XLII

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Crystal

As últimas semanas, eu evitei a todo custo falar com o Peter, mas acho que a Izzy está certa, eu preciso ter uma conversa séria com ele, e expor de uma vez o que sinto por ele. Não adianta nada me afastar assim, e nem sequer deixar tudo às claras com ele.
Então logo pela manhã, respondi a sua mensagem diária de bom dia, e disse que precisava conversar com ele, e claro, disse que era importante. Pois por mais que para ele isso não seja, pra mim é.

Depois que saí da faculdade, fui até o parque que costumávamos frequentar, em muitas das tardes em que já passamos juntos.
Menos de dois minutos depois de chegar, ele já estava se aproximando. Ao vê-lo, eu levantei instintivamente, como sempre acontecia quando nos encontrávamos. Ao me ver, ele abre um sorriso estonteante, o mesmo sorriso pelo qual eu costumava me derreter toda. Mas dessa vez, procuro me manter com os pés no chão, e não divagar sobre o quão lindo ele fica quando sorri assim.

Quando está perto o suficiente ele abre os braços e me abraça.

- Crystal!? Eu senti tanto a sua falta!

É inevitável não me sentir confortável em seus braços, mas isso não significa o mesmo pra ele. E esse pensamento me coloca no meu devido lugar. Sou apenas uma amiga.

- Você está bem?

- Estou melhor agora que posso ver você de novo. - diz ainda com um largo sorriso no rosto.

- Não seja tão enfático, Peter.

- Não estou. Ver você realmente me deixa mais feliz. - prossegue.

- Podemos conversar? - tento ser breve.

- Claro. Estamos aqui pra isso. E deve ser algo bem importante, já que você escolheu o lado menos movimentado do parque. - ele observa em volta.

- Quanto menos gente para observar, melhor. - me sento no banco.

- Se é tão importante assim, poderíamos ter ido para minha casa. - ele senta ao meu lado.

- Não. Aqui está ótimo.

Ele então se vira pra mim, e me olha nos olhos.

- Tudo bem. Sobre o que você quer falar?

Por mais que seja um assunto delicado pra mim, e que não fosse algo impossível de se presumir, ele se mostrou bem surpreso ao saber dos meus sentimentos por nele.

- Crystal...eu não imaginei que...

- É, eu sei que não. - encaro minhas mãos inquietas sobre o colo.

- Eu não...eu não sei o que dizer.

- Não diga nada. Será bem menos doloroso assim.

- O que faremos agora? - questiona confuso.

- Você eu não sei, Peter. Mas eu...não posso continuar a te ver e fingir que não sinto nada. - eu levanto. - Por isso, acho melhor não nos vermos mais.

- Não, Crystal... - ele pega na minha mão. - Não faz isso. Eu preciso de você.

Eu encaro sua mão na minha, e quando ele segue meus olhar, ele a solta.

- Não Peter, você precisa de uma amiga, e eu não posso mais representar esse papel.

Ele também se levanta, e se prosta a minha frente.

- Por favor, Crystal. Não desapareça da minha vida.

- Eu não posso ficar, Peter. Não posso.

E com um aperto no peito, eu encaro seus olhos pela última vez. Levo minha mão até seu rosto, e deixo um carinho ali.

Match! Amor e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora