MeganNos últimos três dias, eu não consegui uma boa desculpa para falar com o Antony, então o jeito vai ser ir direto até ele, e contar sobre o "nosso novo" segredo. Se já era ruim o suficiente falar sobre aquele fim de semana, imagina ter que falar sobre as consequências dele. Mas não vai ter outro jeito, terei que ser direta nesse ponto.
Ao chegar ao apartamento dele, sou recebida pela Dadá. E é bom ver que ela ainda permanece aqui.
- Oi Dadá!
- Oi, Megan! - ela sorri alegremente ao me ver, e então me abraça.
Após anos sem nos ver, é bom constatar que o carinho entre nós ainda está vivo. A única forma de eu não enlouquecer realmente, quando a Crystal vinha passar os fins de semana, era saber que a Dadá estaria aqui, e que minha menina seria mesmo bem cuidada.
Quando Antony e eu nos casamos, e as coisas começaram a melhorar para nós, decidimos contratar a Dadá, e dar uma folguinha para a Carmelia, que era quem cuidava da Crystal enquanto trabalhávamos, só não tínhamos idéia, que ela se apagaria tanto a nossa pequena, ao ponto de dedicar até os seus dias de folga, em prol do cuidado de nossa bebê.
Quando nos separamos anos depois, Dadá já havia se casado, e seria um transtorno ela atravessar a cidade para trabalhar na minha casa, então Antony a manteve aqui mesmo, já que a Crystal estaria sempre por aqui de qualquer forma.
- Como você está, Megan?
- Eu estou bem, Dadá! Como tem sido seus anos por aqui? - ela fecha a porta logo depois de sinalizar para que eu entre.
- Achei que seria mais turbulento, mas na verdade tem sido bem tranquilo.
- Isso é ótimo!
- É sim. O Antony não é um solteirão de fazer farras em casa. - ela sorri atenciosa.
Já eu lhe devolvo um sorriso amarelo, esse não é o tipo de coisa que me agrada muito ouvir, pois o motivo dele ter se tornado o "solteirão" tinha me deixado muitas feridas que demoraram anos para serem fechadas. Mas olha só que hipocrisia, depois de toda a merda que eu passei com ele, agora me encontro grávida de mais um filho dele. Eu deveria mesmo ser internada por cometer tamanha loucura.
- Veio falar com a Crystal? - ela questiona curiosa.
- Não. Ela havia me dito que tinha um compromisso hoje, então eu vim…
- Mãe!? - Crystal chega na sala, me pegando totalmente de surpresa.
- Crystal? - engulo seco.
Eu realmente não sei o que fazer agora. Só me arrisquei a vir até aqui, porque tinha plena certeza de que a Crystal não estaria em casa, e então eu poderia conversar tranquilamente com o Antony. Não que eu vá esconder essa gravidez de todo mundo por muito mais tempo, mas acho que seria melhor ter essa primeiro com o Antony, e de preferência, mais a vontade.
- Aconteceu alguma coisa, mãe?
- Não! Eu só...
Bem, não tenho uma boa desculpa para justificar estar aqui. Acho que isso é coisa do destino, me mostrando que nem tudo será do jeito que eu pretendo fazer. Então vamos começar pelo lado mais "fácil".
- Mãe...?
- Será que a gente pode conversar, querida?
- Claro mãe! Mas estou ficando preocupada, já que você veio até aqui pra isso.- Não se preocupe, não é nada grave. É apenas importante.
- Tudo bem, mãe. Vamos pro meu quarto.
Eu a sigo corredor a dentro, sentindo as minhas pernas um pouco bambas pela apreensão de falar desse assunto com ela. Apesar de ser minha filha, será que eu serei julgada por isso? Será que ela me condenará, e jogará todos esses anos de repúdia pelo seu pai na minha cara? Eu não tenho ideia, mas espero que ela possa ao menos me ouvir, me deixar explicar tudo. Ela é importante demais pra mim para que eu fique sem ela ao meu lado nesse momento.
Ao chegarmos no quarto, ela fecha a porta enquanto eu observo toda a mudança que ocorreu por aqui desde a última vez que estive nesse apartamento.
As paredes que costumavam ser cor de rosa, com vários desenhos de fadas, e luminária de estrelas no teto, foram substituídos por uma cor amarela, e com vários posters de seus artistas favoritos espalhados por todos os lados. É...minha menininha cresceu muito.
- Senta mãe. - ela interrompe minhas observações.
Ela sentou na cama, e eu puxei a cadeira da mesinha do computador para mais perto, e sentei de frente a ela.
- O que era assim tão importante, pra você encara entrar nessa apartamento de novo?
- Bem...
Mas antes que eu comece a falar, ouço a Dadá pedir permissão para entrar do outro lado da porta. Crystal permite sua entrada.
- Desculpa interromper, mas trouxe algo pra vocês beberem enquanto conversam. - ela segue pelo quarto deixando uma bandeja sobre a mesa do computador.
- Muito obrigada, Dadá! Você é sempre muito atenciosa. - digo carinhosamente.
- Obrigada, Dadá. - Crystal agradece igualmente.
Logo ela se retira, nós deixando novamente a sós.
- Então vamos lá. - retomo o assunto.
Eu sei que o assunto pode ser um choque pra ela, então é melhor começar pelo mais óbvio.
Antony
Depois das noites com a Megan no aniversário da Crystal, eu tenho me sentindo bem confuso quando se trata dela. E mais confuso fico, por ela não evitar mais contatos comigo, mas ainda permanecer um tanto arisca.
Só posso chegar a conclusão que aquele fim de semana também mexeu com ela de certa forma, mas ela não quer deixar isso tão evidente pra mim.
Porém, mal sabe ela, que eu estou tão envolvido com ela de alguma forma, que nem sei o que isso quer dizer. Me sinto perdido.
Pensar nela, começou a fazer parte do meu cotidiano, e a falta que eu sinto daqueles nossos momentos, chega a me doer de uma forma estranha.
Quando comentei sobre isso com o Michael, ele disse que não acreditava que alguém havia conseguido me deixar apaixonado.
Mas será que isso é mesmo um fato?
Eu ainda não tinha experimentado a sensação de estar apaixonado. Nem mesmo com a Megan, já que as coisas entre nós aconteceram de forma tão suave, e nada nunca foi arrebatador.Tudo fruto de uma amizade verdadeira, e muita convivência. Mas pra ela isso gerou um sentimento bem diferente, o que a deixou bem magoada no final das contas.
Mas agora tudo parece ser mais fácil de se resolver. Mas claro, se eu não estiver enganado. Tenho que ser certeiro, levar adiante, e com bastante firmeza, esse assunto sobre aquele fim de semana. Se tudo for como eu penso, ela evita falar disso por não querer dar o braço a torcer.
Chego em casa com a ideia fixa em ter essa conversa o mais breve possível com a Megan, e se depender de mim, será hoje mesmo.
A casa parece silenciosa, o que não é incomum, já que ultimamente a Crystal mal tem ficado em casa, e Dadá está longe de ser uma pessoa barulhenta.
Passo pela sala, em direção ao corredor dos quartos, penso em tomar uma banho, trocar de roupa, e ir até a casa da Megan. Ela tem me perseguido tanto em meus pensamentos, que tenho até a impressão de ouvir a voz dela. Mas quanto mais eu adentro o corredor, mais nítida fica a sua voz.
Me aproximo da porta do quarto da Crystal, e sua voz realmente está ali.
" - ...A presença do seu pai se tornou repugnante pra mim. Eu não suportava sequer estar no mesmo ambiente que ele, quem dirá me envolver amorosamente com ele outra vez..."
A única coisa que eu conseguia sentir nesse momento, era um profundo sentimento de decepção. Estava chateado, magoado, e acima de tudo, errado com relação a Megan.
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Match! Amor e Redenção
RomansO amor, por muitas vezes, pode se assemelhar a uma árvore seca, que por muitos anos não dá flores ou frutos. Mas de uma primavera à outra, tudo pode mudar. Megan se sentia como essa árvore, e não pensava mais em amor de uma forma ardente, ou avass...