XXVII

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                            Antony

Eu sei que o que eu devia fazer ao constatar que não era a Crystal ali, e sim a Megan, era ir embora. Correr. Fugir.

Mas eu não consegui fazer isso, eu simplesmente paralisei, e o único movimento do meu corpo era feito pelo meu peito inspirando e expirando freneticamente.

Eu só precisava  não vê-la.

Principalmente agora, que ela já não me me atormentava nos sonhos, ou até mesmo quando eu estava acordado. Ver ela de novo, poderia desencadear em um monte de sentimento que eu já estava deixando bem enterrados.

Ouço mais uma vez o barulho daquele pequeno ser chupando os dedos, e volto meu olhar para ele. Ele parece tão pequeno, tão indefeso...e faminto. Eu me aproximo um pouco mais dele, e não consigo evitar sorrir feito bobo pra ele.

Agora, mais próximo, consigo ver que suas roupas são azuis, o que me faz deduzir que é um menino. Levo uma das mãos até a mãozinha livre dele, e ele agarra um dos meus dedos. Ele é forte, e sua mão é quentinha e rosada. Eu volto a sorrir.

- Você parece um homenzinho guloso, hein. - cochicho - sua mãe vai ter muito trabalho com você.

Fico ali parado, observando os movimentos dele por alguns instantes, e confesso que senti muita inveja da sorte que o Peter teve.

- Antony...- viro bruscamente meu olhar, e vejo a Megan me observando. - O que está fazendo?


                             Megan

Ao mesmo tempo que a cena que eu presencio é fofa, também me assusta. A interação do Antony com o Henry, chega a derreter o meu coração, e isso seria algo fácil de lidar todos os dias, com muito entusiasmo. Mas agora, a essa altura, depois dele simplesmente desaparecer depois que descobriu minha gravidez, e chegar a evitar contato com todo mundo por um tempo, só para se manter o mais longe possível de mim, eu fico com medo.

Eu não tive mais a chance de falar com ele, ele parecia fugir de mim como o diabo foge da cruz, então o Henry está aqui agora, e temo que se ele descobrir sua paternidade, ele queria toma-lo de mim.

E isso, eu jamais permitirei. Nem que seja preciso esconder isso para o resto da vida.

- Antony...- ele me olha.- O que está fazendo?

- Eu...- ele puxa suavemente a mão que estava em contato com o Henry. - Desculpe, eu não pretendia incomodar.

Ele coloca as mãos no bolso, claramente envergonhado de ter sido flagrado naquela situação.

- Bom, eu tinha me arrumado pra ir a festa do David, e ia buscar a Crystal, mas quando liguei, ela disse que estava nesse hospital, e a ligação caiu. - ele desvia o olhar. - Mas o celular dela descarregou, e eu não sabia ao certo o que estava acontecendo, e apenas corri até aqui, achando que havia acontecido algo com ela. Eu não sabia que era você que estava internada, muito menos que seu bebê...- ele olha para o Henry - tinha nascido.

- Entendi. - digo simples.

Por um momento, o silêncio pesa naquele quarto, e nós não voltamos a nos olhar, principalmente pelo fato dele não desviar seu olhar do Henry.

- Acho que a Crystal deve estar na lanchonete do hospital. - tomo sua atenção.

- Certo...- ele parece sem jeito. - Eu vou procurá-la.

- Tudo bem. - sento na cama.

- Você...- ele pigarreia - precisa de ajuda com alguma coisa?

Por alguns instantes eu pondero sua pergunta, mas acho que ainda não há motivo pra ficar na defensiva. Então aceito sua oferta.

Match! Amor e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora