Reino do Japão
Século XVIII
Namjoon entrou na sua tenda, o ombro ferido latejando a cada passo. Quatro semanas se haviam passado. Nas duas primeiras tinha permanecido inconsciente, delirando de febre. Só se acalmava quando a imagem de Jae-hyun povoava os delírios. E todo esse tempo, Hoseok, seu criado, não o abandonara um instante, cuidando dele com infinita dedicação.
Ah, Kim Jae-hyun! O ômega mais belo do seu reino. Tão lindo, educado e delicado, e era dele. Somente dele! Ou, pelo menos, logo seria, assim que aquela maldita guerra terminasse, e ele pudesse voltar para casa e desposá-lo finalmente. Cortejado por todos os alfas da aristocracia coreana, Jae-hyun o escolhera!
O orgulho que o alfa sentira no baile de noivado voltava a encher-lhe o peito, enquanto a imagem de Jae-hyun voltava a encantá-lo. Podia sentir o cheiro do ômega lúpus, limão com laranja, como se ele estivesse ali. O seu toque, tão delicado e suave, em seu braço, enquanto recebiam os cumprimentos dos convidados no baile de noivado. Havia encontrado um anjo que se comparava a seu pai ômega, por quem tivera verdadeira adoração.
Formavam um casal perfeito! Jae-hyun era tudo que ele sonhara e mais ainda. A fragilidade do lindo ômega lúpus despertava um profundo desejo de proteção em Namjoon. Vinha de uma família nobre, assim como ele, e havia sido bem instruído para ser um ômega da alta sociedade. Jae-hyun era tudo o que ele precisava para ser feliz.
Namjoon amava o sorriso do garoto, e, por isso, sempre fazia de tudo para agradá-lo. A alegria que ele demonstrava ao receber seus presentes o deixava encantado. Exibia-os para os amigos, o que o fizera ouvir mais de um comentário malicioso sobre sua generosidade. É claro que o preço da pequena carruagem azul-celeste, puxada por uma elegante égua branca, era considerável até mesmo para ele. E, como se tratava de um presente fora do comum, havia sugerido ao ômega que esperassem até depois do casamento para comprá-la. No entanto, não conseguira resistir ao pedido dos lábios rosados e à expressão suplicante dos profundos olhos do seu pequeno. O alfa fazia de tudo para ver o seu ômega feliz.
"Em breve estaremos em nosso lar, junto daqueles que amamos.", seu lobo o consolou.
Sentia saudades de Jae-hyun e desejava estar ao lado dele. Mas, primeiro, precisava cumprir seu dever...
O som de passos fora da tenda interrompeu os seus pensamentos. Voltou-se para a entrada.
— Bom dia, milorde. Queria falar comigo? — O médico particular do duque de Kaya, que vinha cuidando do conde, observou-o com ar crítico.
— Sim... Há quatro semanas que estou inativo e queria saber quando vai me deixar voltar às trincheiras.
— Posso me sentar, primeiro? — perguntou o alfa, com o ar evasivo de quem quer ganhar tempo. O conde assentiu e ele continuou: — O que deseja saber, exatamente?
— Porra! — explodiu Namjoon, diante da indagação que lhe pareceu indiferente. — Acabei de dizer! Quando posso voltar ao meu posto?
— Não vai voltar — respondeu o médico, tranquilo.
— Por quê? O que você e Hoseok estão escondendo de mim? — Olhou fixamente para o médico e acabou por compreender o que significava o silêncio prolongado. — Então, é por isso que está demorando tanto para sarar... Não vai sarar, não é?
— Receio que não — o doutor abanou a cabeça, com gestos lentos. — A ferida vai cicatrizar, mas seu braço não voltará ao normal. O ferimento no ombro foi muito fundo, e isso irá dificultar seus movimentos. Teve sorte em não perder o braço por completo.
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O ômega do Conde | Namjin
RomansaPor um instante, Seokjin sentiu medo. Sabia que no luxuoso salão toda a nobreza aguardava, ansiosa. Queriam conhecer o jovem ômega que se casara com o orgulhoso conde de Baekje, repelido pelo antigo noivo ao voltar do front deformado por um feriment...