há muito fogo

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continuação de: onde há fumaça...

Uma sala de seis metros quadrados, uma televisão consideravelmente grande, janelas amplas, dois sofás e uma poltrona, o videogame conectado à TV ainda reproduzia a tela com opções para: escolher um novo personagem, pedir revanche ou voltar ao menu principal. Em volta da sala, quadros pendurados nas paredes, e nos cantos algumas plantas para dar um ar mais 'verde' à sala.

E mesmo com tanto ar entrando pelas janelas, com tantas plantas envolta e tanto espaço, faltava ar para Yoon Jeonghan. Seu diafragma ainda se movia para cima e para baixo, sim, por mais que não sentisse mais seus movimentos, ainda sim respirava normalmente. Seu psicológico o enganava quando seu corpo se punha de frente ao homem mais bonito que seus olhos e sua memória fotográfica poderiam testemunhar.

Mingyu o encarava de volta. Sua destra segurando o controle da televisão, e seu outro braço sobre o encosto do sofá, em uma pose que em outras ocasiões deixariam algum estranho desconfortável, pois mesmo que inconsciente e inocentemente, ainda exalava um poço de más intenções – e ótimas para Jeonghan, diga-se de passagem. O mais alto sorriu orgulhoso de si mesmo, sim, sentiu que podia seguir em frente para esquecer o passado, aproveitar o presente e construir um futuro. Por que não? O que mais teria de dar errado na vida de Kim Mingyu para que ele de fato acordasse de seus belos sonhos de príncipe e vivesse a realidade? Em sua percepção, mais nada, mais nenhuma desgraça.

Que se foda! Mingyu pensou, com sua mente viajante e seu olhar profundo sobre o rosto alheio, e aquele par de olhos era indecifrável para Jeonghan. Ele não sabia se Kim pensava em problemas da vida, ou se pensava na partida de videogame, até mesmo em Wonwoo, ou pior: Hong Jisoo. A insegurança de Jeonghan era questionável, questionável a ponto de fazer seus poros arrepiarem e suas mãos suarem. Yoon engoliu em seco, e toda sua vontade de mover algum músculo se fora. Era a hora de ir embora e deixar seu grande amor pensar um pouco sobre tudo aquilo e todo aquele turbilhão de acontecimentos passados.

— Quero que fique aqui. Comigo. - Como se parecesse adivinhar o que se passava na mente de Jeonghan, Mingyu soltou a súplica após longos minutos de silêncio. Deixou o controle da TV sobre o sofá e usou sua mão agora livre para jogar para trás uma mecha de cabelo alheia que parecia atrapalhar a visão do menor.

— E se eu não ficar, o que vai fazer? - A pergunta em um tom pouco rude por conta do ciúme que o engolfava. Não era sua intenção, mas saiu. Em seus lábios finos um sorriso desconcertado tomou forma. Yoon estava frustrado por dentro, mas se demonstrasse seria pior.

— Por que não ficaria, hyung? - Sem perceber o tom de Jeonghan, Mingyu o respondeu com um olhar triste em seu rosto. Ajeitou sua postura sobre o estofado e aproximou seu corpo do corpo alheio, deixou seus rostos a centímetros de distância e lançou seus pares de olhos castanhos sobre as orbes perdidas de Yoon. Ou Mingyu o chantageava, ou não teria companhia para aquela noite.

E Jeonghan não teve escolha a não ser se entregar de corpo e alma àquela perdição de homem. Segurou o queixo de Kim com carinho e fechou a pouca distância que ainda havia entre os dois com um selar delicado no lábio inferior alheio apenas para deixar claro que o amava, porém Mingyu não estava preparado para aquilo, ou melhor, para aquilo, seu olhar de insatisfação por um ato tão simples era visível em seu semblante. Sem esperar alguma resposta alheia, Kim intensificou aquele selar antes mesmo que seus lábios estivessem separados, e com todo seu jeito tímido porém muito bem intencionado, Jeonghan não hesitou e apenas deixou que seu grande amor o levasse para um caminho sem volta onde no final daria tudo certo ou daria tudo errado, e o que sobraria? Apenas dois corações quebrados - talvez quatro, carreiras não tão importantes, travesseiros solitários e algumas doses de vodka todo o final de semana (ou de noite). De qualquer maneira, um dia aquilo valeria a pena para ambos.

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