LXII

23 1 6
                                    

Anthony


A princípio, Megan ficou relutante em sair da casa dos tios dela e ir morar comigo, mas depois que a levei para conhecer meu novo lar e lhe assegurei que já tinha um meio de nos manter provisoriamente, ela cedeu a minha insistência.

Enquanto estava na casa do Michael, consegui um emprego como repositor em um supermercado. O salário não era grande coisa, mas dava para começar de alguma forma. Eu troquei o horário do meu curso para à noite, pois precisaria do período diurno livre para o cargo. Megan seguiria apenas estudando para finalizar o ensino médio e depois entraria na faculdade como se nada houvesse mudado. Eu estava conseguindo colocar as coisas em ordem novamente.

Na noite anterior à sua mudança, estávamos no sofá da sala da nossa futura casa, e apesar de estarmos conseguindo encaixar tudo da melhor maneira possível, eu não sabia qual seria nossa relação dali pra frente.

Na verdade, nunca havíamos estabelecido nossa relação. Éramos amigos e nos envolvemos além da amizade. Mas não éramos namorados, e mesmo com a situação em que nos vimos, não conversamos sobre relacionamento. E, principalmente, depois de toda a tempestade, não tivemos mais nenhum momento de carinho, cumplicidade ou desejo exorbitante. Era como se fossemos dois estranhos dividindo uma responsabilidade. A Megan mal me olhava nos olhos, parecia se esconder de mim.

— ...Seria bom planejarmos um dia para a lavanderia. Não quero ficar abusando da boa vontade da sua mãe.

— Megan...? — ela parou de escrever algo no caderninho e olhou pra mim. — Já temos tudo encaminhado para fazer as coisas do melhor jeito possível. No entanto...— me virei pra ela. — Como nós ficamos?

— Ah... nós...— ela pareceu sem jeito e tentou se afastar, levantando do sofá. Eu peguei na mão dela, fazendo-a entender que eu não queria que ela se afastasse, que aquela conversa também era importante. — Bem...o que, exatamente, significa essa pergunta? — forçou um sorriso.

— Megan, o que eu quero saber é, o que seremos a partir de agora? Eu sei que sou o pai do seu filho e que tínhamos uma amizade afetuosa e tal. Mas desde que transamos pela primeira vez, não era só a amizade que nos mantinha juntos.

— Anthony, eu não quero que se sinta obrigado a ficar comigo só porque estou esperando um filho seu. — seu olhar confuso mudou completamente para algo...triste.

— Certamente eu não ficaria com você só por isso. — ela pareceu surpresa. — Quero que entenda uma coisa, Megan. — me aproximei ainda mais, com o corpo a poucos centímetros do dela, que parecia tenso. — Os dias em que você esteve longe de mim, eu não sabia o que fazer, não sabia para onde ir ou por onde começar. Sei que a nossa situação era delicada, e que fazia todo sentido que tudo o que eu pensasse durante o dia fosse você, mas não era só por causa do bebê. — seu espantando foi maculado com um vislumbre de sorriso que ela se esforçou para esconder. — Eu pensava em você porque sentia falta de falar com você, sentia falta de ouvir sua voz, ouvir sua risada, de ter você esparramada na minha cama ou me aborrecendo para que deixasse o jogo de lado e fossemos tomar sorvete. Senti falta do seu cheiro, do seu toque, de sentir a maciez dos seus cabelos nas minhas mãos. De quando você falava de boca cheia e até do seu vício em refrigerante.

— Anthony...?! — ela soltou minhas mãos e secou as lágrimas no rosto, mas ainda me ouvia atentamente.

— Eu senti falta de tocar em você. — passei a mão por seu rosto, correndo suavemente por sua bochecha molhada. — Eu senti falta de beijar você. Até das suas mordidas aleatória eu senti falta, e olha que elas doem pra cacete. — ela não conteve o riso descontraído. — E não posso deixar de dizer que senti falta de fazer amor com você. — ela engoliu seco. — Ninguém nunca cavalgou em mim como você cavalga.

Match! Amor e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora