Capítulo 11

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Namjoon deixou-se cair na cadeira, ao lado da cama estreita. Sentia-se exausto. O ruído da maçaneta da porta que dava para fora o fez erguer a cabeça, preocupado. Não queria que os criados tomassem conhecimento do motivo de ele estar deitado no quarto de vestir. 

Acalmou-se: era apenas o Jung Hoseok.

— É muito tarde? — indagou, olhando para a janela. O céu estava levemente mais claro.

Dispensara Hoseok de seus passeios noturnos, coisa que muito contrariava o criado. O alfa parou, surpreso, ao ver o amo no quarto de vestir.

— É, milorde. Podia ter me chamado, não precisava ficar me esperando aqui... — e começou a ajudá-lo a tirar o casaco, com cuidado.

O conde concentrou-se no que fazia, amaldiçoando sua dependência dos outros. Engraçado, não sentira dor alguma no ombro quando aparara a queda de Seokjin.

Suspirou, livre do casaco, e observou Hoseok com olhar avaliador. Ele lhe era dedicado, tanto que se recusara a ficar na capital quando o conde fora para a guerra. Podia confiar sua vida a ele se precisasse. 

Jung Hoseok era um homem muito discreto, poderia contar-lhe sobre a inusitada situação em que se encontrava sem sentir medo que ele espalhasse a história por aí. Sabia que o criado iria reprovar o fato de ele ter levado um ômega para casa. Era um alfa exigente quanto ao certo e o errado. Contudo, apesar disso, sabia que ele iria ajudá-lo sem pensar duas vezes.

— Vou dormir aqui. Há um ômega em meu quarto. Ofereci minha cama a ele. Não quero que mais ninguém saiba que ele está aqui. Confio em você para conseguir isso.

— Não está falando sério, milorde! — disse Hoseok, que ouvira admirado.

— Estou sim — respondeu ele, com um sorriso triste.

Vestiu a camisa de dormir e sentou-se na cama. Sacudiu a cabeça, tentando livrar as ideias do nevoeiro provocado pelo excesso de bebida.

— Acho que o brandy que tomei foi um erro... — murmurou e apontou para uma cadeira. — Sente-se, homem. Senão, vai me dar cãibra no pescoço para olhá-lo. E já chega a dor de cabeça que aí vem.

— Desculpe, senhor, mas não estou entendendo... — disse Hoseok, sentando-se.

— Claro que não. Ainda não expliquei. O ômega que está no meu quarto vai ser meu marido.

— Marido? — O criado sentia-se perplexo. — Como assim? Quem é ele?

— Kim Seokjin — respondeu. O conde fez uma careta diante do ar de espanto do criado. — Ele é o primo pobre do Jae-hyun. Para resumir: ele fugiu de casa. Lady Kim ia obrigá-lo a se casar com Song Kang-ho. Ele foi negociado...

— E por que esse rapaz veio para cá?

— Ele não veio... quero dizer, não planejou vir para cá — um sorriso pálido passou pelos lábios do conde. — Ele caiu nos meus braços ao descer por uma corda que pendia de uma janela... Não fique escandalizado, Hoseok. Será que esperava que ele viesse bater a minha porta, de mala na mão?

— Não, senhor. 

— Bem, o problema é que o jovem não tem roupas. Quero que providencie alguma coisa para ele vestir. Vamos para a casa de campo no meu condado.

— Eu? Mas não entendo nada de roupas para ômegas!

— Você sim. É um homem esperto, claro que vai saber se arranjar. — Namjoon deitou-se e se recostou nos travesseiros, sem imaginar o que ia pela cabeça de seu criado. — Você comprava minhas roupas quando eu era adolescente, lembra? Arranje uma camisa, calças, capa e chapéu para ele no mesmo local. Não precisa necessariamente ser roupa de ômega. Pensando bem, é até melhor que não seja, não queremos que o reconheçam. Arranje roupas de beta para ele. Ah, sim, e prepare uma bandeja com jantar para às cinco horas. E que venha com bastante comida, pois o rapaz está magrinho. Eu cuido do resto. Será que esqueci alguma coisa?

O ômega do Conde | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora