XXV

51 6 20
                                    


                              Megan

Eu sabia que o momento de encarar o Peter chegaria, e sabia que seria difícil, mas estou me sentindo devastada.

Ao falar pra ele, mais uma vez, que não voltaríamos, ele insistia que eu devia a ele pelo menos uma razão sustentável para isso, então lhe contei sobre minha gravidez.

No início ele ficou surpreso, depois confuso, até que lhe contei que ele não era o pai, então a mágoa lhe tocou profundamente e a raiva o tomou. Eu não o culpo por isso, claro, sentimentos são volúveis, e muitas vezes nos desestabiliza.

Peter é um bom homem, um dos melhores que já conheci, e sei que sou a pior cretina do mundo por magoa-lo assim, mas tem coisas que estão fora do nosso controle.

Eu não queria sentir o que eu sinto pelo Antony, o Peter merecia esse sentimento, mas eu não posso escolher a quem pertencer cada tipo de sentimento. E isso é uma droga.

Queria que meu amor pertencesse a ele, que esse bebê fosse o fruto dessa relação calma e frutífera, que estivéssemos formando uma família, que pudéssemos estar fazendo planos para o futuro, pensando em possíveis nomes pro bebê, e discordando se seria menino ou menina. Mas eu não podia fingir ter por ele um sentimento que não tenho, seria pior do que faze-lo enfrentar essa dolorosa verdade.

Deitada no sofá da sala, encarando firmemente o teto, eu escuto vozes do lado de fora de casa, e uma delas parece extremamente alterada.

Ao identificar a voz, me sinto agitada.

- Antony!?

                           Peter

Eu estou sem chão! Ao mesmo tempo que me sinto perdido, confuso, também estou com raiva.

Como a Megan teve coragem de fazer isso comigo? Depois de todo o tempo que eu esperei pacientemente para que ela pudesse mudar de ideia, e me dar a chance de nos casarmos, e ter nossa família, com nossos planos, e um longo futuro pela frente, ela termina comigo, se nega a me dar outra chance, e ainda me diz que está grávida de outro.

- Não, eu não estou com raiva. Eu estou puto! Porque? Porque ela fez isso? Sou assim tão repulsivo, pra ela me dar um fora, e logo em seguida engravidar de outro? - minha voz é apenas um lamento.

- Eu tenho certeza que não é isso que ela pensa de você, Peter.

- Então ela é uma pessoa absurdamente frívola pra fazer isso comigo.

- Olha, Peter, minha mãe pode ter te magoado de forma intensa, mas nós dois sabemos que os adjetivos que você está procurando para defini-la, não vem da sua razão, só da sua raiva.

- Eu sei, Crystal, eu sei que não é nada legal pra você sentar aqui e ouvir uma pessoa falar assim da sua mãe. Desculpe, mas eu não consigo evitar. - apoio os cotovelos sobre as pernas, e enfio o rosto entre as mãos. - Porque você não me contou sobre isso antes?

- Olha Peter, eu sabia que vocês haviam terminado, e depois que minha mãe descobriu a gravidez, achei que ela estava esperando o momento certo para te contar. - ela suspira - Mas seu não sabia que o bebê não era seu.

- Então sei que não adianta te perguntar quem é o pai.

- Não. Até eu fiquei curiosa agora, já que eu não sabia que ela estava saindo com outra pessoa.

Eu levanto do banco, coloco as mãos no bolso, e encaro as nuvens no céu.

- O que eu faço agora, Crystal?

- Sinceramente, Peter, eu não sei.

Permanecemos algum tempo em silêncio. Crystal ainda sentada naquele banco, e eu andando de um lado para o outro, chutando alguma pedrinha no chão.

Match! Amor e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora