazia. Com cuidado, Seokjin esticou as folhas que apanhara do chão e juntou-as. A imagem do conde voltou-lhe ao pensamento, e o seu lobo mais uma vez insistiu que ele lesse o conteúdo da carta. Incapaz de resistir ao desejo de saber se ele estava bem mesmo, ele ignorou que era errado ler a correspondência dos outros.
"Meu querido! Quanta saudade! Sei que não vai dar para terminar esta carta antes de ir para a frente de batalha, mas precisava falar com você antes de ir. Esquisito dizer isso, falar com você, quando estamos tão longe um do outro. Mas é assim que sinto. Vivo imaginando nós dois casados, em nossa casa, sozinhos.."
O ômega sentiu-se mal pelo alfa. Se o homem que amasse tivesse escrito uma carta assim para ele, iria guardá-la como um tesouro. No entanto, Jae-hyun não dera a mínima importância para as palavras ardentes de amor. Abandonara a carta como se fosse nada e agora um estranho a estava lendo.
Sentiu-se incomodado. Não podia continuar lendo indiscretamente a confissão de sentimentos daquele alfa. Queria, isso sim, saber se ele estava bem. Então, foi adiante, procurando, ávido, até que numa das páginas seguintes notou a letra trêmula. A mudança dizia mais que as palavras:
"Fui ferido na semana retrasada, querido, por isso tardei em continuar esta carta e peço que desculpe a letra e a falta de notícias durante esse tempo todo. Não se preocupe, não é nada sério. O médico do duque tratou de mim e graças a ele logo estarei bom..."
O repentino silêncio que pairava na sala avisou Seokjin que as meninas o observavam. Dobrando rapidamente as folhas de papel, deu com dois pares de olhos fixos nele.
— O que é isso aí, Jin? — perguntou Hye-sung, desafiante, atravessando e parando diante dele, com os olhos na carta.
"Não é da sua conta, jovem senhorita", o lobo do ômega disse, também desafiante, em sua mente. Seokjin sabia que, do modo que agira, não tinha direito de repreender a garota por maus modos, mas tentou se impor. Enfrentando o olhar da adolescente, disse:
— Hye-sung, não se deve falar desse modo com ninguém, principalmente se for alguém mais velho. Faça o favor de pedir desculpa — ordenou, o mais severamente que pôde.
Ignorando a ordem do primo, a menina arrancou-lhe a carta das mãos e correu, enquanto gritava:
— Você leu a carta do Jae-hyun! Você leu a carta do Jae-hyun!
Não querendo ficar de lado, Soo-hyun juntou-se à gritaria. Era demais esperar que ninguém ouvisse. Em poucos minutos, lady Kim entrava na sala, fazendo imperar imediato silêncio.
— Dê-me isso agora mesmo — ordenou a senhora, parada no meio da sala, os olhos de águia fixos nas duas filhas, que se refugiaram atrás do sofá.
Hye-sung apoiava-se num pé, ora no outro, pouquíssimo à vontade. Seokjin observava a cena, sabendo que fora apanhado. Não era a primeira vez que a garota provocava uma situação que o colocava mal perante a tia. E Soo-hyun, em seus treze anos, sempre seguia a irmã, apesar de morrer de medo da severidade da mãe.
Abaixou a cabeça, sentindo-se incapaz de suportar a acusação que, sabia com certeza, Hye-sung teria a maior satisfação em fazer.
A garota caminhou até perto da majestosa mãe e entregou-lhe os papéis com fingido tremor nas mãos.
Lady Kim olhou a filha, desconfiada. Percebera a aflição do sobrinho.
— De onde pegou isto, Hye-sung?
Seokjin ergueu a cabeça. Fizera uma coisa errada e, agora, teria de enfrentar as consequências. Observou a prima e notou que ela continuava a representar, provavelmente se divertindo com a situação.
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O ômega do Conde | Namjin
RomancePor um instante, Seokjin sentiu medo. Sabia que no luxuoso salão toda a nobreza aguardava, ansiosa. Queriam conhecer o jovem ômega que se casara com o orgulhoso conde de Baekje, repelido pelo antigo noivo ao voltar do front deformado por um feriment...